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O que é Golden Hour, a "hora dourado" do parto, e quais os benefícios?

Hoje é dia de estreia aqui no site! Sob o comando do ginecologista e obstetra Jorge Elias Farah Neto (CRM 126.525 | RQE 59579 | TEGO 184/2011), a coluna GESTAR irá responder todas as dúvidas que recebemos com frequência sobre o assunto. E é por isso que sua participação é super importante nos comentários aqui do site ou no nosso Instagram (@babies_cz). Para o debut, o dr. Jorge falará sobre a Golden Hour, tema que também fez parte do primeiro episódio do nosso Especial Amamentação no IGTV, com a consultora em amamentação Natália Rodrigues (quem não assistiu ao vídeo, clica neste link).

Vamos à coluna!

Olá pessoal!
Hoje a conversa é sobre o grande e esperado momento, a Golden Hour.
Vocês já ouviram falar ou conhecem?

( Foto: reprodução / Shutterstock )

O QUE É A GOLDEN HOUR?

Golden Hour (hora dourada) ou Magic Hour (hora mágica), momento de extrema importância para o bebê, é o período que vai desde o nascimento até completar os primeiros 60 minutos de vida do recém-nascido junto da mãe. Ele merece toda atenção sob aspectos familiar, emocional, psicológico e físico. Nesta fase é fundamental oferecer uma transição mais humanizada e leve para o bebê. Afinal, um momento muito esperado, lindo e aguardado durante os nove meses para finalmente conhecer o filho (a) merece todo cuidado e humanização da equipe assistente.

O que se faz nesta primeira hora?

O recém-nascido, em condições adequadas de saúde, deverá ser colocado de imediato, ou o quanto antes possível, em contato íntimo com a pele da mãe (tórax ou abdômen), a fim de reforçar o vínculo materno-fetal iniciado na gestação e que traz inúmeros benefícios.

Ela dura exatamente uma hora?

Não necessariamente. A Golden Hour é “dentro da primeira hora”. O mais importante é respeitar a primeira hora, tempo em que o bebê está mais desperto, mas não necessariamente o tem que ficar com a mãe durante 60 minutos. No entanto, quanto maior for esse tempo, maior estímulo ao vínculo materno-fetal.

OS BENEFÍCIOS DA GOLDEN HOUR PARA AS MÃES

Os benefícios vão da esfera física à emocional. Primeiro, a liberação do hormônio ocitocina (hormônio do amor), que ocasiona entre outras coisas a contração do útero, diminuindo o sangramento, facilitando a descida do leite, reduzindo o estresse e provocando a liberação da prolactina (hormônio responsável pela produção do leite). Em segundo lugar, mas não menos importante, dentre os benefícios emocionais está a redução do risco de depressão pós-parto e abandono do recém-nascido.

OS BENEFÍCIOS DA GOLDEN HOUR PARA OS BEBÊS

Entre eles, a melhora no desenvolvimento e crescimento da criança; facilitação da amamentação exclusiva nos seis primeiros meses; diminuição das infecções; melhora na adaptação ao meio extra-uterino; além da redução da mortalidade no primeiro ano de vida.

Incentivar o início da amamentação dentro da primeira hora de vida oferece maior tranquilidade a esse bebê. O colostro – aquela primeira secreção mais líquida e amarelada em sua maioria, rica em vitaminas, proteínas, carboidratos, anti-microbianos e anti-nflamatório – proporciona defesa em geral ao bebê (considerada a primeira vacina), além de facilitar o funcionamento do intestino.

Outro benefício deste contato entre mãe e filho é o favorecimento de uma melhor transição do comportamento do bebê ao sair do ambiente intrauterino (mais aquecido) quando colocado pele a pele, oferecendo assim um melhor ajuste dos batimentos cardíacos, uma manutenção da temperatura corporal e uma melhora da estabilização da glicemia fetal, reduzindo hipoglicemia entre outras complicações. Sentir o cheiro da mãe e estar em contato acalma esse bebê, reduzindo inclusive o choro.

Por que alguns bebês vão para o colo ainda com o cordão umbilical  ligado à mãe e outros não?

O ato de clampear e seccionar o cordão umbilical só deve ser feito após o término dos batimentos do mesmo, que normalmente ocorre entre 1 e 5 minutos após o nascimento. Isso oferece menor risco de anemia e carência de ferro na infância. E como estamos “correndo contra o tempo” para garantir uma Golden Hour completa, o bebê pode. sim, ir ao encontro do mãe com o cordão ainda intacto.

COMO GARANTIR QUE A GOLDEN HOUR ACONTEÇA NO SEU PARTO

Diante de todos os benefícios, a Golden Hour deveria ser uma rotina de toda equipe, porém não é. Algumas equipes e maternidades fazem, outras não. Com certeza o parto sendo realizado pela mesma equipe/médico do pré-natal, todos os passos são orientados durante as consultas, fazendo parte da continuidade da assistência.

Os pais precisam combinar com a maternidade? E em casos em que o parto é feito pelo plantonista do hospital?

Não depende de alinhamento com a maternidade, e sim com o médico. O único fator determinante é o bebê nascer bem e saudável, porque todos os hospitais hoje têm estrutura para realizar o procedimento, independente do tipo de parto, vaginal ou cesariana. Caso o parto seja feito pelo “plantão” (equipe médica do hospital) e não pela equipe de pré-natal, esse período talvez não seja tão “mágico” assim pela falta ou pouco vínculo junto da equipe de plantão!

Os exames de praxe podem ser feitos após a “hora dourada”?

Tudo isso depende de como o bebê nascer. Nascendo bem, respirando sem dificuldades e estando corado, ele deverá, sim, ser colocado diretamente no colo materno, e só depois a neonatologista o examinará. Quem define esse passo é sempre a neonatologista, porém todos esses sinais (respirando bem, estar corado, com bom tônus, frequência cardíaca adequada) já são avaliados de imediato pela equipe obstétrica no nascimento e pela neonatologista (são sinais clínicos que observamos, e que não precisam de nenhum aparelho).

Este fluxo, no entanto, não ocorre em todas as maternidades. Nos hospitais “amigos” da criança são onde mais ocorre. Por isso, muitas famílias acabam não tendo a Golden Hour adequada ou da forma que esperavam. Hospitais com grandes volumes de partos, carência de funcionários, pouca estrutura, equipes não bem treinadas terão menores índices de sucesso da tão esperada Golden Hour, deixando de oferecer todos os benefícios inerentes a este período.

E é importante salientar também que tudo o que foi falado se refere a partos em condições normais. Bebês prematuros, partos de urgência, entre outras variáveis, sempre deverão ser avaliadas primeiramente pela neonatologista por motivo de segurança. Isso não é uma escolha, mas sim excelente conduta.

O que pode tornar a Golden Hour ainda mais mágica?

Muitas maternidades dispõe de Wi-Fi e bluetooth nas salas de parto. O paciente, junto da equipe médica, pode escolher sua playlist. Sou a favor também da redução das luzes, pelo menos no momento do nascimento, permitindo uma transição mais amenizada da saída do ventre materno. E quem define esse passo é o médico obstetra.

É POSSÍVEL TER GOLDEN HOUR EM CESÁREA?

Tanto parto vaginal (normal ou fórceps) quanto parto cesárea ou cesáreo podem proporcionar a Golden Hour. Talvez, a grande diferença esteja naqueles partos vaginais naturais (espontâneo e sem anestesia) onde a mãe tem toda mobilidade preservada já que não foi anestesiada, facilitando ainda mais esse momento.

Assim e diante de todas essas afirmações positivas baseadas em evidências e recomendado tanto pela OMS (Organização Mundial de Saúde) quanto pela AAP (Associação Americana de Pediatria), não há dúvidas de que toda equipe multidisciplinar de assistência ao parto deverá oferecer à parturiente e família o atendimento mais humanizado possível.

Se ainda ficou com alguma dúvida, deixe aqui nos comentários que responderei o quanto antes.

Até a próxima coluna,

Dr. Jorge Farah Neto

Ginecologista e obstetra, o Dr. Jorge Elias Farah (CRM 126.525 | RQE 59579 | TEGO 184/2011), da Clínica Ginevra, aborda na coluna GESTAR os mitos e verdades da gestação e do parto, e responde as principais dúvidas das mães.
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3 Comentários

  1. Daniela Blanco 12 de agosto de 2020

    Melhor , médico , amigo, dedicado, preocupado,competente!!
    Dr Jorge sou sua fã!!
    Obrigada por tod dedicação comigo e com minha família.
    Bjos

  2. Taisa Montagner 12 de agosto de 2020

    Matéria top sobre Hora Dourada, excelente profissional… parabéns Dr. Jorge Farah Neto!! Aguardamos ansiosamente a próxima matéria

  3. Mariana Meneses Vaz de Mello 18 de dezembro de 2020

    Dr. Jorge Neto, vi muitos relatos de mães que fizeram a hora dourada mas depois o bebê engasgava muito com o leite, pois não foi realizada aquela “limpeza” logo que o bebê nasce. O que fazer para evitar isso, objetivando manter a hora dourada e não ter que submeter o bebê a esse procedimento?
    Obrigada e um abraço.

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