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Violência Obstétrica: o que é, como se proteger e mais!

Nos últimos dias, o tema violência obstétrica ganhou força nas redes sociais – o motivo foi a denúncia da influenciadora Shantal sobre a violência que sofreu no parto. Durante o nascimento da sua última filha, a influencer recebeu ataques verbais do médico e teve sua intimidade exposta. O caso levantou muitos debates sobre a violência obstétrica e como as famílias podem se proteger nesses momentos. Por isso, nesse post, vamos explicar tudo sobre a violência obstétrica: como se prevenir, agir e denunciar. Confira:

violência obstétrica

Foto: Cottonbro no Pexels

O que é Violência Obstétrica?

A violência obstétrica abrange uma série de posturas da equipe que auxilia o parto – médicos, enfermeiras, auxiliares – e prejudica, ofende ou vai contra os desejos da mãe na gestação, parto e pós-parto. Isso significa que desde o uso de medicamentos sem autorização dos pais até abusos verbais e físicos podem ser descritos como violência obstétrica.

Isso significa que milhares de mães já viveram e vivem casos de violência obstétrica. Muitas só vão entender os abusos vividos meses ou anos depois, já que o período do parto e pós-parto é tão intenso emocionalmente que as mulheres não conseguem processar tudo o que viveram.

Um fator que estimula a manutenção desses abusos é o machismo. Outro fator é a manutenção de narrativas negativas sobre o parto: “Nos filmes e novelas, os partos são sempre dolorosos, difíceis e abusivos. Quando você vê isso a vida toda, fica difícil entender que pode ser diferente”, explica Lucilene Alves, que é psicóloga, enfermeira e doula, “E isso não é um problema que atinge apenas pessoas de baixa renda. A falta de informação e conhecimento sobre o parto e a amamentação é gigante e atinge todas as classes.

Foto: Jonathan Borba no Pexels

14 tipos de Violência Obstétrica:

1. Não conversar sobre o parto e preparar os pais durante as consultas

É obrigação do médico que atender a gestante e sua família durante o pré-natal explicar tudo sobre o parto. Ele deve explicar todas as vias de parto possíveis e quais são indicadas para aquela gestação, tirar todas as dúvidas da gestante e estimular que a família pesquise sobre o tema.

Um médico que adia a conversa sobre o parto, não aborda o tema, não tira dúvidas e não informa está conscientemente deixando a paciente despreparada e desinformada, o que pode ser considerada uma forma de abuso.

2. Cesariana eletiva (sem consentimento da gestante e/ou sem indicação clínica)

O Brasil é o segundo país do mundo em taxa de cesárea: cerca de 55% de todos os partos. Esse número está muito acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que indica a média ideal por volta dos 15%. E ao contrário do que muitos acreditam, a cesariana não é sinônimo de parto moderno ou mais seguro.

A cesárea só deve ser feita em alguns casos, onde há riscos no parto vaginal para mãe ou para o bebê. Isso porque a cesariana é uma cirurgia – e toda cirurgia significa riscos, recuperação mais lenta e interrupção do ciclo natural do parto.

O ideal é que ela só seja feita com indicação e sempre com o consentimento da gestante. Não é isso que acontece no Brasil, tanto na rede pública quanto na rede privada – porém, com maior incidência na rede privada. 84% dos partos realizados por planos em 2019 foram cesarianas e mais de 50% foram antes do início do trabalho de parto, que indica que o bebê está pronto para nascer, segundo a Agência Nacional de Saúde Complementar.

Se o médico forçar uma cesariana sem indicação clínica e/ou sem o consentimento da mãe, ele deve ser denunciado por violência obstétrica. Procure sempre a “Taxa de Cesárea” do médico e do hospital escolhido.

Importante reforçar que se a paciente optar por uma cesárea eletiva, sua vontade deve ser respeitada. A decisão do parto é sempre da paciente, respeitando seus desejos e necessidades clínicas.

3. Uso rotineiro de ocitocina

A ocitocina é um hormônio que existe no corpo humano e tem função importante no parto. Porém, o uso da ocitocina sintética nos hospitais não deve ser feito sem indicação médica e aprovação da gestante.

“Muitas vezes a mulher chega no hospital e já vai para o ‘sorinho’. E lá já tem ocitocina sintética. Tudo isso pode ser considerado um abuso: o soro sem necessidade, a ocitocina sem consentimento… Para essas equipes e hospitais, o que importa é o parto rápido. O bem estar da gestante é secundário”, conta Lucilene, “É por isso que não só as mães, mas os acompanhantes também devem estar preparados. Muitas vezes só eles podem impedir o uso desses medicamentos sem necessidade”.

4. Não utilização de analgésicos quando tecnicamente indicados

Os analgésicos são uma ferramenta valiosa e, em certos casos, necessária no parto. No entanto, existem casos no Brasil onde os medicamentos foram negados às mulheres que precisavam deles: seja para alívio de dores ou até para realização de procedimentos dolorosos.

Esses casos têm maior incidência em mulheres negras: “O racismo criou um mito de que mulheres negras são mais resistentes e, por isso, aguentariam mais dor que mulheres brancas. Por isso, muitas mulheres negras sofreram e ainda sofrem violências em hospitais, conta Lucilene.

Se for desejo ou necessidade da gestante, os analgésicos devem ser administrados!

Foto: Daniel Reche no Pexels

5. Manobra de Kristeller

A manobra consiste em pressionar a barriga da mãe durante o parto, normalmente na hora do “expulsivo”, momento em que a criança está saindo pelo canal vaginal. É uma violência em qualquer situação e deve ser denunciada!

6. Episiotomia

A episiotomia é um corte no períneo que aumenta o diâmetro da entrada do canal vaginal. Não há evidência científica que prove a necessidade da episiotomia em qualquer caso, segundo a OMS. Na década de 90, a Organização Mundial da Saúde já dizia que a prática não poderia ser feita como rotina e não deveria ser aplicada em mais de 10% dos casos.

Atualmente, no Brasil, mais de 50% dos partos são feitos com episiotomia – um número que já seria inaceitável desde o século passado. A prática é considerada uma mutilação genital e não deveria ser feita em nenhum caso, muito menos sem o consentimento da paciente.

O que acontece, no entanto, é que os profissionais fazem a episiotomia como procedimento de rotina (ou seja, mesmo sem necessidade clínica) e sem o consentimento da gestante. Há muitos casos onde nem anestesia é usada. Segundo uma pesquisa feita pela OMS, 75% das mulheres ainda sofrem episiotomia sem consentimento e, desses casos, mais de 50% é feito sem anestesia.

“Os médicos costumam realizar esse procedimento para agilizar o expulsivo, momento em que o bebê está saindo. É mais uma violência que pensa apenas no conforto da equipe médica e ignora o bem-estar da mãe“, afirma Lucilene.

7. Ponto extra ou “Ponto do Papai”

Por conta da episiotomia de rotina, outra violência obstétrica surgiu: os pontos. Médicos têm o costume de dar “um ponto extra” na hora de fechar os cortes vaginais para “deixar a vagina mais apertada” para os homens.

Esse é um dos abusos que evidencia o machismo institucionalizado na violência obstétrica: o corpo não é da mulher, mas sim um objeto para o prazer do marido. Os relatos de mulheres que passam sobre isso são vários – recomendamos a leitura da matéria “Deixei virgenzinha para você”, que reúne relatos de mulheres agredidas por seus médicos.

O ponto extra causa dores terríveis às mulheres e prejudica sua vida sexual no pós-parto. Uma das formas de tentar se proteger dessa e outras violências é ter um Plano de Parto.

8. Lavagem intestinal

Fezes no parto é normal: ao passar pelo canal vaginal, o bebê pressiona o intestino, o que pode causar evacuação. No entanto, em alguns hospitais, as pacientes são obrigadas a passar por lavagem intestinal para evitar isso.

Lavagem intestinal sem necessidade é prejudicial à saúde, além de ser um momento de desconforto a mais para a mãe durante o trabalho de parto.

9. Exames de toque invasivos

O exame de toque é feito para medir a dilatação. No entanto, não deve ser feito durante a contração nem com frequência, já que gera dor e desconforto à paciente. Além disso, é necessária autorização da paciente antes do exame. O problema é que, normalmente, nenhum desses pontos é respeitado.

E mais: o exame é desnecessário. Sua única função é medir a dilatação, porém essa informação não faz diferença para o desenvolvimento do parto – e pode ser acompanhada por outros sintomas, sem esse exame invasivo. Por exemplo: a maioria das mulheres têm ânsia ou vomitam quando estão por volta dos 7 centímetros de dilatação.

Acompanhar a dilatação é mais uma forma de arrumar motivos para acelerar o parto e usar intervenções médicas. Você pode colocar observações sobre o exame no seu Plano de Parto.

violência obstétrica

Foto: Cottonbro no Pexels

10. Posição única para parir

Exigir que a mãe fique deitada na cama durante o trabalho de parto e tenha o bebê em uma posição específica são formas de violência obstétrica. A paciente deve ter o direito de parir na posição que quiser e de andar livre até o expulsivo.

Andar, dançar e ficar fora da cama são excelentes formas de acelerar naturalmente o trabalho de parto. No entanto, exigem um acompanhamento mais próximo e atento da equipe médica – o que faz com que muitos proíbam que as gestantes saiam da cama.

Importante dizer que a posição mais comum para o parto normal nos hospitais, a litotomia – onde a mulher fica deitada de barriga para cima com as pernas apoiadas nas perneiras -, é uma das piores para parir. No entanto, é uma das mais práticas para equipes médicas, que conseguem ter uma visão e acesso completo à vagina das pacientes. Por isso, a posição é muitas vezes forçada – o que é uma forma de violência!

11. Deixar a gestante sem comida e água

Em um parto humanizado, as mulheres podem comer e beber o quanto quiserem. Imagine o nível de energia que parir exige – a fome é um sinal do corpo que está se preparando para o esforço que vai encarar.

A desculpa de muitos hospitais para proibir a alimentação é que a paciente pode acabar tomando anestesia ou indo para a cesárea. No entanto, deve ser oferecido comidas leves e água o tempo todo. Deixar a paciente sem comida e bebida é uma forma de violência!

Não oferecer comida e água é uma forma de economizar e poupar serviço para a equipe do hospital. As mulheres precisam comer e se hidratar durante o trabalho de parto. Se a equipe não oferecer, o acompanhante pode exigir e oferecer ele mesmo a paciente“, Lucilene explica.

12. Ameaças e agressões verbais

“Não é nem um pouco raro você escutar médicos gritando com pacientes, mandando empurrar e fazendo ameaças, como: se você não fizer força agora, seu filho não vai nascer”, conta Lucilene, “A mulher com dor, fragilizada, ouve esse tipo de ameaça e sente medo, culpa… Tudo que ela não deveria sentir em um momento tão importante”.

Lucilene reforça que palavras de incentivo são importantes, mas não é isso que acontece: “Eles gritam, ameaçam e ficam frustrados se a mulher não cumpre as ordens. Isso é violência explícita, mas muitas acreditam que é algo normal. Os pais raramente conseguem reagir. E você encontra isso em instituições privadas e públicas. É muito mais comum do que deveria”.

Em um dos partos que acompanhou como doula, Lucilene relata ter ouvido o médico gritar: “Não! Não! Não! Aí, tá vendo? Você parou de empurrar e o bebê voltou para dentro! Quando eu mandar empurrar você empurra, pô!” A mãe chorou, se sentindo culpada, o que a fez perder a força e ter mais dificuldades para empurrar – o que fez o médico gritar ainda mais. “Não existe isso do bebê ‘voltar para dentro’. Ele estava mentindo para intimidar a paciente e conseguiu. Os gritos dele eram tão altos que a paciente não conseguia me ouvir tentando acalmá-la. Foram longos minutos de tortura psicológica, relata Lucilene.

Conhecer o perfil do médico e falar com outras pacientes pode ajudar a evitar profissionais com esse perfil. No entanto, para mulheres que vão parir com plantonistas – na rede pública ou privada – escolher o profissional não é possível. “É por isso que a violência obstétrica precisa ser denunciada e combatida, com políticas públicas e medidas das próprias instituições. O trauma de um parto pode perseguir as mulheres por toda a vida”, reforça Lucilene.

13. Agressões físicas

Tapas, empurrões, episiotomia sem consentimento, manobra de Kristeller, prender a paciente na cama e outras ações podem ser consideradas agressões físicas. Tudo que for contra as condutas médicas, feito sem consentimento e/ou ferir a integridade física das pacientes entra como lesão corporal!

14. Entre outros abusos

Infelizmente, a lista de abusos que podem ser cometidos é longa. “A mulher deve denunciar sempre que se sentir lesada, física ou psicologicamente, por condutas do médico e da equipe durante o parto”, avisa Lucilene.

Discriminação por idade, raça, classe social ou condições médicas, além de más condições do sistema de saúde são outros exemplos de violência. Todos podem e devem ser denunciados.

No pós-parto, abusos também podem ocorrer: “Fique atenta ao atendimento pós-parto também. Não só em relação à mãe, mas ao bebê também. Não hesite em trocar de profissional ou buscar uma segunda opinião, principalmente quando envolver procedimentos, cirurgias ou suspensão da amamentação, alerta Lucilene.

Como evitar a Violência Obstétrica?

Existem algumas atitudes que podem evitar violências. A mais importante delas é o estudo. “Se a família está bem informada, não vai ser facilmente enganada pelo médico ou equipe. Pesquisem tudo, leiam muito, perguntem sobre todos os tópicos que quiserem. É obrigação do médico responder tudo e ajudar nesse processo”, afirma Lucilene.

O Plano de Parto é outra forma de evitar abusos. Ele é um documento oficial e a equipe médica deve respeitar os desejos da família expostos ali – mesmo equipes plantonistas! Deixe seu plano de parto junto à bolsa maternidade para não esquecê-lo e tenha cópias.

Outro ponto essencial é o acompanhante estar preparado para proteger a paciente caso necessário. “Muitas mulheres acreditam que a Doula pode impedir violências. No entanto, nós não temos autoridade para proibir ou autorizar procedimentos – isso é papel do acompanhante. Por isso, mãe e acompanhante precisam estar bem alinhados e preparados para o parto”, explica Lucilene, “A paciente estará com dores, focada no próprio corpo. O acompanhante é quem deve ficar observando, perguntando e checando que o Plano de Parto está sendo seguido.

Ter uma Doula ajuda nesse processo de forma indireta: “Uma Doula vai estar ali cuidando do bem-estar da mulher durante o parto. Mas seu maior papel na prevenção da violência obstétrica é no pré-natal: durante os encontros, a Doula deve ajudar os pais a encontrar informações importantes e auxiliar na montagem do Plano de Parto, explica Lucilene. Você pode saber mais sobre o papel da Doula no parto aqui.

Pesquisar o histórico do médico e do hospital também é essencial. “Hospitais com alta taxa de cesarianas e com médicos cesaristas não vão entregar um bom atendimento ao parto normal, por exemplo. E se a maioria dos partos ali acabam em cesárea, as chances da paciente conseguir finalizar seu parto de forma natural são baixíssimas”, aponta Lucilene. Os dados de taxas devem ser divulgados pelas instituições. Conversar com outras mães sobre suas experiências também é importante.

Foto: Cottonbro no Pexels

Como denunciar Violência Obstétrica?

A violência pode ser denunciada em vários locais. São eles:

  • Hospital ou instituição em que o parto foi realizado;
  • Secretaria de saúde responsável pela instituição (pode ser municipal, distrital ou estadual);
  • Conselho Regional de Medicina (CRM) para denúncias contra médicos;
  • Conselho Regional de Enfermagem (COREN) no caso de enfermeiros, técnicos e auxiliares;
  • Delegacia da Mulher;
  • Por telefone, nos números 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou no 136 (Disque Saúde).

Não deixe de denunciar!

Violência Obstétrica é o termo correto?

Há uma discussão em torno do tema. Alguns médicos alegam que o termo “violência obstétrica” é uma ofensa aos médicos. “A violência contra a mulher está tão normalizada que é mais preocupante ser acusado de violência do que fazer algo para que essas violências não ocorram mais“, Lucilene aponta, “É frustrante. Você vê mulheres traumatizadas, tendo um dos momentos mais lindos de suas vidas marcadas pela dor e medo, tudo porque profissionais da saúde se recusam a se atualizar e tratá-las com respeito”.

A manutenção do termo é importante para que as denúncias continuem e para que existam cada vez mais políticas públicas para combater esses casos. “Suavizar o nome não ajuda as mulheres em nada. Nenhum médico deveria se preocupar com esse termo se tivesse as condutas adequadas. Lutar para retirar esse termo só mostra o descaso com as mulheres”, reforça Lucilene.

Lucilene Alves é psicóloga (CRP: 147386), enfermeira (COREN: 681343) e doula.

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Leia mais: Cuidados com as mamas na gestação e pós-parto

Veja também: Como escolher o pediatra para o seu filho?

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GestantesSaúde gestanteParto

Conheça os diferentes tipos de parto normal

Como já comentamos por aqui, uma boa assistência pré-natal é fundamental para uma gestação mais tranquila, e também para tirar todas as dúvidas do casal antes do nascimento do bebê. Entre tantos questionamentos, um dos mais importantes é entender quais são as possíveis vias de parto. Hoje, na coluna Gestar, vamos falar sobre os diferentes tipos de parto normal.

Parto normal

Decidir a maneira que o bebê virá ao mundo é uma escolha importante, e nem sempre vai depender apenas do desejo da mãe. Uma frase comum entre a maioria dos obstetras é: “quando tudo caminha bem, o parto ideal ou mais adequado é o que a mulher/casal escolher, por se sentir mais confortável”. Porém, em caso de complicações ou imprevistos, a opção correta é a que for mais segura para mãe e bebê. Conheça todos os tipos de parto normal, e os prós e contras de cada um deles:

PARTO NORMAL/VAGINAL 

O parto normal é aquele em que o bebê nasce via vaginal e que não necessita de intervenção cirúrgica. Este parto traz inúmeros benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a mãe, podemos destacar as seguintes vantagens:

  • Melhor recuperação em menor tempo;
  • Menor sangramento;
  • Menor risco de infeções e histerectomia (retirada do útero);
  • Facilita o contato pele a pele com o bebê e a amamentação.

Pensando no bebê, inúmeras são as vantagens, mas podemos destacar:

  • Melhor adaptação ao meio externo;
  • Os pulmões sofrem uma compressão no canal do parto que elimina líquido de dentro dos pulmões;
  • Adaptação do sistema imunológico pelo contato com germes/bactérias no canal vaginal.

No entanto, complicações também podem acontecer, como: lacerações (cortes) na vagina e na vulva; maior risco de traumatismo do bebê (tocotraumatismos); risco aumentado de incontinência urinária no futuro e dores locais.

Apesar da via do parto normal ser sempre a vagina, existem diversos tipos de assistência que podem ser oferecidas. É importante escolher com atenção o método que mais combina com as necessidades e desejos de cada família. Veja mais sobre cada um deles:

PARTO NORMAL NATURAL

É o parto normal que transcorre espontaneamente e sem intervenções médicas. Ou seja, não se faz a episiotomia (corte no períneo para facilitar o desprendimento ou a saída do bebê), não se utiliza o fórceps e não há utilização de medicações, como anestésicos e ocitocina (hormônio sintético para coordenar e estimular as contrações). São usados apenas métodos não farmacológicos para alívio da dor, como: massagens, compressas mornas, respiração adequada e muita atenção e carinho ao ficar do lado da paciente.

PARTO NORMAL HUMANIZADO 

A principio, todo parto deveria ser humanizado, seja vaginal ou cesárea. No entanto, ele ainda não é regra. No parto humanizado, o desejo da mãe juntamente com seu plano de parto são seguidos com muito respeito e profissionalismo. Aqui, tudo tudo é feito para deixar a parturiente bem e confortável.

Ações que podem ser feitas em um parto humanizado: anestesia, foto e cromoterapia, playlist escolhida pelo casal, manter luzes confortáveis, banhos terapêuticos, andar e se movimentar livremente, alimentação à vontade e até medidas cirúrgicas, desde que com a ciência da mãe/casal. Outro ponto é que no parto humanizado a missão é dar a melhor recepção possível ao bebê. Por isso, algumas dinâmicas são seguidas: o cordão umbilical só é cortado após parar de pulsar, o bebê vai direto para os braços da mãe e passa (no mínimo) uma hora em contato direto com a pele dela, a amamentação é incentivada, dentre outras.

Importante lembrar que é fundamental uma equipe que siga os princípios da humanização. Falamos mais sobre este tema no post sobre plano de parto, neste link!

PARTO NORMAL INSTRUMENTALIZADO 

Parto que acontece com a ajuda de instrumentos cirúrgicos, como fórcipes.  O intuito é de abreviar o período de expulsão (quando o bebê está, de fato, saindo), ajudando o bebê a passar pelo canal vaginal através de uma tração. O uso de instrumentos não é a primeira opção da equipe médica – vale lembrar aqui a obrigatoriedade da realização prévia de anestesia e episiotomia (corte no períneo que pode ajudar na saída do bebê).

POSIÇÕES

Diferente do que é retratado em filmes e novelas, a mulher pode ter um parto normal em diversas posições. O ideal é que ela escolha a posição mais confortável e que se sinta mais segura. Algumas posições possíveis são:

  • Decúbito lateral direito ou esquerdo: de lado com as pernas flexionadas;
  • Posição de litotomia: deitada com a barriga pra cima e as pernas apoiadas nas perneiras. É a menos favorável ao nascimento, apesar de ser a mais comum no dia a dia, por um costume hospitalar. Essa posição não é obrigatória!
  • Cócoras: agachada, facilitando a abertura da bacia, pélvis e a descida do bebê pela própria gravidade. Porém é uma posição que pode cansar a mãe se o expulsivo (momento da saída do bebê) for mais longo;
  • Sentada nas banquetas: as banquetas de parto possuem uma abertura central por onde o bebê irá passar;
  • De quatro apoios: com os joelhos e as mãos apoiadas na cama ou chão;
  • De pé: facilitado também pela gravidade e com mais liberdade para a parturiente, no entanto bem menos comum.

TIPOS DE AMBIENTE PARA REALIZAR O PARTO 

Existem várias opções de locais para parto normal. Temos os partos hospitalares, domiciliares, casas de parto e na água (banheiras em geral), que traz mais conforto para mãe, além de propiciar uma transição mais natural e parecida com o meio intrauterino para o bebê, entre outros.

No entanto, vale lembrar que essas opções deverão ser discutidas e individualizadas junto a equipe assistencial da paciente. O melhor tipo de parto depende de múltiplos fatores e existem, como posições que facilitam o nascimento e podem inclusive definir o sucesso da via de parto.

Até a próxima coluna,

Dr. Jorge Farah Neto

Ginecologista e obstetra, o Dr. Jorge Elias Farah (CRM 126.525 | RQE 59579 | TEGO 184/2011), da Clínica Ginevra, aborda na coluna GESTAR os mitos e verdades da gestação e do parto, e responde as principais dúvidas das mães.
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Parto normal x parto humanizado: as principais diferenças

Você sabe as diferenças entre parto normal x parto humanizado?  Será que todo parto humanizado é normal? E será que todo parto humanizado é feito em casa? Estas são algumas das dúvidas que o médico e mestre em obstetrícia e ginecologia pela USP Dr. Wagner Hernandez tirou em entrevista ao blog. Vem ver as explicações que ele nos deu:

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O QUE É O PARTO HUMANIZADO?

A primeira coisa que deve ficar clara é que o chamado “Parto humanizado” não é um tipo de parto. “Parto humanizado” é a maneira na qual a assistência ao parto ocorre da maneira mais natural possível. Praticamente sem nenhuma intervenção, respeitando o processo natural. A nomenclatura “humanizada” no meu modo de ver é inadequada, pois dá a impressão que o parto que não segue todos estes preceitos seria “desumanizado” ou “animalizado”, o que não é real, e na maioria das vezes injusto.

QUAIS AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS DELE PARA O PARTO NORMAL?

O parto normal é o resultado final. Ou seja, todo parto chamado de humanizado, ou não, que acontecer pela via vaginal será um parto normal. A diferença é como ele será conduzido para que ele aconteça. No parto normal / tradicional (ou “não humanizado”) que segue os ensinamentos da obstetrícia clássica, existem alguns passos feitos muitas vezes de rotina, como por exemplo, romper a bolsa das águas entre 6 e 8 centímetros de dilatação. No parto, chamado humanizado, a bolsa deve estourar espontaneamente ou pode até ocorrer o parto sem a sua rotura. O que deve ficar muito claro é que o parto normal bem assistido, com as intervenções corretas, também é excelente se assim desejar a parturiente. Não dá para se criar a ideia de que o parto humanizado é o parto do bem e os outros são os partos do mal.

QUALQUER GESTANTE É APTA A REALIZAR O PARTO HUMANIZADO?

Toda gestante saudável que tenha uma gravidez única, de baixo risco, sem intercorrências no pré-natal, de termo (mais de 37 semanas) tem condições de ter um parto humanizado.

EM QUAIS CASOS NÃO É RECOMENDADO O PARTO HUMANIZADO?

Algumas gestações de alto risco não permitem que a paciente possa ser a protagonista do seu parto e que não haja intervenções que ela julgue fora das condições “humanizadas”. Um bom exemplo seria em um parto prematuro iminente de 26 semanas, onde o feto pesa 500g. Nestes casos, o que promove o melhor resultado neonatal para estes fetos é que o parto aconteça por meio de uma cesariana e que antes de ter contato imediato com seu filho, sejam dados os primeiros cuidados pela pediatra. Outro exemplo, é um parto normal de gêmeos no qual após o nascimento do primeiro bebê algumas vezes fazemos a extração pélvica imediata para diminuir complicações ou é necessária o uso da ocitocina sintética para o parto do segundo.

EXISTE ALGUM TREINAMENTO QUE O MÉDICO PRECISA FAZER PARA REALIZAR UM PARTO HUMANIZADO?

O mais difícil para um médico praticar um parto humanizado é que ele deve “desaprender” algumas intervenções rotineiras que se aprende durante a faculdade e residência médica que são as vezes ensinadas como dogmas. O melhor treinamento que um médico pode fazer é participar e observar partos humanizados conduzidos por profissionais mais experientes nesta área. A ideia do parto humanizado é deixar o parto acontecer espontaneamente até o fim, por isso conhecer a fisiologia do parto normal também é fundamental.

QUALQUER HOSPITAL REALIZA UM PARTO HUMANIZADO?

Não. Nem todos hospitais oferecem estrutura para o parto humanizado, nem os profissionais que o façam. Por isso, algumas gestantes tem buscado o parto domiciliar e com profissionais não médicos onde apenas o parto humanizado é possível.

PENSANDO NOS RISCOS QUE MÃE E FILHO CORREM EM QUALQUER PARTO, ELES SÃO IGUAIS OU MAIORES EM UM PARTO HUMANIZADO? 

A tentativa de parto normal com uma boa assistência e com bom senso, sempre será a melhor escolha para mãe e filho. O que os coloca em risco na tentativa de um parto vaginal é não respeitar as boas práticas que levam sempre em consideração a segurança de ambos. Estes riscos, independente de ser um parto que segue os preceitos “humanizados” ou não, acontecem geralmente por completa omissão do profissional em reconhecer que alguma intervenção é necessária. Ou o outro extremo, onde intervenções desnecessárias podem prejudica-los. Em alguns casos, o uso fórcipe, que geralmente envolve uma episiotomia (evitados no parto “humanizado”), no momento certo podem salvar a vida de uma criança. Por outro lado, o uso indiscriminado de ocitocina num parto que acontece espontaneamente pode levar um feto saudável ao seu sofrimento e complicações graves e a uma cesárea desnecessária.

ALGUMAS MÃES OPTAM POR TER UMA DOULA ACOMPANHANDO DURANTE A GESTAÇÃO E PARTO. A DOULA PARTICIPA DO PARTO? 

As doulas são profissionais que dão suporte a parturiente na hora do parto. Este apoio pode ser físico e/ou emocional. Para ser doula não há necessidade de nenhum grau de instrução, nem conhecimento técnico. Nesses casos, a doula não sabe e não pode executar nenhum procedimento de enfermagem nem médico. Muitas equipes, como a nossa, tem enfermeiras obstétricas e médicos(as) obstetras que também dão o apoio físico e emocional que a gestante necessita, sendo nestes casos a presença de uma doula dispensável. Muitas vezes a parturiente pode receber também este apoio do próprio marido ou do acompanhante que ela quiser neste momento tão especial que é a chegada de um bebê. Fato é que este apoio é fundamental e independe de quem o fará!

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PARTO NORMALPARTO HUMANIZADO
INÍCIO DO TRABALHO DE PARTOCaso hajam condições de favoráveis para um parto normal, a indução do trabalho de parto é bem vinda em algumas situações.Idealmente, sempre espontâneo.
MEDICAMENTOS USADOS DURANTE O PARTOO uso da ocitocina sintética, em casos que não se tenha contrações adequadas ou se faz necessária, é bem vinda.Idealmente, o uso de ocitocina costuma ser evitado ao máximo.
DURAÇÃO DO TRABALHO DE PARTOO período de dilatação pode ser mais curto, por permitir medidas artificiais para a correção de eventuais falhas, porém período expulsivo (depois que o colo está completamente dilatado e a mulher faz força para o nascimento) pode ser mais longo (ao redor de 1 hora a mais) pela presença frequente da anestesia que pode tornar a força menos eficiente por dificuldade na percepção de onde e como aplicá-la.O período de dilatação costuma ser mais longo por não contemplar o uso da ocitocina sintética nem a rotura da bolsa, porém sem anestesia a mulher com dor tende a fazer força de maneira mais eficiente reduzindo o tempo do período expulsivo. (ao redor de 1 hora a menos).
POSIÇÃO DA GESTANTE DURANTE O PARTOPela presença da anestesia costuma ocorrer mais frequentemente na posição horizontalizada, mas pode ocorrer em qualquer posição.Dá mais liberdade de posição por não ter anestesia, mas prioriza o parto verticalizado.
ANESTESIAOferecida e utilizada a qualquer momento do trabalho de parto de acordo com a paciente ou necessidade médica.Geralmente são usadas medidas não farmacológicas como: o banho de imersão e massagem, para evitar o uso da anestesia farmacológica (que exige ambiente hospitalar e a presença de um médico).
LOCAIS POSSÍVEIS DE SEREM REALIZADOSHospitalarHospitalar, casas de parto ou domiciliar.
EPISIOTOMIANão é feita de rotina, mas é feita com maior freqüência.Evitada sempre. Quase nunca é realizada.

 

Veja também: Calendário de vacinação sofre mudanças em 2016

E mais: Quero ser mãe, mas não consigo. E agora? 

GestantesSaúde gestanteParto