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Pais em Ação | Daniela Nogueira dá 5 dicas para lidar com a manha

Na coluna Pais em Ação de hoje, Daniela Nogueira traz mais informações sobre um desafio constantes dos pais: a manha. Por muito tempo, os episódios de birra infantil eram vistos como desrespeito aos pais, falta de educação ou rebeldia dos pequenos. No entanto, ao longo do tempo e com muitos estudos na área, essa visão mudou. Nesse post vamos entender o que causa a manha e como lidar com ela! Confira:

Créditos: Marcos Paulo Prado

O que é manha?

Chamamos de manha as explosões emocionais que as crianças têm – o que é normal! A manha nada mais é do uma comunicação não verbal que os pequenos utilizam para passar informações para seus pais e/ou responsáveis.

O jeito que cada um expressa frustrações e emoções fora de controle vêm do temperamento individual. Cada criança é única e, por isso, alguns pequenos podem ter mais ou menos explosões do que seus irmãos ou coleguinhas. Algumas são por natureza mais fáceis de lidar enquanto outras são mais trabalhosas para acalmar, dormir, comer, etc. Assim, evite comparações e cobranças baseadas no comportamento de outra criança.

O que causam as explosões emocionais?

Os motivos podem mudar dependendo da idade da criança. Isso porque, conforme a criança cresce e desenvolve ferramentas internas para lidar com seus sentimentos e para se comunicar melhor, as manhas tendem a diminuir.

Até os três anos de idade, os motivos mais comuns da manha costumam ser:

  • Necessidade de expressar uma demanda urgente que não foi atendida;
  • Cansaço;
  • Fome;
  • Sono;
  • Tédio, entre outros.

Depois dos três anos, os motivos para as explosões mudam. Elas podem ser:

  • A criança sabe que basta chorar/gritar alto o suficiente por um tempo para conseguir o que quer ou precisa;
  • Expectativas irreais em relação aos pais;
  • Disciplina punitiva ou permissiva demais;
  • Cansaço;
  • Nível de stress elevado.

Existem outros motivos que podem levar à manha ou aumentar a intensidade e frequência desses episódios. São eles:

  • Disciplina inapropriada: as regras e limites não são claros e consistentes: uma hora pode e outra não pode;
  • Expectativas irreais de ambas as partes;
  • Divórcio;
  • Depressão;
  • Perda de entes queridos.

5 dicas para lidar com a manha

Não há fórmula mágica para lidar com a manha! Existem técnicas que podem ser usadas, mas não existem garantias de que vão funcionar com toda criança – nem todos os dias. Alguns episódios serão mais fáceis de lidar, outros mais difíceis. Um dia, uma técnica vai funcionar muito bem e no outro, nem tanto. O importante é você ter ferramentas na sua mão e testar, até encontrar os caminhos que funcionam melhor na sua família.

Lembre-se: as explosões emocionais do seu filho são o melhor momento para você oferecer a ele a oportunidade de aprender a se auto regular. Por isso, respire fundo e não leve para o lado pessoal! Você ajudará a criança a adquirir inteligência emocional enquanto cria um relacionamento com ela. Sendo assim, não devemos ignorar a manha, pelo contrário: nosso papel é guiar as crianças durante esses episódios para que elas encontrem uma saída apropriada para aquilo que está incomodando.

1. Seja a calma em meio ao caos

A sua postura influencia na postura do seu filho. Gritar, ficar brava, ou ameaçar não vai acalmar a criança ou ensiná-la a lidar com aquela situação! O ideal é ficar na altura da criança, olhando-a nos olhos e falar com voz em tom baixo e tranquilo.

2. Ajude a criança a entender o que está acontecendo

Na hora da manha, a criança está perdida nas próprias emoções. Muitas vezes, ela nem sabe nomear o que está sentindo. Por isso o papel do adulto aqui é tão importante!

Você pode falar para a criança o que você está vendo (sem julgamentos): “Seu rosto está todo vermelho, você até se jogou no chão, seus olhos estão cheios de lágrimas, você está gritando”. Então, você pode nomear o sentimento que está observando nela – isso ajuda a criança a dar nome as sensações e a se acalmar. Por exemplo: “Percebi que você está muito frustrado”.

3. Saiba reconhecer a necessidade da criança

Em alguns momentos, abraçar ou dar colo são boas opções para acalmar seu filho. No entanto, nem sempre esse é o caminho ideal – às vezes, ele vai precisar de espaço e tempo antes de ser tocado de novo.

Por isso, fique atenta ao sinais. Se você tentou abraçar e isso deixou a criança ainda mais nervosa, afaste-se um pouco e continue ali, na altura dela, oferecendo apoio sem o toque. Com o tempo, você vai aprender a hora certa de interferir com o contato físico.

4. Converse com a criança e não abra mão das regras

Manter o diálogo ajuda a criança a entender a situação, se acalmar e a aprender a colocar em palavras o que acontece dentro dela. É importante que você demonstre que entende e respeita o sentimento dela, mas isso não muda as regras.

Por exemplo: “Eu entendo, você queria ficar vendo TV mais tempo, mas a regra é apenas uma hora de TV por dia. Eu estou aqui para te ajudar”.

5. Ofereça caminhos

Depois de acolher e acalmar a criança, você pode oferecer caminhos para que ela escolha um caminho melhor do que a birra. Se a criança é mais velha, você pode convidá-la a pensar em outras alternativas junto, estimulando esse tipo de pensamento.

Alguns exemplos de como oferecer novos jeitos de lidar com os sentimentos:

  • “Já que você não pode bater no seu irmão quando ele pega seu brinquedo, o que você pode fazer então, vamos pensar?”;
  • “Ahhh, você pode pedir ajuda! Pode vir pedir ajuda da mamãe/papai/professora/baba/vovó ou vovô.”;
  • “Já que você não pode sair sem casaco porque está frio, qual destes aqui você prefere colocar: o azul ou o verde?”;
  • “Já que você não pode usar o tablet o dia todo, que outras brincadeiras podemos fazer? Podemos brincar de…”

O ideal é oferecer duas ou três opções, para facilitar a conversa. Caso você ofereça opções e a criança se negue a escolher, deixe claro que com isso você entende que será você a responsável por escolher. Escolha e siga em frente! Talvez, quando você escolher, a criança pode ceder e escolher a que ela prefere. Respeite a escolha dela.

Em nenhum momento devemos ceder às pressões da manha da criança! Ela deverá sair de casaco no frio, não usar o tablet nos horários proibidos e respeitar as regras. A diferença está em como ajudamos estes pequenos aprendizes a chegar até aqui e como essas habilidades que estamos ensinando ficarão internalizadas com eles para que possam fazer uso delas por toda vida!

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.
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