Atenção papais e mamães, começa nesta segunda-feira (11) a vacinação contra a gripe H1N1 para gestantes, crianças entre 6 meses e 5 anos e idosos. Para entender toda a polêmica envolvendo a doença e suas formas de prevenção, fomos conversar com a dra. Paula Woo, pediatra neonatologista da Universidade de São Paulo, que além de salientar a importância da vacina, também deu dicas de rotina para proteger os pequenos. Dá uma olhada:

Por que houve essa antecipação no programa de vacinação contra a gripe H1N1?
A campanha de vacinação contra a gripe foi antecipada pelo aumento no número de casos. Em São Paulo, iniciou no dia 04 de abril para os profissionais da área de saúde. No dia 11/4 o foco serão as gestantes, idosos (acima de 60 anos) e crianças entre 6 meses e 5 anos. A partir do dia 18/04 o alvo serão as puérperas (mulheres que acabaram de ter filhos) e pacientes com doenças crônicas.
No programa, apenas crianças acima dos seis meses e menores que cinco anos estão no grupo de maior risco. Por que essa faixa etária é tão preocupante?
Nessa faixa etária, as criança estão mais susceptíveis às doenças infectocontagiosas. Isso se deve a diversos motivos. Entre eles, porque possuem um repertório imunológico menos vasto, fazendo com que adoeçam com mais frequência. Outro motivo é que nessa idade, as crianças possuem rotina de higiene menos rigorosa, isto é, lavam as mãos com menos frequência, se esquecem de cobrir o rosto ao espirrar e tossir, por exemplo. E nessa idade, elas brincam compartilhando tudo, inclusive saliva e secreções.
Este fato descarta a gravidade para crianças maiores?
Não descarta a gravidade, mas as crianças maiores possuem um risco menor para evolução desfavorável da doença.
Aliás, todas as crianças devem tomar a vacina? Algum grupo não é recomendado?
Idealmente sim. A vacina não é recomendada para os menores de 6 meses e para aqueles cuja vacina está contra-indicada.
Mulheres grávidas podem tomar também?
Não só podem, como devem. As gestantes participam do grupo de risco e devem ser imunizadas.
A vacina está mesmo em falta?
A vacina não está em falta. Na verdade, a demanda foi maior que a oferta e por isso essa sensação de falta. Existem 3 vacinas disponíveis no mercado atual: trivalente, quadrivalente para maiores de 3 anos, e quadrivalente a partir dos 6 meses. As duas primeiras já estão disponíveis nas clínicas de vacinação. A última ainda não está disponível, mas chegará em breve.
Existe uma confusão entre as vacinas de 2016 e 2015. É a mesma vacina?
A vacina não é a mesma. O vírus da gripe sofre mutação com bastante frequência e por isso as vacinas são atualizadas. O H1N1, porém, não sofreu mutações em relação ao ano passado, mas o influenza B sim.
Pode explicar um poquinho sobre cada uma das vacinas disponíveis e que vírus elas combatem?
– vacina trivalente: Influenza A (H1N1 e H3N2) e Influenza B
– vacina quadrivalente: Influenza A (H1N1 e H3N2) e 2 cepas do Influenza B
Além da vacinação, o que mais os pais podem fazer para prevenir que os filhos peguem a doença?
Alguns cuidados são importantes na prevenção da gripe. Lavar as mãos é essencial, principalmente após tosse e espirros. Ensinar as crianças a utilizar álcool gel também é interessante. Arejar o ambiente é importante. As pessoas se protegem do frio deixando o ambiente mais abafado e pouco ventilado. Isso faz com que o vírus fique naquele ambiente, diminuindo sua dissipação. Nesse sentido, vale a pena evitar locais com grandes aglomerações. Hábitos saudáveis de vida como se alimentar adequadamente, praticar esportes e beber água também são importantes nesse e em todos os momentos da vida.
O vírus é contagioso de alguma forma? Eles podem ir para a escola, por exemplo?
O Influenza é um vírus transmitido por contato com secreções contaminadas, assim como perdigotos. Quando uma criança tem o teste positivo para H1N1, deve evitar contato com outras por até 7 dias do início da febre.
Se uma criança foi vacinado no ano anterior, existe a necessidade de vaciná-lo nesse ano? Há risco dele pegar gripe mesmo fazendo menos de 1 ano desde a última dose da vacina?
A vacinação contra gripe não impede o paciente de pegar gripe, mas reduz a chance da doença evoluir para casos mais graves como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A vacina protege por 1 ano, mas os títulos de anticorpos vão caindo de 6 a 8 meses após a vacinação. Com isso, a proteção também diminui.
Vacina da gripe pode causar gripe?
Esse é um mito que se formou a respeito da vacina da gripe e que tem sido utilizado como motivo para reduzir a aderência a campanha de vacinação. A vacina da gripe é composta por vírus morto e portanto não provoca a infecção. Após a vacinação, os títulos de anticorpos vão subindo gradativamente e a proteção da vacina começa a ser efetiva em torno de 2 semanas após a sua aplicação. Dessa forma, é possível a pessoa se contaminar nesse meio tempo.
Existe tratamento para a gripe?
Além dos cuidados comuns aos outros quadros respiratórios (como inalação, lavagem nasal e hidratação), existe uma medicação chamada Oseltamivir (ou Tamiflu). Esse remédio pode ser utilizado, caso tenha indicação, pelos pacientes do grupo de risco, em até 48h do início dos sintomas.
(Foto: reprodução)
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