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Meu leite é insuficiente para meu bebê. O que posso fazer?

No Agosto Dourado, mês de incentivo à amamentação, vamos conversar sobre questões que levam ao desmame precoce. Respeitamos todas as escolhas das mães, não achamos que o fato de amamentar torna uma mãe melhor do que a que não amamenta, não achamos que o peito é a única forma de criar vínculo com o bebê e não achamos que a mãe que não consegue amamentar quanto gostaria deva sentir culpa por isso! Mas sabemos que muitas mães criam uma expectativa em torno da amamentação que, às vezes, acaba não sendo realizada por motivos diversos. 

E pela nossa troca de mensagens com mães no Instagram, uma das razões mais citadas que levou ao desmame precoce foi o “leite insuficiente“, que precisa ser complementado com fórmula e isso, consequentemente, acaba levando o bebê a largar o peito. Para algumas mães, isso não é problema algum; outras, gostariam de estender o período de amamentação, ainda que não de forma exclusiva, por mais tempo. Se você está no segundo time, esse post é para você! Conversamos com a enfermeira e consultora internacional em lactação IBCLC, Juliana Dalossi (@dolcematernidade), para explicar mais sobre esse quadro: por que a produção de leite é insuficiente, como lidar com a introdução da fórmula caso você deseje continuar amamentando, e o que é possível fazer para aumentar a produção de leite

Antes, só gostaríamos de lembrar que leite insuficiente não significa leite fraco. Não existe leite fraco, como conversamos nesse post. O leite materno é sempre a melhor fonte de alimento para o bebê, porque entrega exatamente o que os pequenos precisam – dos nutrientes aos anticorpos, que os mantém protegidos de diversas doenças. A questão do leite insuficiente é da quantidade produzida, e não da qualidade! 

leite insuficiente

O que leva ao quadro de produção insuficiente de leite?

O que chamamos de “leite insuficiente” é a baixa produção de leite – situação que, na maioria dos casos, pode ser revertida. O primeiro ponto é entender como funciona esse processo: o peito da mãe é uma fábrica, não um estoque. Isso significa que o leite é produzido por mamada e, quanto mais a mama for esvaziada, mais ela enche. O tamanho dos seios não interfere no volume de leite – quem tem seios pequenos pode amamentar sem problemas.

Quem avisa o corpo que é necessário produzir leite é a sucção correta, feita por bebê ou bomba. Por isso, o principal ponto para boa amamentação e boa produção de leite é o manejo correto, ou seja, a pega do bebê precisa estar certa para que o estimulo seja eficaz. Sem isso, o bebê não consegue sugar leite suficiente e o corpo não entende que precisa produzir mais leite.

O manejo inadequado é o fator mais comum de baixa produção de leite. Aqui, além da pega incorreta, também podemos incluir o uso de bicos de silicone como fatores que prejudicam a amamentação e produção de leite. Assim, o primeiro passo é garantir a mamada correta.

Juliana esclarece que há outros fatores que favorecem a baixa produção: “Mulheres com mamoplastia redutora, hipoplasia mamária ou tecido glandular insuficiente e tumor de hipófise podem ter problemas na produção”. Em todos os casos, é preciso de acompanhamento com uma profissional da amamentação. Muitas vezes, o manejo correto já garante a continuidade da amamentação, ainda que não de forma exclusiva.

Como identificar se a produção de leite está baixa?

É possível identificar a baixa produção de leite acompanhando a evolução do bebê. Se ele está crescendo, ganhando peso e evoluindo bem, não há motivos para preocupação. 

Quando o bebê não está alcançando esses pontos, é preciso procurar qual o fator que está levando à produção insuficiente. “Primeiro, avaliamos se essa mãe está amamentando sem bicos artificiais e com manejo adequado. Se sim, vamos investigar se há um dos fatores de risco. Na maioria dos casos, o problema está no manejo“, explica Juliana.

O que pode ser feito para evitar a baixa produção de leite?

Juliana é categórica: “Tenha uma consultora de amamentação desde a gestação. Mulheres que são bem avaliadas, que têm informações, que entendem como funciona seu corpo, tendem a ter menos problemas na amamentação. É melhor prevenir e estar bem preparada, do que esperar acontecer um problema para procurar ajuda”.

Esse apoio profissional garante o bom manejo da amamentação: a pega correta, cuidado com os seios e outros pontos. Com o bebê estimulando, a produção se equilibra para ser exatamente na quantidade de que o bebê precisa.

A livre demanda ajuda?

A livre demanda é sempre recomendada, pois garante que as necessidades do bebê estejam saciadas no tempo que ele precisa. No entanto, Juliana reforça: “Essa amamentação deve ser eficiente e feita da forma correta. Se é livre demanda, mas com manejo inadequado ou fator de risco sem acompanhamento, pode não ser efetivo”.

Extrair o leite com bomba aumenta a produção? 

A extração de leite com bomba pode ser utilizada para ajudar no aumento da produção. Existe, inclusive, uma técnica chamada Power Pump para ser utilizada nesses casos. É um método de estimulação intensa com a bomba de extração, em certos horários e por um determinado tempo – e deve ser feita sempre com acompanhamento profissional.

Juliana alerta: “Essa técnica deve ser usada junto com a livre demanda inteligente, manejo correto da amamentação e acompanhamento de um profissional para resultados efetivos”. Além disso, a consultora de amamentação lembra que a técnica não é para todos os casos: “É preciso avaliar caso a caso. Algumas mães já estão sobrecarregadas com a livre demanda e o Power Pump se torna uma tarefa extra. É uma decisão tomada junto com cada mãe”.

O que fazer quando a mãe já introduziu a fórmula? É possível voltar a amamentar exclusivamente no peito?

É possível voltar a amamentar apenas no peito mesmo depois de introduzir a fórmula. Para isso, é preciso que a mãe faça todo o acompanhamento para aumento da sua produção natural. Depois, a retirada da fórmula é feita aos poucos. “Retirar a fórmula é um processo que precisa ser acompanhado de perto pelo pediatra e pela consultora de lactação“, explica Juliana. “Deve-se checar se o bebê está mantendo a evolução de crescimento e ganho de peso e que a mãe está dando conta de produzir tudo que o bebê necessita”.

Algumas mulheres precisam manter o uso da fórmula, mas isso não precisa atrapalhar a amamentação no peito. O “segredo” está na forma de oferecer a fórmula, para que não tenha confusão de bico e fluxo ou desinteresse pelo peito.

Como oferecer a fórmula ou leite extraído?

Para garantir que o bebê não perca interesse em mamar no peito, é preciso oferecer a fórmula ou leite extraído em itens com baixo fluxo e totalmente diferentes do peito da mãe. “Muita gente acredita que o melhor é escolher algo parecido com o peito, mas é um tiro no pé. O ideal é usar apetrechos seguros, como: copo 360, copo aberto, colher, copo de transição (com bico rígido e sem válvula) e colher dosadora. A sonda também é segura, mas é preciso ter um acompanhamento próximo para que não cause confusão de fluxo no bebê”, explica Juliana.

Converse com seu pediatra e consultora de amamentação sobre os prós e contras de cada forma de oferecer o leite e escolha a que mais se encaixa na sua rotina. Os métodos podem ser menos práticos do que a mamadeira, mas é uma das chaves para manter a amamentação no peito.

E se o leite secar?

Em uma mãe sem fatores de risco e sem uso de medicamentos, só se pode dizer que o leite secou se não houver nenhuma extração, feita pelo bebê ou por bomba, por quarenta dias. Antes disso, o que pode ocorrer é uma desregulação nos hormônios ou queda na produção.

A ocitocina, por exemplo, é o hormônio responsável pela saída do leite. Se houver alteração, você pode enfrentar dificuldades na saída do leite, mesmo produzindo. Uma das causas de alteração da ocitocina é o estresse. Portanto, cuidar do emocional é essencial durante a amamentação! É importante manter a estimulação efetiva e procurar ajuda profissional

Juliana reforça: “Confiem nos seus corpos! Aprendam mais sobre como funciona a produção do leite, a manejar corretamente a mamada e procurem ajuda sempre que precisarem”.

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Leia mais: Mastite: o que é, sintomas, prevenção e tratamento

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