Casamentos Casa & Decor 15 anos
Topo

Pais em Ação | A importância do brincar livre e autônomo

Há algumas semanas, Dani Nogueira trouxe uma reflexão sobre as necessidades dos pequenos na primeira infância e como isso nos ajuda a escolher entre creche, escolinha e babá. Um dos pontos que nossa colunista levantou foi a necessidade da criança ter tempo para brincar livremente – sem interferência dos adultos no processo. Para entender mais sobre essa necessidade e como estimular esse brincar nos pequenos, confira a nova coluna do Pais em Ação:

Foto: Tara Winstead no Pexels

A importância do brincar

Brincar constrói a vida psíquica e é estruturante. Criança precisa brincar! Cuidem para que seus filhos tenham tempo suficiente para isto. O verdadeiro brincar é livre e auto induzido, senão transforma-se em atividade ou exercício – o que não tem nada demais, mas não é o verdadeiro brincar.

Tente pensar do ponto de vista de uma criança pequena e ao preparar um ambiente, deixe-o mais clean – sem muitas cores, barulhos e quantidade -, deixe alguns objetos e brinquedos dispostos de maneira que atraiam as crianças.

Anos atrás observei em silêncio uma descoberta do Bernardo, meu filho. Temos um banco comprido com ripas de madeira na sala e eu coloquei entre os espaços algumas baquetas de plástico. Be passou uns 10 minutos ininterruptos mexendo nelas, observando como se moviam nos espaços entre as madeiras, fez isso tanto pelo lado de cima, como por debaixo do banco. Ele subiu e desceu desse banco diversas vezes, testou outros movimentos e estava profundamente curioso e interessado. Então, por um certo período, sempre que eu preparava a sala para ele brincar eu deixava as baquetas ali para que, caso ele tivesse interesse, pudesse usá-las novamente.

Só depois que as crianças cansarem e forem para outro local é que devemos começar a guardar os brinquedos dando exemplo do que fazer. Não “arrume” a bagunça de um bebê enquanto ele brinca ou você corre o risco de interromper um raciocínio! Espere seu filho acabar o que está fazendo.

Outro dia ele e a irmã estavam jogando pedrinhas na água de um lago, depois de jogarem diversas vezes, fiz uma pergunta: “o que acontece na água depois que joga a pedra? Aparecem umas ondinhas.” Silêncio. Mais pedras arremessadas. Be observa e diz: “olha como fica grande!” sobre as ondas que se propagam pela superfície da água.

Apoiar uma criança em suas descobertas é um trabalho sério, é preciso aprender a não interromper, saber quando perguntar e mais ainda, quando calar. E assim permitimos que os pequenos construam foco, atenção e aprendizado significativo. Como disse um dos homens mais inteligentes do mundo, brincar é a forma mais elaborada de pesquisa! (Enquanto escrevia me questionei por que eu mesma respondi a minha pergunta da água!).

Como estimular esse brincar nas crianças?

Segundo Magda Gerber (educadora e expert em desenvolvimento infantil) os melhores objetos de brincar para bebês são aqueles que os permitem ser tão ativos e competentes quanto possível em todas as fases do desenvolvimento.

Para se sentir competente, nada melhor do que deixar o pequeno descobrir os objetos e quais formas de usar o brinquedo por conta própria! Eu sei, a tentação de “explicar” tudo às crianças é enorme, mas vê-los descobrindo as coisas é muito recompensador.

Para ser ativa a criança é quem precisa fazer o brincar. Seja abrindo e fechando a tampa de um potinho, montando blocos, amassando papel ou mesmo usando um objeto de forma diferente para o qual ele foi planejado. Enfiar o braço do ‘senhor cabeça de batata’ no nariz, por exemplo. Virar a cozinha de madeira de ponta cabeça e brincar com a parte do fundo ao invés da de cima. Misturar as cores das massinhas, não usar o freio de mão da bicicleta e brecar com os pés no chão, usar um bloco de madeira como telefone…a lista é infinita!

O importante é a criança liderar a própria maneira de brincar e de investigar o mundo através da sua curiosidade. Por isso aqueles brinquedos cheios de botões e luzes, tablets e afins não são os mais indicados, pois o bebê vira apenas um expectador, ele só precisa apertar um botão e o objeto brinca sozinho.

Quanto mais um brinquedo, tablet ou uma pessoa fizer durante a brincadeira, menos a criança terá oportunidade de fazer por conta própria, cada vez mais ela sentirá a necessidade de ser entretida pelo objeto ou adulto. A grande vantagem do brincar de forma independente é que estamos dando aos pequenos oportunidade de serem criativos, auto-confiantes e capazes, além de dar aquele tempinho livre para os pais.

Isto não quer dizer largar a criança num cômodo sozinha, quer dizer deixá-la direcionar a brincadeira sem a nossa interrupção para mostrar “como se faz” ou nossos constantes comentários. Às vezes, um olhar da mãe/cuidadora já basta. Ofereça os objetos comuns da casa ou brinquedos e deixe a brincadeira desenrolar naturalmente.

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.

 

ColunasPais em Ação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *