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Pais em Ação | Crianças são pessoas e merecem respeito

Na coluna de hoje, Daniela Nogueira, do Pais em Ação traz uma reflexão importante: crianças são pessoas. O que isso implica? Quando deixamos de ver nossos pequenos como pessoas? Por que esperamos certos comportamentos deles que não são compatíveis com sua realidade? Esses e outros pontos são abordados por Daniela na coluna. Confira:

Foto: Andrea Piacquadio no Pexels

CRIANÇAS SÃO PESSOAS

Desde o primeiro dia! Elas não precisam crescer primeiro para só depois merecerem nosso respeito, “de gente grande para gente grande” – criança é gente desde sempre.

Elas são literalmente nosso futuro. Se você maltrata hoje, colhe amanhã.

Por favor, abra sua mente para entender que, se ferir uma criança – ignorar, bater, punir – não irá fazer deste mundo um lugar melhor. Pois acredite, muitas crianças passam por isso diariamente há séculos. Ainda assim, temos sempre a impressão de que o mundo anda ficando pior, de que as pessoas se tornaram frias, de coração duro e não sabem amar.

Ainda assim, os humanos nascem, crescem, dão a luz à novos humanos e a birra, a manha, a impulsividade e a imaturidade permanecem. Será que não é tempo de pensar que se as estratégias de “desprezoterapia”, cantinho do pensamento, retirar brinquedos, punir e bater em crianças funcionassem, todas as birras e comportamentos afins já teriam cedido?

Caros pais, a criança faz birra não porque ela não tem limites, não porque você não os educa, mas simplesmente pelo fato de ser criança! De não ter todo o cérebro pronto para usar.

A imaturidade se parece muito com a falta de respeito e as birras na infância. O errado não é a criança fazer birra, o errado é não entender que o ser humano leva TEMPO para aprender a se controlar, se regular e seguir regras sem ter uma explosão de impaciência, frustração e inflexibilidade.

Ah, tão pouco tem a ver de que classe social a criança é, se ela é criada pela avó, mãe solteira ou dois pais: crianças humanas fazem birras. Umas mais, outras menos, depende do temperamento delas.

Criança já nasce gente, mas precisa de anos para se socializar e ser capaz de escutar um não sem berrar. Devemos sim falar ‘não’ para elas! Já conversamos aqui sobre as diferenças da disciplina e do castigo. Só não precisamos criar a falsa expectativa de que elas já são adultas para saberem como lidar. Só não precisa ser grosseiro, frio e massacrar. De novo o problema não é o berro, mas o que você faz com ele: cede ou educa? Cala ou bate? Ignora ou ajuda?

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.
ColunasPais em Ação

Pais em Ação | Rejeição: como apoiar e fortalecer as crianças rejeitadas

Rejeição não é algo fácil de encarar, mesmo na fase adulta. Para os pequenos, o desafio é maior: estão descobrindo esse sentimento, seus impactos e vivendo tudo pela primeira vez. Por isso, cabe aos pais e educadores saber como apoiar os pequenos para que eles se fortaleçam apesar do cenário negativo. Nossa colunista, Daniela Nogueira, reflete sobre o tema na coluna de hoje. Confira:

Foto: Norma Mortenson no Pexels

Rejeição e autoestima

Recentemente uma mãe entrou em contato comigo pedindo ajuda com um assunto que é muito doloroso para qualquer ser humano: a rejeição. Se dói na gente, imaginem ver o filho nesta situação?

É um daqueles momentos onde a mãe educadora deve prevalecer à mãe protetora e com grande sacrifício guardamos para mais tarde os sentimentos de coitadinho (leia-se: isso deve ficar entre nós adultos) e nos embuímos de coragem e poder. Nosso papel como pais não é o de ir até lá e resolver os problemas dos filhos, mas, sim, de preparar as crianças para lidarem com as situações sociais que a vida traz.

Em primeiro lugar, nossa atitude ao ver ou escutar, deve ser a de empoderamento da criança rejeitada. Tomando cautela para não colocá-la no papel de “pobre coitada”: superprotegendo-a e nem a bajular com elogios vazios. Usar o encorajamento ao lidar com as emoções ao invés de tentar alegrar logo a criança mostra que apesar de dolorida, a rejeição e outros problemas, podem ser manejados.

Vou começar com a autoestima. Ser rejeitado é algo que abala qualquer um, porém quando a autoestima vai bem e a criança tem forte a crença de que ela tem valor mesmo quando as coisas não dão certo, ela passará pela dor da rejeição, irá processar estes sentimentos e sair deles com dignidade. Não dá para excluir a parte ruim da vida, não conseguiremos estar atrás dos filhos a vida toda, mas podemos criá-los bem!

Autoestima não se compra nem dá pra emprestar, é algo que vamos trabalhando nos pequenos no dia a dia, especialmente em duas situações: quando eles fazem algo errado ou algo muito bom. Seu filho precisa saber que mesmo cometendo um erro ele é digno: de respeito e de ter outra chance.

Precisa saber que errar, derrubar algo, perder a compostura, bater, ir mal na prova da escola, fazer xixi na cama, ser rejeitado no play do prédio, NADA disso muda a pessoa que ele é e que a está se tornando. Na semana passada, nós conversamos sobre os elogios e como usá-los corretamente!

Foto: Josh Willink

Rejeição e empatia

Outra maneira de ajudar o filho ou o aluno que está sofrendo por causa de uma rejeição é oferecer empatia. Palavra tão comentada atualmente e que tem um significado profundo e transformador. Hoje em dia são muitas as fontes de informações destinadas aos pais sobre validar o sentimentos dos filhos e ajudar a nomeá-los, porém durante os aconselhamentos que faço, os pais relatam não saber o que fazer ou que não têm conseguido alcançar um lugar de tranquilidade com o filho.

Oferecer empatia vai além de se colocar no lugar da criança, de tentar compreender o que ela está sentido e dar um nome a esse sentimento: empatia também requer aceitação. A aceitação completa e genuína de que neste momento as coisas não vão bem na vida da criança e consequentemente, na nossa.

Os sentimentos (e o motivo que os causa) são o que são e aceitá-los significa que iremos lidar com eles ao invés de tentar fazê-los desaparecer. Os sentimentos têm começo, meio e fim; não há raiva, tristeza e nem alegria que dure pra sempre, com isso em mente fica mais fácil resistir à tentação de tentar livrar a criança (e nós mesmos) de passar por um momento ruim, no caso a dor e o desconforto da rejeição.

As crianças são extremamente inteligentes e seres humanos com alta sensibilidade, sabem quando estamos aflitos, com pressa de resolver as questões e este é o ponto que quero chegar sobre a empatia. Ela precisa ser praticada com autenticidade. Não adianta só falar “Poxa, você está triste” na esperança e na intenção que o choro passe, que a dor vá embora logo. Elas sentem isso e muitas vezes o tiro pode sair pela culatra, podem ficar ainda mais chateadas e frustradas.

Isso porque não se pode usar a empatia como uma técnica. Ela só funciona genuinamente! Pois na verdade o que está em jogo não são as palavras dos pais ou professores, mas, sim, a CONEXÃO emocional. Outro ponto importante é sobre COMO ajudar a nomear os sentimentos, pois nesta hora acontecem muitas projeções dos pais em cima dos filhos.

É essencial que a gente diga “você PARECE triste” e deixe um silêncio, um tempo de resposta para o que o filho confirme se é tristeza que ele estava sentindo ou se na verdade era raiva, por exemplo. Dê o seu melhor palpite e deixe a criança confirmar ou te corrigir. Muita hora nessa calma. Perdoem o trocadilho!

Oferecer empatia ensina às crianças que elas têm condições internas e externas para lidar com os altos e baixos da vida. Esse sentimento de empoderamento é que vai ajudar a criança durante a rejeição e como eu disse anteriormente, isso é feito no dia a dia e não na hora que riram do seu filho e ele não participou da brincadeira no pátio.

Continuando, uma vez que a gente acertou o que o pequeno está sentindo, podemos descrever a mágoa: “você estava contando que iam te chamar para brincar. Você queria que os amigos fossem mais gentis e legais.” Valide/reconheça os sentimentos e a situação, seja sincero e genuíno, não tente disfarçar a rejeição: “É difícil ser deixado de fora. É duro passar por isso/ É horrível quando riem da gente.”

E aqui vem a chave de ouro: “Você pode lidar com isso.”.

Neste momento, se conecte com a criança, eu usava muito a respiração com meus alunos. Respirar profundamente acalma a ansiedade e o stress, diminui a pressão arterial, relaxa os músculos, etc. Conte com a respiração nessas horas e durante o dia a dia também para que no momento de dificuldade a criança já esteja habituada a respirar profundo e esse é um presente que ela levará consigo para o resto da vida!

E poderá usar quando nós não estivermos lá para ajudar, por isso lembrem de praticar. Se a criança aceitar, ofereça um abraço. Se durante tudo isto seu filho chorar ainda mais, saiba que vocês estão no caminho certo. Chorar lava a alma, cura feridas, alivia angústias e a empatia e nosso apoio ajudam a criança a se apropriar dos problemas da vida dela e lidar com a realidade. Isto as coloca numa posição mais saudável e com mais poder para seguir em frente solucionando os problemas que aparecem.

Foto: Artem Podrez no Pexels

Rejeição e autorreflexão

Quero falar da importância de ajudar a criança a fazer uma autorreflexão! Ajudá-la a pensar sobre o que ela mesma pode estar fazendo que, de alguma forma, contribui para afastar os colegas e também o que ela pode fazer para mudar isso.

Vou dar um exemplo que aconteceu em sala de aula anos atrás com uma garotinha de 3 anos e meio. Ela era simpática, autêntica e inteligente, mas não se interessava por alguns aspectos de aparência e higiene que já incomodavam os colegas dessa idade. Vivia com o dedo no nariz ou com as mãos molhadas de terem sido postas na boca e o cabelo desgrenhado.

O que aconteceu é que após repetidas vezes sendo rejeitada para dar a mão nos deslocamentos pela escola, nas brincadeiras do pátio e trabalhinhos de mesa, ela finalmente veio falar comigo: “Dani, ninguém quer dar a mão pra mim!” e lá ia o dedo pra dentro do nariz!

Me lembro da nossa conversa: “Eu sei o porquê! Seus amigos gostam de você, o problema é que ninguém gosta de caca de nariz! Nem de mão molhada de baba. Eu mesma quero dar a mão pra você para irmos para a biblioteca, mas não quero encostar no dedo que foi no nariz. Seus amigos são crianças pequenas também, mas já percebem essas coisas. Eles gostam de mãos limpinhas.”.

Ela abriu um sorriso enorme, acho que ficou aliviada. Trabalhem isso no dia a dia com as crianças, a aparência geral bem cuidada é respeito com o próprio corpo e também com os outros. Ali começou um processo para essa garotinha em busca de suas amizades e no entendimento de algumas regras sociais.

Outros exemplos sobre ajudar a criança a olhar para ela mesma como participante do que acontece à sua volta são quando o filho/aluno fala certas coisas que magoam os colegas, quando cometem o “sincerocídio”. As crianças não aceitam de bom grado certas ofensas em grupo, é importante ensinar que devemos ser verdadeiros mas acima de tudo devemos ser humanos!

Junto com a famosa lição de não falar mentiras, nós educadores temos o dever de ensinar que não se deve falar tudo que se pensa em certas ocasiões ou corre-se o risco de perder alguns colegas e atrair a antipatia. Não é porque as crianças são pequenas que elas deixam de se encaixar nas regras de bom senso e convívio social. E o modo como se fala representa um espaço enorme em como os outros recebem nossas palavras. Vale a pena trabalhar isso com os pequenos.

Atitudes que também chateiam crianças e com isso elas podem excluir um colega são: exibir-se demais, contar vantagem o tempo todo, reclamar de tudo, humor fora de hora e, principalmente, não entender e não respeitar o sinal de que o colega não está gostando. Ter a percepção que o outro não gostou é essencial na vida.

Como vocês podem ver são sutilezas de alto impacto e que desenvolvem responsabilidade pessoal e empatia. Lembrem-se de acolher estas crianças usando compaixão e fornecendo a elas as habilidades que depois poderão usar sozinhas.

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.
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Pais em Ação | A importância do brincar livre e autônomo

Há algumas semanas, Dani Nogueira trouxe uma reflexão sobre as necessidades dos pequenos na primeira infância e como isso nos ajuda a escolher entre creche, escolinha e babá. Um dos pontos que nossa colunista levantou foi a necessidade da criança ter tempo para brincar livremente – sem interferência dos adultos no processo. Para entender mais sobre essa necessidade e como estimular esse brincar nos pequenos, confira a nova coluna do Pais em Ação:

Foto: Tara Winstead no Pexels

A importância do brincar

Brincar constrói a vida psíquica e é estruturante. Criança precisa brincar! Cuidem para que seus filhos tenham tempo suficiente para isto. O verdadeiro brincar é livre e auto induzido, senão transforma-se em atividade ou exercício – o que não tem nada demais, mas não é o verdadeiro brincar.

Tente pensar do ponto de vista de uma criança pequena e ao preparar um ambiente, deixe-o mais clean – sem muitas cores, barulhos e quantidade -, deixe alguns objetos e brinquedos dispostos de maneira que atraiam as crianças.

Anos atrás observei em silêncio uma descoberta do Bernardo, meu filho. Temos um banco comprido com ripas de madeira na sala e eu coloquei entre os espaços algumas baquetas de plástico. Be passou uns 10 minutos ininterruptos mexendo nelas, observando como se moviam nos espaços entre as madeiras, fez isso tanto pelo lado de cima, como por debaixo do banco. Ele subiu e desceu desse banco diversas vezes, testou outros movimentos e estava profundamente curioso e interessado. Então, por um certo período, sempre que eu preparava a sala para ele brincar eu deixava as baquetas ali para que, caso ele tivesse interesse, pudesse usá-las novamente.

Só depois que as crianças cansarem e forem para outro local é que devemos começar a guardar os brinquedos dando exemplo do que fazer. Não “arrume” a bagunça de um bebê enquanto ele brinca ou você corre o risco de interromper um raciocínio! Espere seu filho acabar o que está fazendo.

Outro dia ele e a irmã estavam jogando pedrinhas na água de um lago, depois de jogarem diversas vezes, fiz uma pergunta: “o que acontece na água depois que joga a pedra? Aparecem umas ondinhas.” Silêncio. Mais pedras arremessadas. Be observa e diz: “olha como fica grande!” sobre as ondas que se propagam pela superfície da água.

Apoiar uma criança em suas descobertas é um trabalho sério, é preciso aprender a não interromper, saber quando perguntar e mais ainda, quando calar. E assim permitimos que os pequenos construam foco, atenção e aprendizado significativo. Como disse um dos homens mais inteligentes do mundo, brincar é a forma mais elaborada de pesquisa! (Enquanto escrevia me questionei por que eu mesma respondi a minha pergunta da água!).

Como estimular esse brincar nas crianças?

Segundo Magda Gerber (educadora e expert em desenvolvimento infantil) os melhores objetos de brincar para bebês são aqueles que os permitem ser tão ativos e competentes quanto possível em todas as fases do desenvolvimento.

Para se sentir competente, nada melhor do que deixar o pequeno descobrir os objetos e quais formas de usar o brinquedo por conta própria! Eu sei, a tentação de “explicar” tudo às crianças é enorme, mas vê-los descobrindo as coisas é muito recompensador.

Para ser ativa a criança é quem precisa fazer o brincar. Seja abrindo e fechando a tampa de um potinho, montando blocos, amassando papel ou mesmo usando um objeto de forma diferente para o qual ele foi planejado. Enfiar o braço do ‘senhor cabeça de batata’ no nariz, por exemplo. Virar a cozinha de madeira de ponta cabeça e brincar com a parte do fundo ao invés da de cima. Misturar as cores das massinhas, não usar o freio de mão da bicicleta e brecar com os pés no chão, usar um bloco de madeira como telefone…a lista é infinita!

O importante é a criança liderar a própria maneira de brincar e de investigar o mundo através da sua curiosidade. Por isso aqueles brinquedos cheios de botões e luzes, tablets e afins não são os mais indicados, pois o bebê vira apenas um expectador, ele só precisa apertar um botão e o objeto brinca sozinho.

Quanto mais um brinquedo, tablet ou uma pessoa fizer durante a brincadeira, menos a criança terá oportunidade de fazer por conta própria, cada vez mais ela sentirá a necessidade de ser entretida pelo objeto ou adulto. A grande vantagem do brincar de forma independente é que estamos dando aos pequenos oportunidade de serem criativos, auto-confiantes e capazes, além de dar aquele tempinho livre para os pais.

Isto não quer dizer largar a criança num cômodo sozinha, quer dizer deixá-la direcionar a brincadeira sem a nossa interrupção para mostrar “como se faz” ou nossos constantes comentários. Às vezes, um olhar da mãe/cuidadora já basta. Ofereça os objetos comuns da casa ou brinquedos e deixe a brincadeira desenrolar naturalmente.

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.

 

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Pais em Ação: disciplina não é castigo

Na coluna do Pais em Ação dessa semana, Dani Nogueira traz um debate muito importante: o que é disciplina? Como educar sem punir ou castigar? Qual o efeito do medo no comportamento das crianças? Confira a opinião da nossa colunista sobre o tema:

Foto: Keira Burton

Medo não educa

Através do tempo e da cultura fomos ensinados e acostumados a usar o medo como ferramenta de disciplina: “deixa só seu pai chegar em casa”, “vou te dar uma razão pra chorar”, “vou largar você estatelado aqui no chão do supermercado”, “vou contar até 3” e por aí vai. Um problema com este tipo de educação é que o medo nos leva a agir com a área de luta ou fuga do cérebro, a parte mais primitiva e de sobrevivência. Este lugar nos deixa inconscientes de nossas ações.

Para ter autocontrole a criança depende do desenvolvimento e do funcionamento sadio do córtex pré-frontal frontal. E passar medo não ajuda em nada nesta equação. Sim, você pode até achar bobinho dizer que vai largar o filho no chão do shopping, mas a criança não sabe se isso é pra valer ou não!

Alguns pais podem se perguntar o que a “birra” do filho no supermercado tem a ver com palavras como córtex, cérebro, sobrevivência, luta ou fuga? Tudo. Por favor se acostumem com estes termos, leiam (de boas fontes) saibam que período do desenvolvimento o filho está e entrem em contato com este assunto pois assim vocês estarão mais bem equipados para fazer um bom trabalho educando.

Afinal, educar é um TRABALHO. Algo que exige tempo e dedicação. Ter a cooperação da criança é sempre melhor do que coagi-la. O foco dos pais é um fator decisivo no desenvolvimento dos filhos e no resultado diário na relação com eles: ao invés de como eu FAÇO o meu filho me obedecer, se perguntar como eu AJUDO meu filho a fazer boas escolhas e ser bem sucedido? Afinal, mais do que só nos obedecer, queremos desenvolver habilidades nos nossos filhos!

Disciplina é o que a gente faz enquanto espera que a criança amadureça

Quando falamos de disciplina e criança é importante lembrar que disciplinar é DIFERENTE de punir e que limite é diferente de castigo. Disciplinar quer dizer ensinar – e quem recebe essa disciplina é um pequeno aprendiz e não um danadinho.

Esse é um dos grandes passos para uma disciplina consistente e eficaz: lembrar que a criança ainda está aprendendo como deve se comportar. Pais e educadores têm o privilégio e a responsabilidade de ensinar as crianças a fazerem boas escolhas que os ajudarão a tornarem-se seres humanos mais amáveis e respeitosos – e como o mundo de hoje precisa disso!

Momentos que exigem de nós o maior esforço para disciplinar são também os momentos de maior oportunidade de aprendizado profundo. A disciplina é tão essencial quanto dar carinho e todos os cuidados que uma criança precisa. Isto inclui limites claros e constantes. Sim, iremos repetir mil vezes as mesmas coisas, essa é uma das razões pela qual educar cansa!

Um filho obediente depende de uma relação respeitosa e amorosa entre o adulto e a criança, pois não é possível liderar por muito tempo uma criança cujo coração você não ganhou. Isso se chama apego/attachment e inclusive previne a criança de obedecer a qualquer um.

Disciplinar (ensinar) NUNCA deve incluir ameaças, humilhação, causar dor física, medo ou fazer com que os pequenos sintam que estamos contra eles, isso só nos prejudica a longo e curto prazo. Disciplina (ensinar) deve fazer com que todos os envolvidos neste processo se sintam amados e seguros, mesmo diante de seus erros.

Aliás, queremos ensiná-los através dos erros e não castigá-los por terem errado de novo e de novo. Castigar a criança é aplicar uma punição por ela ter errado/se comportado mal. Disciplinar é o ato de tornar a criança responsável pelos seus próprios erros sem ter de adicionar sofrimento pelo que ocorreu. Sem distraí-la só pensando em seu castigo.

Pesquisas mostram que a curto prazo usar castigo ou punição podem funcionar, mas a longo prazo trazem resultados negativos. Já a disciplina funciona de maneira igual ou melhor e não apresenta nenhum resultado negativo a longo prazo, pelo contrário, os resultados se tornam cada vez mais positivos.

É possível disciplinar (ensinar) sem violência e punição. Dá para ser feito com respeito e a maturidade dos pais é a resposta para o comportamento imaturo dos filhos. Somos nós que temos que impor a ordem na casa, mantê-los seguros e orientar quando a impulsividade, o egocentrismo e a falta de consideração se apoderou dos nossos pequenos via imaturidade.

Não saia acreditando que sua criança não tem jeito ou que talvez não vá ser grandes coisas quando for adulto. Apenas se lembre de que amadurecer leva tempo – e, até lá, vocês dois precisam de vínculo, orientação e disciplina com respeito.

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.
ColunasPais em Ação

Como escolher a escolinha ou a creche?

Semana passada, a Dani Nogueira, colunista da Pais em Ação, compartilhou sua opinião sobre a (difícil) questão de creche, escolinha ou babá. No texto, a psicóloga e educadora defende a importância de respeitar o tempo e as necessidades dos bebês. Afinal, na pressa de darmos o melhor para os pequenos, podemos acabar atrapalhando fases importantes do seu desenvolvimento. Compartilhei o texto no nosso Instagram e comentei com nossas seguidoras que estou na fase dessa difícil escolha. Perguntei a elas quais haviam sido os critérios de escolha da escolinha e recebi tantas respostas que achei melhor reuni-las em um post aqui. Para complementar, peguei ainda dicas de especialistas sobre as perguntas você deve fazer antes de matricular seu filho em uma escolinha ou creche. Confira:

como escolher a escolinha

Foto: Yan Krukov no Pexels

Escolinha, creche ou babá: a visão das leitoras

Vocês mandaram dezenas de mensagens contando suas experiências pessoais. Foi possível encontrar relatos sobre as três opções e como isso funcionou para cada família. Veja um resumo da visão das leitoras sobre cada uma delas aqui:

Escolinha ou creche

Colocar os pequenos em uma instituição de ensino não é uma decisão fácil para muitas famílias. Afinal, é uma grande mudança na rotina dos pequenos e da família. No entanto, a maioria opta por esse caminho pelos mesmos motivos. São eles:

  • Maior interação com outras crianças;
  • Mais estímulos para desenvolvimento;
  • Aprender a se comportar convivendo com pessoas que não são da família;
  • Aprender algumas habilidades específicas (como outro idioma).

A maioria das famílias relatou estar feliz com a escolha. O único alerta foi para a escolha da instituição – segundo as mães, é preciso ter claro quais suas necessidades e expectativas para uma escolha assertiva.

Babá

Ter uma babá ainda é uma escolha entre famílias que não querem introduzir os pequenos em instituição de ensino nos primeiros anos. Para essas famílias, o conforto e a segurança do lar são importantes para o bom desenvolvimento das crianças e os estímulos de desenvolvimento podem ser dados pela cuidadora. E a interação com outras crianças pode ser feita em espaços de convivência – como parquinhos, pracinhas ou o play do prédio.

Outro ponto levantado por algumas mães é o das doenças. É comum que as crianças fiquem doentes com certa frequência quando estão na escolinha, já que existe um maior contato com outras crianças e o sistema imunológico ainda está em formação.

como escolher a escolinha

Foto: Lukas para Pexels

Quais os critérios para escolher a escolinha – segundo as mães

Na caixinha de perguntas do Instagram, vocês deixaram uma série de exigências para escolher o local que seus filhos vão estudar. Cada mãe tem seu filtro, mas muitos foram parecidos – então, reunimos aqui os critérios mais comuns entre vocês.

Proximidade de casa

Uma das questões mais abordadas pelas mães nas caixinhas foi a proximidade da escolinha ou creche com a casa. Esse ponto é importante por vários motivos: menor tempo de deslocamento, economia, maior facilidade para buscar a criança no período de adaptação ou caso ocorra algum problema, entre outros.

Acolhimento

Um ponto presente em quase todas as caixinhas é o acolhimento e carinho com as crianças. Como a Dani Nogueira citou em sua coluna, esse é um ponto importantíssimo para as crianças, principalmente até os três anos. No entanto, nem sempre é possível ter certeza desse fato apenas com uma visita agendada ao local.

Por isso, se esse ponto também é importante na sua escolha, veja algumas dicas das mães:

  • Converse com outros pais que têm filhos matriculados no local;
  • Pergunte aos profissionais quais atitudes são tomadas frente a situações comuns, como “manha” e não querer compartilhar um brinquedo;
  • Observe o comportamento das crianças durante sua visita e a relação delas com os funcionários;
  • Se a escola permitir visita não agendada, vá em momentos diferentes do dia para observar.

Número de crianças por cuidador

Esse critério é essencial para garantir que o acolhimento seja uma realidade. Afinal, como os cuidadores vão conseguir acolher e cuidar com atenção se estão sobrecarregados com o número de crianças? Quanto menor o número de crianças por cuidador, maior a chance do cuidado ser mais humano e acolhedor.

Fique atenta se o número de cuidadores é constante: em alguns locais, existem “monitores” que só atuam com as crianças em certos momentos, como na hora da refeição. No entanto, ao longo do dia, elas não trabalham junto com os cuidadores. Portanto, não devem entrar na conta de cuidador por criança.

* Segundo especialistas, o ideal para crianças de até 18 meses é de 1 cuidador para até 3 crianças. Para maiores de 18 meses, a relação é de 1 cuidador para 4 crianças.

Linha pedagógica

Um ponto destacado por muitas leitoras foi a linha pedagógica seguida pela escola. Esse fator é determinante para você saber qual a postura dos cuidadores para com as crianças, a rotina dela, quais estímulos serão apresentados e como isso será feito.

Estrutura da escola

A estrutura da escola foi apontada por diversas leitoras. A grande maioria disse que prefere locais menores e sem “aparência de escola”. Veja alguns critérios usados para analisar os locais:

  • Ventilação;
  • Natureza;
  • Espaço para brincadeiras ao ar livre;
  • Cozinha limpa e bem equipada.

Alimentação

Algumas escolinhas e creches fornecem as refeições e, nesses casos, ela também se torna um fator de escolha. O cardápio oferecido, a procedência dos alimentos (orgânicos ou não?), a cozinha onde os alimentos são preparados, como a comida é oferecida para os pequenos… Todos esses pontos são levados em conta na hora de selecionar.

Ensino bilíngue

A introdução de um segundo idioma – normalmente, o inglês – desde a primeira infância é um ideal de muitos pais.

como escolher a escolinha

Foto: Yan Krukov no Pexels

O que perguntar e avaliar na escolinha – segundo especialistas

Para complementar os conselhos das mães, reunimos as dicas de dois especialistas: Dani Nogueira, nossa colunista, e Daniel Becker, pediatra e sanitarista.

Separamos algumas perguntas-chave que os dois especialistas recomendam. Vamos separá-las em dois blocos: as que se referem ao cuidado com as crianças e as de estrutura e higiene.

Perguntas sobre cuidado, acolhimento e interações

Dani Nogueira, psicóloga e educadora, apontou algumas questões que devem ser feitas antes de fechar a matrícula em qualquer instituição. São elas:

  • Posso ver a agenda escolar/planner das aulas de vocês?

Avaliando o planner das aulas você consegue saber como é, de fato, dividido o tempo entre tarefas, tempo livre, brincadeiras ao ar livre e etc. Peça para ver o planner, já que nem sempre o que é dito é aplicado.

  • Gostaria de ver a rotina diária da turma do meu filho. Pode me mostrar a atual ou a do ano passado?

Essa é outra forma de avaliar como as atividades são distribuídas, os horários dados a cada uma, etc. Assim você pode avaliar, por exemplo, quantas horas de brincadeiras o seu filho tem disponível na agenda dessa escola.

  • Como é feito o uso de telas?

Durante a fase crítica da pandemia, as telas foram aliadas. No entanto, com o controle da doença e volta às atividades presenciais, o uso da tela, principalmente com as crianças menores, é desnecessário. Avalie se elas são usadas e veja se você concorda com essa dinâmica.

  • Qual a conduta da escola quando um aluno não está pronto ou não quer fazer uma das atividades propostas? Qual é o treinamento que vocês dão às professoras nesses casos?
  • Qual é o posicionamento que vocês recomendam para os cuidadores quando há conflitos, disputas de brinquedos e mordidas?
  • O que é feito se a criança faz birra? O que é feito se a criança descumpre uma regra? 

Todas essas perguntas são referentes à postura dos cuidadores frente a desafios comuns no cuidado com as crianças. Avalie se as respostas condizem com a forma que você escolheu educar seu filho.

Foto: Yan Krukov no Pexels

Perguntas sobre estrutura e higiene

No seu Instagram, o pediatra Daniel Becker compartilha diversas dicas para mães, pais e cuidadores. Separamos aqui algumas questões referentes ao ambiente escolar:

Higiene e alimentação

  • Há janelas amplas nos ambientes e se elas ficam abertas para boa circulação do ar?
  • Professores e funcionários usam PFF2?
  • Há álcool em gel disponível em todos os ambientes?
  • Qual o procedimento caso algum aluno, professor ou funcionário tenha sintomas de COVID-19 ou outra doença transmissível?
  • Avalie a limpeza de banheiros e da cozinha.
  • Onde são armazenados os alimentos?
  • Qual o cardápio das refeições?
  • É oferecido açúcar? Industrializados? É necessário avaliar tudo que pode ser oferecido, não só nas refeições principais, mas também nos lanches.

Estrutura e segurança

  • Há redes em todas as janelas e escadas?
  • O piso é antiderrapante?
  • Objetos pesados ou perigosos ficam fora do alcance?
  • Cozinha e áreas de risco para os pequenos ficam isoladas com portas adequadas?
  • Há extintores, plano de evacuação e preparação para incêndios?
  • Como é o chão embaixo dos balanços, trepadores e gangorras?
  • Os brinquedos estão em bom estado? É feita alguma manutenção?
  • O que é feito no caso de emergência ou acidente?
Como escolher a escolinha

Foto: Naomi Shi no Pexels

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