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Pais em Ação | Crianças são pessoas e merecem respeito

Na coluna de hoje, Daniela Nogueira, do Pais em Ação traz uma reflexão importante: crianças são pessoas. O que isso implica? Quando deixamos de ver nossos pequenos como pessoas? Por que esperamos certos comportamentos deles que não são compatíveis com sua realidade? Esses e outros pontos são abordados por Daniela na coluna. Confira:

Foto: Andrea Piacquadio no Pexels

CRIANÇAS SÃO PESSOAS

Desde o primeiro dia! Elas não precisam crescer primeiro para só depois merecerem nosso respeito, “de gente grande para gente grande” – criança é gente desde sempre.

Elas são literalmente nosso futuro. Se você maltrata hoje, colhe amanhã.

Por favor, abra sua mente para entender que, se ferir uma criança – ignorar, bater, punir – não irá fazer deste mundo um lugar melhor. Pois acredite, muitas crianças passam por isso diariamente há séculos. Ainda assim, temos sempre a impressão de que o mundo anda ficando pior, de que as pessoas se tornaram frias, de coração duro e não sabem amar.

Ainda assim, os humanos nascem, crescem, dão a luz à novos humanos e a birra, a manha, a impulsividade e a imaturidade permanecem. Será que não é tempo de pensar que se as estratégias de “desprezoterapia”, cantinho do pensamento, retirar brinquedos, punir e bater em crianças funcionassem, todas as birras e comportamentos afins já teriam cedido?

Caros pais, a criança faz birra não porque ela não tem limites, não porque você não os educa, mas simplesmente pelo fato de ser criança! De não ter todo o cérebro pronto para usar.

A imaturidade se parece muito com a falta de respeito e as birras na infância. O errado não é a criança fazer birra, o errado é não entender que o ser humano leva TEMPO para aprender a se controlar, se regular e seguir regras sem ter uma explosão de impaciência, frustração e inflexibilidade.

Ah, tão pouco tem a ver de que classe social a criança é, se ela é criada pela avó, mãe solteira ou dois pais: crianças humanas fazem birras. Umas mais, outras menos, depende do temperamento delas.

Criança já nasce gente, mas precisa de anos para se socializar e ser capaz de escutar um não sem berrar. Devemos sim falar ‘não’ para elas! Já conversamos aqui sobre as diferenças da disciplina e do castigo. Só não precisamos criar a falsa expectativa de que elas já são adultas para saberem como lidar. Só não precisa ser grosseiro, frio e massacrar. De novo o problema não é o berro, mas o que você faz com ele: cede ou educa? Cala ou bate? Ignora ou ajuda?

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.
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8 dicas para festas de fim de ano tranquilas com as crianças

O Natal e o Ano Novo estão chegando e, para quem tem filhos, a lista de preocupações nessas datas aumenta. Nós já falamos aqui sobre como fazer um Natal sustentável e entreter os pequenos no processo. No entanto, a rotina é muito importante para os pequenos e é fácil fugir dela nessa época do ano – principalmente se você viaja ou se reúne com a família para comemorar. Por isso, separamos dicas para festas de fim de ano tranquilas com as crianças! Confira:

Foto: Cottonbro no Pexels

Dicas para festas de fim de ano

1. Prepare seu filho para as festas de fim de ano

Mesmo que seu filho ainda seja pequeno e não entenda totalmente o que são as festas de fim de ano, vale a pena conversar com ele. Se seu filho já entende bem, essa conversa se torna essencial!

Explique o que vai acontecer, para onde vocês vão, como é o local, quem ele vai encontrar por lá… É como se você oferecesse um resumo de todas as situações que ele com certeza vai viver e o que pode encontrar por lá. Isso ajuda a criança a lidar com a ansiedade/medo do desconhecido e se sentir mais pronta para aquela experiência.

Essa conversa fornece referências para que a criança lide melhor com as mudanças – casa, ciclo de pessoas, rotina, etc. Lembre-se que mesmo você, adulto, gosta de saber ou pensar no que pode acontecer nas festas para se preparar. Os motivos podem ser diferentes dos dos pequenos, mas em ambos os casos é válido e importante conversar sobre.

2. Prepare-se para os palpites e interferências

Por conta do avanço da vacinação, esse ano muitas famílias vão se encontrar depois de muitos meses longe. Isso significa que, depois de muitos meses, você pode ter que ouvir pessoalmente os palpites e interferências.

Ignore os conselhos não requisitados e que não te acrescentam. No entanto, não deixe que as pessoas passem por cima das suas decisões. Lembre-se de que você é a mãe e suas decisões e escolhas devem ser respeitadas e seguidas.

Um exemplo clássico são os parentes que querem oferecer “só um docinho” ou “um golinho” de refrigerante. Se você não quer que isso aconteça e não confia que isso será seguido em momentos que não estiver presente, você sempre pode ir por outro caminho: diga que foi recomendação do pediatra, por exemplo, e que daqui um tempo ele vai poder comer e beber de tudo.

É importante que os pais estejam alinhados quanto ao que a criança pode ou não pode fazer, comer ou beber. Dessa forma, em um ambiente com tantas pessoas novas, os dois podem estar sempre de olho e avisar os parentes e amigos dos limites.

Foto: Cottonbro no Pexels

3. Não force seu filho a ir no colo de outras pessoas, mesmo familiares

O corpo da criança, desde o momento que ela nasce, é dela. É por isso que, desde o primeiro dia, nós precisamos respeitar os limites da criança e sua individualidade. Por isso, não force seu filho a ir no colo, beijar ou ficar junto com pessoas que ele não quer ou não tem proximidade.

Socialmente, não há o costume de respeitar as crianças – seus desejos, necessidades, corpos e limites são sempre ignorados. Por isso, cabe aos pais protegê-los e garantir o direito de ter limites. Se seu filho não quer abraçar, beijar ou ficar com alguém, respeite isso e garanta que a outra pessoa também o respeitará.

Você sempre pode falar: “Ele ainda não se acostumou com todo mundo. Mais tarde você pode tentar de novo”. Conforte a criança sempre que necessário, já que, em alguns desses momentos, os pequenos podem se sentir assustados, intimidados e acuados.

Para crianças maiores, você pode lembrá-las de que não são obrigadas a abraçar e beijar ninguém que não queiram, mas devem falar “oi” para todos.

4. Proteja seu filho de abusos sexuais

Você sabia que mais de 70% dos abusos sexuais contra crianças e adolescentes acontecem em casa, por familiares ou amigos da família? O número é assustador e o abuso mais recorrente do que imaginamos: uma a cada três pessoas é abusada no Brasil até os 18 anos de idade.

Não podemos ignorar ou fechar os olhos para essa realidade. Cabe a nós protegermos nossos filhos sempre. Por isso é tão importante não forçar as crianças a abraçar e beijar as pessoas – isso pode ser usado pelos abusadores depois. Afinal, a criança vai aprender que não tem controle sobre seu corpo e deve seguir as vontades do adulto.

Veja algumas dicas importantes para usar na vida e também nas festas de fim de ano:

  • Mantenha o diálogo

Converse com seu filho e diga para ele te contar sempre que algum adulto falar ou fizer algo que o incomode ou o deixe desconfortável e triste. Reforce que ele não deve guardar “segredo” de nada que faz com outros adultos. Seu filho precisa confiar em você e saber que tem espaço para uma conversa caso precise te contar algo.

Se seu filho já é maior ou adolescente a importância desse diálogo positivo aumenta. Muitos abusadores mantém suas vítimas em silêncio através do medo e vergonha. Há vítimas que acreditam que os pais podem culpá-las, se envergonhar delas ou, pior, não acreditar em sua palavra. Por isso, faça o possível para mostrar ao seu filho que você o ouve, entende e acolhe, mesmo em situações difíceis e dolorosas como essa.

  • Atenção as sonecas

Não deixe as crianças dormindo sozinhas! Muitas famílias têm o costume de deixar os pequenos dormindo em algum quarto enquanto aproveitam o momento entre os adultos. No entanto, como mostram os dados, não é seguro deixar os pequenos sozinhos, mesmo entre familiares. O excesso de zelo nessa hora pode salvar seu filho de um trauma para o resto da vida.

Você e seu/sua companheiro/a ou outras mães podem revezar na supervisão das crianças dormindo ou você pode colocar uma babá eletrônica com câmera no local e ficar sempre vigiando. Avise a todos – de forma despretensiosa – que há uma câmera no local. Se alguém questionar o motivo da câmera, você pode apenas dizer que se sente mais segura tendo o vídeo.

  • Educação sexual

Educação sexual para crianças é fundamental para evitar abusos e dar ferramentas para essa criança identificar e denunciar caso eles ocorram. Por exemplo, é importante que a criança saiba o nome das suas partes íntimas e que ninguém além dela e você deve tocar ali. Ela também deve saber que não deve tocar nas partes íntimas de outras pessoas – e que, se alguém pedir isso, ela deve sair dali e pedir ajuda.

Importante também falar sobre não mostrar e não ver as partes íntimas de outra pessoa. Alguns abusadores não tocam nos pequenos, mas o abuso acontece da mesma forma.

Para quem quer saber mais sobre o assunto e como proteger de forma eficaz os pequenos, recomendamos o perfil da psicóloga Roseli Mendonça.

Foto: Cottonbro no Pexels

5. Mantenha a rotina alimentar

Os adultos estão sempre falando sobre os exageros e a bagunça alimentar nas festas de fim de ano. É claro que isso também afeta os pequenos! Se vocês vão viajar ou vão ficar na casa de parentes, os pequenos podem demonstrar perda ou ganho de apetite e também mudanças de comportamento durante as refeições.

Isso é esperado, já que há uma mudança de rotina e, no caso de crianças maiores, também há toda uma ânsia pela chegada do Papai Noel, presentes e diversão. Assim, tenha paciência e não se frustre caso o pequeno não coma a mesma quantidade do dia a dia – em breve os dias de excitação passam e vocês voltam a rotina normal.

O mais importante é você não ceder na rotina e nem nos limites. Se seu filho tem quatro refeições no dia, ofereça as quatro da mesma forma que faz em casa, mesmo que os horários não sejam exatamente os mesmos. Se ele não pode comer doces, então não ofereça e peça a todos que não ofereçam também. Recomende a leitura do nosso post sobre os perigos do açúcar nos primeiros dois anos de vida caso alguém te pergunte o motivo pelo qual você não quer dar doces.

Se seu filho possui alergias ou come alguns alimentos específicos que você não sabe se estarão disponíveis na cidade ou casa em que passará as festas de fim de ano, você deve levar o que for necessário da sua própria casa para evitar riscos. E, claro, avise todas as pessoas sobre a alergia do pequeno, reforce os alimentos que ele não pode ingerir e diga que, na dúvida, é melhor te perguntar antes de oferecer.

6. Sono

Assim como a alimentação, o sono exige cuidados. Mantenha o horário das sonecas e o do sono da noite. Para crianças pequenas, principalmente bebês, o ideal é não tentar mantê-las acordadas até mais tarde – ao invés de “aproveitar mais” podem acabar mal humoradas pelo cansaço. É nessas horas que acontece a famosa Hora da Bruxa!

Se seu bebê dorme cedo, garanta as fotos de Natal antes de colocá-lo para dormir. Se você fizer questão de tê-lo acordado até um pouco mais tarde, uma opção é tentar atrasar a soneca da tarde para que ele fique menos cansado no começo da noite. Porém, respeite a criança – se ela demonstrar sinais de cansaço e/ou sono, é hora de a colocar para dormir.

Dica: se você for colocar a criança para dormir perto de você, evite usar o bebê conforto. O ideal é que crianças até 3 meses não fiquem mais de uma hora no bebê conforto e, após essa cidade, o tempo não deve ultrapassar as 3 horas. Por isso, se for para escolher algum item para o bebê dormir, priorize levar um carrinho, onde a criança consiga deitar de forma similar ao berço.

festas de fim de ano

Foto: Victoria Borodinova no Pexels

7. Fogos de artifício

Na época das festas, os fogos de artifício podem ser um show ou um terror para os pequenos. Afinal, o som é muito alto e crianças pequenas podem se assustar facilmente. Por isso, mais uma vez, o ideal é explicar aos pequenos o que vai acontecer – vale até mostrar um vídeo para que eles tenham ideia do som.

Na hora do show, assista os fogos mais de longe por conta do barulho e esteja ali por perto, o confortando. No caso dos bebês que não vão conseguir entender nada, vale tentar abafar o som cobrindo suas orelhinhas e ficar por perto para acalmar caso acordem assustados.

Se sua família tem o costume de queimar fogos, vale lembrar do efeito negativo dos fogos de artifício: o som machuca a orelha de animais, como os cachorros, e pode iniciar crises em pessoas neuroatípicas, como crianças com autismo. Existem fogos sem som e outras formas de comemorar a virada, pense nisso!

8. Conflitos entre crianças

No Natal, os pequenos costumam ganhar presentes e isso pode gerar brigas – um não quer dividir o brinquedo e o outro não quer brincar com nada além daquele brinquedo… Os conflitos entre eles são normais e esperados. Cabe aos adultos saber lidar com isso da melhor forma.

Se quiser algumas dicas de como lidar com esses conflitos, vale a leitura da coluna do Pais em Ação sobre crianças e a dificuldade em compartilhar brinquedos!

Na hora de abrir os presentes na árvore, uma estratégia é os presentes de todas as crianças serem dados ao mesmo tempo e que elas tenham um espaço entre elas. Dessa forma, com supervisão e ajuda de um adulto, cada criança consegue se concentrar no próprio presente e explorá-lo sem ser incomodada nesse primeiro momento.

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Veja também: 19 dicas para uma viagem tranquila com crianças

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Pais em Ação | Rejeição: como apoiar e fortalecer as crianças rejeitadas

Rejeição não é algo fácil de encarar, mesmo na fase adulta. Para os pequenos, o desafio é maior: estão descobrindo esse sentimento, seus impactos e vivendo tudo pela primeira vez. Por isso, cabe aos pais e educadores saber como apoiar os pequenos para que eles se fortaleçam apesar do cenário negativo. Nossa colunista, Daniela Nogueira, reflete sobre o tema na coluna de hoje. Confira:

Foto: Norma Mortenson no Pexels

Rejeição e autoestima

Recentemente uma mãe entrou em contato comigo pedindo ajuda com um assunto que é muito doloroso para qualquer ser humano: a rejeição. Se dói na gente, imaginem ver o filho nesta situação?

É um daqueles momentos onde a mãe educadora deve prevalecer à mãe protetora e com grande sacrifício guardamos para mais tarde os sentimentos de coitadinho (leia-se: isso deve ficar entre nós adultos) e nos embuímos de coragem e poder. Nosso papel como pais não é o de ir até lá e resolver os problemas dos filhos, mas, sim, de preparar as crianças para lidarem com as situações sociais que a vida traz.

Em primeiro lugar, nossa atitude ao ver ou escutar, deve ser a de empoderamento da criança rejeitada. Tomando cautela para não colocá-la no papel de “pobre coitada”: superprotegendo-a e nem a bajular com elogios vazios. Usar o encorajamento ao lidar com as emoções ao invés de tentar alegrar logo a criança mostra que apesar de dolorida, a rejeição e outros problemas, podem ser manejados.

Vou começar com a autoestima. Ser rejeitado é algo que abala qualquer um, porém quando a autoestima vai bem e a criança tem forte a crença de que ela tem valor mesmo quando as coisas não dão certo, ela passará pela dor da rejeição, irá processar estes sentimentos e sair deles com dignidade. Não dá para excluir a parte ruim da vida, não conseguiremos estar atrás dos filhos a vida toda, mas podemos criá-los bem!

Autoestima não se compra nem dá pra emprestar, é algo que vamos trabalhando nos pequenos no dia a dia, especialmente em duas situações: quando eles fazem algo errado ou algo muito bom. Seu filho precisa saber que mesmo cometendo um erro ele é digno: de respeito e de ter outra chance.

Precisa saber que errar, derrubar algo, perder a compostura, bater, ir mal na prova da escola, fazer xixi na cama, ser rejeitado no play do prédio, NADA disso muda a pessoa que ele é e que a está se tornando. Na semana passada, nós conversamos sobre os elogios e como usá-los corretamente!

Foto: Josh Willink

Rejeição e empatia

Outra maneira de ajudar o filho ou o aluno que está sofrendo por causa de uma rejeição é oferecer empatia. Palavra tão comentada atualmente e que tem um significado profundo e transformador. Hoje em dia são muitas as fontes de informações destinadas aos pais sobre validar o sentimentos dos filhos e ajudar a nomeá-los, porém durante os aconselhamentos que faço, os pais relatam não saber o que fazer ou que não têm conseguido alcançar um lugar de tranquilidade com o filho.

Oferecer empatia vai além de se colocar no lugar da criança, de tentar compreender o que ela está sentido e dar um nome a esse sentimento: empatia também requer aceitação. A aceitação completa e genuína de que neste momento as coisas não vão bem na vida da criança e consequentemente, na nossa.

Os sentimentos (e o motivo que os causa) são o que são e aceitá-los significa que iremos lidar com eles ao invés de tentar fazê-los desaparecer. Os sentimentos têm começo, meio e fim; não há raiva, tristeza e nem alegria que dure pra sempre, com isso em mente fica mais fácil resistir à tentação de tentar livrar a criança (e nós mesmos) de passar por um momento ruim, no caso a dor e o desconforto da rejeição.

As crianças são extremamente inteligentes e seres humanos com alta sensibilidade, sabem quando estamos aflitos, com pressa de resolver as questões e este é o ponto que quero chegar sobre a empatia. Ela precisa ser praticada com autenticidade. Não adianta só falar “Poxa, você está triste” na esperança e na intenção que o choro passe, que a dor vá embora logo. Elas sentem isso e muitas vezes o tiro pode sair pela culatra, podem ficar ainda mais chateadas e frustradas.

Isso porque não se pode usar a empatia como uma técnica. Ela só funciona genuinamente! Pois na verdade o que está em jogo não são as palavras dos pais ou professores, mas, sim, a CONEXÃO emocional. Outro ponto importante é sobre COMO ajudar a nomear os sentimentos, pois nesta hora acontecem muitas projeções dos pais em cima dos filhos.

É essencial que a gente diga “você PARECE triste” e deixe um silêncio, um tempo de resposta para o que o filho confirme se é tristeza que ele estava sentindo ou se na verdade era raiva, por exemplo. Dê o seu melhor palpite e deixe a criança confirmar ou te corrigir. Muita hora nessa calma. Perdoem o trocadilho!

Oferecer empatia ensina às crianças que elas têm condições internas e externas para lidar com os altos e baixos da vida. Esse sentimento de empoderamento é que vai ajudar a criança durante a rejeição e como eu disse anteriormente, isso é feito no dia a dia e não na hora que riram do seu filho e ele não participou da brincadeira no pátio.

Continuando, uma vez que a gente acertou o que o pequeno está sentindo, podemos descrever a mágoa: “você estava contando que iam te chamar para brincar. Você queria que os amigos fossem mais gentis e legais.” Valide/reconheça os sentimentos e a situação, seja sincero e genuíno, não tente disfarçar a rejeição: “É difícil ser deixado de fora. É duro passar por isso/ É horrível quando riem da gente.”

E aqui vem a chave de ouro: “Você pode lidar com isso.”.

Neste momento, se conecte com a criança, eu usava muito a respiração com meus alunos. Respirar profundamente acalma a ansiedade e o stress, diminui a pressão arterial, relaxa os músculos, etc. Conte com a respiração nessas horas e durante o dia a dia também para que no momento de dificuldade a criança já esteja habituada a respirar profundo e esse é um presente que ela levará consigo para o resto da vida!

E poderá usar quando nós não estivermos lá para ajudar, por isso lembrem de praticar. Se a criança aceitar, ofereça um abraço. Se durante tudo isto seu filho chorar ainda mais, saiba que vocês estão no caminho certo. Chorar lava a alma, cura feridas, alivia angústias e a empatia e nosso apoio ajudam a criança a se apropriar dos problemas da vida dela e lidar com a realidade. Isto as coloca numa posição mais saudável e com mais poder para seguir em frente solucionando os problemas que aparecem.

Foto: Artem Podrez no Pexels

Rejeição e autorreflexão

Quero falar da importância de ajudar a criança a fazer uma autorreflexão! Ajudá-la a pensar sobre o que ela mesma pode estar fazendo que, de alguma forma, contribui para afastar os colegas e também o que ela pode fazer para mudar isso.

Vou dar um exemplo que aconteceu em sala de aula anos atrás com uma garotinha de 3 anos e meio. Ela era simpática, autêntica e inteligente, mas não se interessava por alguns aspectos de aparência e higiene que já incomodavam os colegas dessa idade. Vivia com o dedo no nariz ou com as mãos molhadas de terem sido postas na boca e o cabelo desgrenhado.

O que aconteceu é que após repetidas vezes sendo rejeitada para dar a mão nos deslocamentos pela escola, nas brincadeiras do pátio e trabalhinhos de mesa, ela finalmente veio falar comigo: “Dani, ninguém quer dar a mão pra mim!” e lá ia o dedo pra dentro do nariz!

Me lembro da nossa conversa: “Eu sei o porquê! Seus amigos gostam de você, o problema é que ninguém gosta de caca de nariz! Nem de mão molhada de baba. Eu mesma quero dar a mão pra você para irmos para a biblioteca, mas não quero encostar no dedo que foi no nariz. Seus amigos são crianças pequenas também, mas já percebem essas coisas. Eles gostam de mãos limpinhas.”.

Ela abriu um sorriso enorme, acho que ficou aliviada. Trabalhem isso no dia a dia com as crianças, a aparência geral bem cuidada é respeito com o próprio corpo e também com os outros. Ali começou um processo para essa garotinha em busca de suas amizades e no entendimento de algumas regras sociais.

Outros exemplos sobre ajudar a criança a olhar para ela mesma como participante do que acontece à sua volta são quando o filho/aluno fala certas coisas que magoam os colegas, quando cometem o “sincerocídio”. As crianças não aceitam de bom grado certas ofensas em grupo, é importante ensinar que devemos ser verdadeiros mas acima de tudo devemos ser humanos!

Junto com a famosa lição de não falar mentiras, nós educadores temos o dever de ensinar que não se deve falar tudo que se pensa em certas ocasiões ou corre-se o risco de perder alguns colegas e atrair a antipatia. Não é porque as crianças são pequenas que elas deixam de se encaixar nas regras de bom senso e convívio social. E o modo como se fala representa um espaço enorme em como os outros recebem nossas palavras. Vale a pena trabalhar isso com os pequenos.

Atitudes que também chateiam crianças e com isso elas podem excluir um colega são: exibir-se demais, contar vantagem o tempo todo, reclamar de tudo, humor fora de hora e, principalmente, não entender e não respeitar o sinal de que o colega não está gostando. Ter a percepção que o outro não gostou é essencial na vida.

Como vocês podem ver são sutilezas de alto impacto e que desenvolvem responsabilidade pessoal e empatia. Lembrem-se de acolher estas crianças usando compaixão e fornecendo a elas as habilidades que depois poderão usar sozinhas.

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.
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Como criar uma criança livre de preconceitos por Alexandra Loras

Durante essa semana, por conta do Dia da Consciência Negra, nós trouxemos diversos posts abordando a temática. Falamos sobre como conversar sobre racismo com as crianças e indicamos livros, filmes e desenhos com protagonistas negros. Para acrescentar mais riqueza a essa conversa, compartilhamos aqui nesse post o vídeo da ativista e consultora de lideranças femininas, Alexandra Loras, sobre como criar uma criança livre de preconceitos. Confira:

https://www.instagram.com/tv/CAnh2yyA68A/?utm_medium=copy_link

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Leia mais: Como escolher a escolinha ou creche?

Veja também: O que aprendi sobre educação e respeito às crianças com Daniela Nogueira

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Pais em Ação | A importância do brincar livre e autônomo

Há algumas semanas, Dani Nogueira trouxe uma reflexão sobre as necessidades dos pequenos na primeira infância e como isso nos ajuda a escolher entre creche, escolinha e babá. Um dos pontos que nossa colunista levantou foi a necessidade da criança ter tempo para brincar livremente – sem interferência dos adultos no processo. Para entender mais sobre essa necessidade e como estimular esse brincar nos pequenos, confira a nova coluna do Pais em Ação:

Foto: Tara Winstead no Pexels

A importância do brincar

Brincar constrói a vida psíquica e é estruturante. Criança precisa brincar! Cuidem para que seus filhos tenham tempo suficiente para isto. O verdadeiro brincar é livre e auto induzido, senão transforma-se em atividade ou exercício – o que não tem nada demais, mas não é o verdadeiro brincar.

Tente pensar do ponto de vista de uma criança pequena e ao preparar um ambiente, deixe-o mais clean – sem muitas cores, barulhos e quantidade -, deixe alguns objetos e brinquedos dispostos de maneira que atraiam as crianças.

Anos atrás observei em silêncio uma descoberta do Bernardo, meu filho. Temos um banco comprido com ripas de madeira na sala e eu coloquei entre os espaços algumas baquetas de plástico. Be passou uns 10 minutos ininterruptos mexendo nelas, observando como se moviam nos espaços entre as madeiras, fez isso tanto pelo lado de cima, como por debaixo do banco. Ele subiu e desceu desse banco diversas vezes, testou outros movimentos e estava profundamente curioso e interessado. Então, por um certo período, sempre que eu preparava a sala para ele brincar eu deixava as baquetas ali para que, caso ele tivesse interesse, pudesse usá-las novamente.

Só depois que as crianças cansarem e forem para outro local é que devemos começar a guardar os brinquedos dando exemplo do que fazer. Não “arrume” a bagunça de um bebê enquanto ele brinca ou você corre o risco de interromper um raciocínio! Espere seu filho acabar o que está fazendo.

Outro dia ele e a irmã estavam jogando pedrinhas na água de um lago, depois de jogarem diversas vezes, fiz uma pergunta: “o que acontece na água depois que joga a pedra? Aparecem umas ondinhas.” Silêncio. Mais pedras arremessadas. Be observa e diz: “olha como fica grande!” sobre as ondas que se propagam pela superfície da água.

Apoiar uma criança em suas descobertas é um trabalho sério, é preciso aprender a não interromper, saber quando perguntar e mais ainda, quando calar. E assim permitimos que os pequenos construam foco, atenção e aprendizado significativo. Como disse um dos homens mais inteligentes do mundo, brincar é a forma mais elaborada de pesquisa! (Enquanto escrevia me questionei por que eu mesma respondi a minha pergunta da água!).

Como estimular esse brincar nas crianças?

Segundo Magda Gerber (educadora e expert em desenvolvimento infantil) os melhores objetos de brincar para bebês são aqueles que os permitem ser tão ativos e competentes quanto possível em todas as fases do desenvolvimento.

Para se sentir competente, nada melhor do que deixar o pequeno descobrir os objetos e quais formas de usar o brinquedo por conta própria! Eu sei, a tentação de “explicar” tudo às crianças é enorme, mas vê-los descobrindo as coisas é muito recompensador.

Para ser ativa a criança é quem precisa fazer o brincar. Seja abrindo e fechando a tampa de um potinho, montando blocos, amassando papel ou mesmo usando um objeto de forma diferente para o qual ele foi planejado. Enfiar o braço do ‘senhor cabeça de batata’ no nariz, por exemplo. Virar a cozinha de madeira de ponta cabeça e brincar com a parte do fundo ao invés da de cima. Misturar as cores das massinhas, não usar o freio de mão da bicicleta e brecar com os pés no chão, usar um bloco de madeira como telefone…a lista é infinita!

O importante é a criança liderar a própria maneira de brincar e de investigar o mundo através da sua curiosidade. Por isso aqueles brinquedos cheios de botões e luzes, tablets e afins não são os mais indicados, pois o bebê vira apenas um expectador, ele só precisa apertar um botão e o objeto brinca sozinho.

Quanto mais um brinquedo, tablet ou uma pessoa fizer durante a brincadeira, menos a criança terá oportunidade de fazer por conta própria, cada vez mais ela sentirá a necessidade de ser entretida pelo objeto ou adulto. A grande vantagem do brincar de forma independente é que estamos dando aos pequenos oportunidade de serem criativos, auto-confiantes e capazes, além de dar aquele tempinho livre para os pais.

Isto não quer dizer largar a criança num cômodo sozinha, quer dizer deixá-la direcionar a brincadeira sem a nossa interrupção para mostrar “como se faz” ou nossos constantes comentários. Às vezes, um olhar da mãe/cuidadora já basta. Ofereça os objetos comuns da casa ou brinquedos e deixe a brincadeira desenrolar naturalmente.

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.

 

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