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Como ensinar o bebê a dormir

Nos posts anteriores, compartilhei dicas de seguidoras para fazer o bebê dormir, depois expliquei como funciona o sono do bebê e listei 15 motivos comuns de noites mal dormidas. Agora, chegou o momento de falar como ensinar o bebê a dormir. Embora saiba que esse post foi muito aguardado, gostaria de reiterar que não sou especialista em sono! Tudo o que posso oferecer aqui é a minha experiência pessoal e um resumo do que aprendi em livros, consultoria e cursos. Se essa série de posts lhe ajudar, ficarei muito feliz! Se não, não desanime e procure ajuda profissional.

Se comentei antes que não há consenso entre os especialistas de sono em torno de vários pontos, é justamente em relação à maneira de ensinar o bebê a dormir que percebi as maiores discordâncias! Um livro assegura que não há mal algum em deixar o bebê chorar; o outro, que não pode deixar chorar porque causa danos psicológicos no bebê. Uma especialista diz para não pegar o bebê no colo de jeito nenhum; a outra, que pode pegar, se colocar de volta no berço logo em seguida. Alguns dizem para intervir primeiro só com a mão e, apenas se necessário, falar algo; outros afirmam que é melhor tentar acalmar o bebê primeiro com algum som (como shhhh ou uma frase curta) e se não funcionar, aí, sim, encostar no bebê. Poderia continuar apontando as divergências por horas. Fato é: se até os especialistas parecem não saber de fato o que é para fazer, imagine a gente! rs

Brincadeiras à parte, concluí que há pontos principais em relação aos quais a maioria concorda. Então, vamos a eles?

ensinar o bebê a dormir

DO QUE É PRECISO PARA CONSEGUIR ENSINAR O BEBÊ A DORMIR?

Antes de tudo, consistência e paciência. Essas são palavras mágicas no processo de ensinar o bebê a dormir!

Consistência significa manter-se firme no método que você escolher, para passar uma mensagem clara ao bebê. Se um dia você decide fazer um ritual do sono X e, no outro, faz Y; se um dia leva para dormir na cama, mas, no outro, não; se um dia amamenta quando chora e, no outro, não; enfim, se muda muito “as regras do jogo”, o bebê fica sem entender quais são as regras. Isso não quer dizer que você não tenha nenhuma flexibilidade, mas tome cuidado com a inconsistência.

Paciência é do que precisamos sempre, na maternidade, mas ainda mais ao ensinar o bebê a dormir. Os resultados não surgem do dia para a noite, por isso é importante persistir. Em todos os cursos, livros, etc, dizem que é possível alcançar bons resultados em 10, 15 dias. Para quem está exausto, há meses sem dormir, parece muito tempo. Mas ter esse prazo como meta ao fim do túnel pode motivar a enfrentar os momentos mais difíceis.

Dá para para fazer isso sozinha? Por tudo o que vi, dá. Mas se a mãe tiver alguém para ajudá-la, é bem melhor. O desmame noturno do Luis Felipe, por exemplo, só foi possível porque a babá me ajudou – em duas noites seguidas, ela não me chamou para amamentar (lembrando que sabíamos que não era fome, porque ele se alimenta muito bem de dia). Ela conseguiu acalmá-lo de outra forma, ninando-o novamente até que dormisse. Sozinha, eu teria cedido e amamentado, com certeza!

Dois bons conselhos que podem ajudar no processo de ensinar o bebê a dormir: 1) revezar o turno noturno com o marido a cada 2 noites, assim, cada um tem 2 noites completas de sono e 2) começar numa sexta-feira, já que as primeiras noites são as mais difíceis e os pais podem se revezar para descansar de dia no dim de semana.

AMBIENTE DO SONO

Como é o ambiente do sono do bebê? Acho que essa pode ser a primeira coisa a se verificar (até porque é a mais simples de ajustar!rs). O ambiente ideal tem:

  • Temperatura: 22-23ºC (se você não tem ar-condicionado, indicam ventilador não direcionado ao bebê e se for de teto, no modo exaustor)
  • Luminária com luz amena para o ritual do sono ou para atender o bebê nos despertares (falarei mais disso no tópico Rotina do Sono)
  • Black-out nas janelas (para o bebê não despertar com os primeiros raios de sol)
  • Aparelho (ou iPhone/iPad) de ruído branco (para acalmar o bebê e amenizar sons externos)
  • Difusor com aromas relaxantes (não é fundamental, mas ajuda)

*Sobre a escuridão do quarto, na hora de dormir, no curso da Little Z’s a especialista diz que se você colocar a mão na frente do rosto e enxergá-la, é porque está claro. Ela indica não apenas o black-out, como também rolo para cobrir a fresta da porta. É escuridão total!

**Aqui em casa, desisti do ruído branco. Sempre coloquei uma música relaxante (Meditation, do app The Wonder Weeks) para ninar o Luis Felipe e, depois, colocava um som de chuva durante a noite (do app Sound Sleeper). Como não percebi nenhuma influência positiva no sono dele (continuava despertando no meio da noite e continuava acordando cedo pela manhã), com o tempo, acabei tirando. Maaaas todos os especialistas super recomendam o ruído branco! Então, na dúvida, coloque. A música de ninar eu continuo usando e acho que ajuda.

ROTINA

Não vi nenhum especialista que não acredite na importância da rotina para o bebê. Porque ela traz previsibilidade, segurança e atende as necessidades dele. A questão é: como criar uma rotina adequada para o seu bebê?

Lembram que falei no post 3 que a rotina pode estar desalinhada com o relógio biológico do seu filho? E que uma rotina desalinhada pode resultar nas batalhas na hora de dormir (seja no momento das sonecas ou à noite), porque os horários não batem com o momento em que o bebê sente sono? Pois bem, é por isso que se deve tomar cuidado com rotinas prontas (de livros ou da internet). Passei meses tentando seguir rotinas pré-fabricadas e não foi legal.

É muito comum a gente ver tabelas que dizem assim: para bebê de X meses, o intervalo entre cada soneca é de Y horas. Foi no curso da Little Z’s que descobri que os intervalos em que o bebê fica acordado não são necessariamente os mesmos ao longo do dia! Essa informação me libertou para redesenhar a rotina do Luis Felipe de uma maneira completamente diferente. Me baseei na rotina sugerida pelo pediatra + na rotina de uma nutricionista infantil + na rotina sugerida no curso da Little Z’s + na observação dos sinais de sono do Luis Felipe. Comecei a partir do horário em que ele acorda e do horário em que vai dormir, e aí desenhei a rotina dele entre esses dois horários principais. No fim, cheguei a uma rotina em que o primeiro intervalo acordado é mais curto, o segundo é médio e o terceiro é longo.

Quais são os horários ideais? Cada bebê é único e, claro, depende da fase em que está. Para os bebês que já estão com o ritmo circadiano estabelecido, os especialistas dizem que o horário de dormir à noite deve ser entre 12h-13h depois do despertar matinal. O Luis Felipe, por exemplo, acorda às 6h e dorme por volta das 19h (às vezes, um pouquinho antes; às vezes, um pouquinho depois). Existe um horário limite para o bebê dormir? Dizem que, idealmente, o bebê deve dormir até às 20h. Em relação às refeições, para aqueles que já comem, os horários indicados giram em torno de 7h-8h para o café da manhã, 11h-12h para o almoço e 17h-18h para o jantar. Estou colando esses horários aqui só para dar uma noção… afinal, cada casa tem uma dinâmica.

Os pontos principais na rotina, a meu ver, são: hora de acordar, de se alimentar, das sonecas e de dormir. Na minha experiência, não muda muito se as atividades entre uma coisa e outra variam. Por exemplo, se o passeio de carrinho na praça um dia é pela manhã e no outro é à tarde, não interfere no sono do Luis Felipe (talvez possa interferir para outros bebês…). Em relação aos horários de se alimentar, amamentei o Luis Felipe seguindo uma rotina de mamadas até começar a Introdução Alimentar. E quando começam a comer, os bebês costumam ter horário para as refeições. Portanto, não sei como se desenha a rotina do bebê quando a mãe amamenta em livre demanda (antes da Introdução Alimentar). Não estou dizendo que seja impossível, nem que a mãe não deva amamentar em livre demanda, apenas que eu não sei como se faz porque não foi o meu caso. Mas uma coisa é certa: para dormir bem, à noite ou nas sonecas, o bebê precisa estar bem alimentado. Bebê com fome acorda. E o inverso é verdadeiro: para se alimentar bem, o bebê precisa estar descansado. Bebê com sono, normalmente, não come direito. Por isso é importante casar bem os horários.

A Dra Angélica Rabelo (pediatra especialista em sono, que adoro) sempre fala da importância de se perceber os sinais do sono do bebê para colocá-lo para dormir na hora certa. Além do bocejo, alguns exemplos de sinais de sono são: coçar os olhos, esfregar a orelha, puxar o nariz, olhar parado para o infinito, perda de interesse nos brinquedos, ficar molinho, não se sustentar mais sentado ou em pé… O choro também é um sinal de sono, mas um sinal tardio – ou seja, precisamos estar atentas aos primeiros sinais, antes de chegar ao ponto do choro! A pegadinha é quando você tem um bebê elétrico, como o meu, que nem sempre dá sinais de sono. Tem vezes que o Luis Felipe está brincando normalmente quando dá a hora da soneca (segundo a minha rotina) e eu fico observando se ele demonstra cansaço e nada… espero mais um pouco e nada… aí, para não passar demais da hora da soneca, pego ele no colo. É só encostar a cabecinha no meu braço que o sapeca fecha os olhos! rs Falarei mais das sonecas no próximo tópico.

Por fim, por que dizem que a rotina deve ser flexível? Porque bebês não são robôs. Então, a gente precisa prestar atenção nos acontecimentos do dia para ir ajustando a sequência. Por exemplo, quando o Luis Felipe faz sonecas muito curtas, dorme à noite um pouquinho mais cedo (para não entrar em efeito vulcânico). Quando ele ainda está com muita energia na hora do ritual do sono noturno, fico mais tempo com ele antes de colocá-lo no berço, para evitar batalha no berço, o que acaba atrasando um pouquinho a hora de dormir… e assim, vamos adaptando.

JANELAS DE SONO

Se você já leu alguma coisa sobre ensinar a dormir, já deve ter visto esse termo. Só gostaria de dizer que, apesar de amplamente usado, detesto as “janelas de sono”! Primeiro, porque sua definição diverge. Segundo, porque é muito irritante quando a pessoa fala “a janela do sono está se fechando”! Nem sei explicar muito bem o porquê, mas esse conceito me exaspera e só me atrapalhou! Quando parei de pensar em janela de sono, e pensei nos intervalos acordados (sem a rigidez do relógio), é que as coisas fluíram para mim.

Se você já conhece, gosta e faz uso do conceito das janelas de sono, maravilha. Siga assim.

SONECAS

Como falei nos posts 2 e 3, o sono noturno é reflexo do dia. E não há especialista no assunto que não diga e repita: bebês precisam fazer sonecas revigorantes! 

Muita gente estranha essa ideia (principalmente pais e avós que não estão atualizados no assunto…rs) e acredita que é justamente o contrário: que o melhor é deixar o bebê bem cansado para que ele “capote” à noite. Seguindo essa estratégia, é bem mais provável que se tenha um bebê chorando, em estado vulcânico pelo acúmulo de cansaço (como falei no post 3), do que um bebê dormindo como um anjinho.

E o que é uma soneca revigorante? É uma soneca de, pelo menos, 1 hora, da qual o bebê acorda felizinho, com carinha de descansado. “Ah, mas meu bebê acorda super descansado depois de 40min de sono!” Que bom! É fácil alcançar essa meta de sonecas longas? Aqui em casa, não. Continua sendo um desafio, para falar a verdade. O Luis Felipe não gosta de fazer sonecas, fica irritado quando se inicia o ritual de sono da soneca (falarei disso no próximo tópico) e chora. Apesar de tudo isso, quando apago as luzes e ele encosta a cabeça no meu braço, dorme rápido! rs Ou seja, a resistência dele não é por falta de sono, é porque quer brincar mesmo. E não sei por que, tem vezes que dorme 30 minutos e tem vezes que dorme 2 horas… E tem vezes que ele dorme 30 minutos, não consigo ajudá-lo a dormir mais, e ele acorda bem. Vá entender… Outra curiosidade: consigo fazer ele dormir sozinho no berço, mas nas sonecas ainda não consegui.

Qual é o ambiente ideal para sonecas? Tem gente que acha que só pode ser no berço, para o bebê entender que ali é o lugar de dormir. Há quem diga que o ideal é no carrinho, de modo que quando os pais estiverem fora (ou em uma viagem), não tenham grandes problemas no horário da soneca. Alguns dizem que o bebê precisa se acostumar a dormir com barulho, para não ficar “fresco”. Há quem diga que as sonecas não devam ser no escuro, para o bebê não confundir soneca com sono noturno…. Já li/escutei muita coisa a respeito das sonecas. E a minha conclusão é: o bebê pode dormir em qualquer lugar, de qualquer jeito, contato que seja confortável para ele.

Quando era pequenininho, o Luis Felipe fazia soneca em qualquer lugar, no carrinho, de dia, com barulho… hoje, não mais. Quando a Little Z’ disse que as sonecas poderiam (ou deveriam, em alguns casos) ser em ambiente totalmente escuro, como no sono noturno, o processo de colocá-lo para fazer soneca melhorou muito! O Luis Felipe fica muito ativo com qualquer estímulo – e qualquer coisa é um estímulo, até o toque do lençol! rs Portanto, é praticamente impossível que ele relaxe durante o dia se estiver vendo o que está ao redor. Mesmo se fizer um ritual antes, mesmo se tomar um banho antes, não importa, ele não relaxa antes da soneca.

RITUAL DO SONO

Outro ponto em comum entre os especialistas, independentemente do método ou da linha seguida: deve-se fazer um ritual antes de colocar o bebê para dormir, para o bebê entender que está chegando a hora de dormir.

Entendo a lógica por trás e quem sou eu para discutir a importância do ritual?! Mas confesso que essa ideia me assustava, principalmente, porque ela muitas vezes vem seguida da palavra “relaxante”! E isso eu nunca consegui fazer aqui em casa!

Uma frustração que tive foi não ter conseguido fazer shantala no Luis Felipe, porque ele não aceitava. Dizem que o banho relaxa, mas ele fica super agitado no banho porque ama água e sai chorando da banheira (mesmo avisando tempos antes que vai terminar o banho). Se pego um livrinho para ler, ela fica batendo no livro, morde, tenta arrancar as páginas, joga no chão… Até mamando, um momento em que ele deveria ficar relaxado, ele arranja um jeito de agitar – e muitas vezes dá até gargalhada com o peito na boca. E quando ele vê as cachorras no quarto, então? (Não, não dá para deixá-las do lado de fora, porque daí elas arranham a porta para entrar, latem…)

Portanto, segui a orientação: temos um ritual simples, ou seja, uma ordem dos acontecimentos (banho -> pijama -> colo -> mamar -> berço), mas “relaxante” não posso dizer que seja… De todo modo, a essa altura, imagino que ele já deva ter captado a mensagem do que está por vir quando o coloco o pijama.

Não duvido que o ritual ajude, mas considero ainda mais importante que o bebê esteja de fato com sono na hora de dormir.

E um ponto interessante que a Dra Angélica Rabelo falou um dia: para diminuirmos a luminosidade do quarto aos poucos. A luz atrapalha a produção de melanina (o hormônio do sono), mas não quer dizer que você deva apagar a luz de supetão. Primeiro, fique um tempo com a luz do abajur por um tempo, isso já vai ajudar a baixar a energia do bebê também. E na hora de dormir, apague tudo.

Ah, vale lembrar que também é indicado fazer um ritual, por menor que seja, nas sonecas também. Que seja entrar com o bebê no quarto no colo, ligar uma musiquinha relaxante e fechar as cortinas – uma simples e repetida sequência de acontecimentos já é suficiente.

ELETRÔNICOS SÃO PROIBIDOS. BRINQUEDOS ALUCINANTES NÃO SÃO RECOMENDADOS.

Segundo a OMS, bebês não devem ser expostos a telas (celular, iPad, televisão e afins) até os 2 anos – em nenhum horário. Há vários estudos científicos dos prejuízos neurológicos para os bebês, basta jogar no Google para achar inúmeros artigos. Mas se o seu bebê faz uso de telas durante o dia, evite-as perto dos horários de dormir (=sonecas e à noite). Brinquedos alucinantes (o apelido que dei para aqueles que fazem barulho, piscam, tocam música, tudo ao mesmo tempo), assim como brincadeiras muito estimulantes, também devem ser evitados antes de dormir. Lembre-se, o objetivo é relaxar o bebê.

ENSINAR O BEBÊ A DORMIR SOZINHO

No post 3, falei bastante de como a incapacidade de adormecer sozinho atrapalha o sono noturno, pois o bebê não consegue voltar a dormir sem ajuda de seus despertares normais. Porque não é que o bebê não acorde durante a noite, é que ele deve ser capaz de adormecer novamente sozinho. Isso é que significa “dormir a noite inteira”.

Pois bem, e como alcançar essa graça? Identificando as associações negativas (alguns exemplos no post 3) e livrando-se delas. É fácil? Com certeza, não! Tive sorte de a associação negativa do Luis Felipe ser branda… Infelizmente, não sei como agir em casos mais graves. Nesses, acho que realmente é preciso procurar ajuda profissional.

Como contei no post 3, o Luis Felipe só dormia no colo. Na primeira tentativa de ensiná-lo a dormir (aos 6 meses), tentei fazer a transição colo-berço de maneira suave. Fui colocando ele no berço cada vez mais sonolento (mantinha a minha mão nele, dentro do berço), até que cheguei ao ponto de conseguir colocá-lo quase acordado. Estava funcionando… mas por conta do trabalho, tive que delegar essa tarefa por uma semana e ele voltou para o colo.

A segunda tentativa, já aos 9 meses, foi diferente. Fiz um aconselhamento com a Daniela Nogueira (do Pais em Ação), e ela sugeriu que, antes de tudo, eu conversasse com o Luis Felipe, explicasse como seria a nova dinâmica (que ele ia dormir sozinho no berço, que era melhor para ele, para ele descansar bem, etc), mostrasse bem o berço para ele ainda acordado, mostrasse a poltrona onde eu ia ficar, ao lado do berço… Enfim, eu deveria explicar o que eu esperava dele. Pode parecer estranha ideia de que bebês tão novinhos entendam o que estamos falando, mas a psicanalista e pediatra Françoise Dolto, que é um ícone na França, defende que devemos falar com os bebês e explicar-lhes as coisas desde que nascem.

Fiz tudo isso e, nesse dia, coloquei o Luis Felipe no berço totalmente acordado. Ele ficou quase uma hora brincando dentro do berço – batia na parede (nos bichinhos do papel de parede), ficava em pé, sentava, ia para um lado e para o outro… Quando vi que ele começou a ficar molinho, comecei a dar boa noite para os bichinhos de pelúcia e apaguei a luz. Então, disse que ia ajudá-lo a dormir, e com uma mão na bochecha dele e a outra no corpinho, conduzi ele para que se deitasse. Ele tentou levantar mais algumas vezes, ajudei-o a se deitar repetidamente (de uma maneira muito gentil, sem forçar), até que não se levantou mais e ficou se mexendo um pouco, passando a unha no lençol… e adormeceu. Como de costume, fiquei sentada na poltrona ao lado do berço, pois ele sempre acordava aproximadamente 1 hora depois de dormir. Mas, como mágica, ele foi direto!

No dia seguinte, contei para a Daniela como foi a noite e ela me falou uma coisa que mudou a minha visão do processo. Em resposta à minha observação de que ele havia demorado 1 hora (o que achei muito tempo) para dormir, ela me aconselhou a mudar a minha expectativa. Por que eu esperava que ele dormisse tão rápido quando ele era colocado no berço? Nós conversamos por mais de 2 horas ao telefone durante o aconselhamento. Eu, adulta, com toda a minha capacidade cognitiva e repertório, precisei de mais de 2 horas para compreender o conceito que ela queria me passar… como eu poderia esperar do Luis Felipe, um bebê, que estava recebendo novas orientações, que ele fosse adormecer rapidamente?! Verdade, não era justo. Nas noites seguintes, já fui com a cabeça de que ia durar 1 hora mesmo, que ficaríamos brincando no berço até ele ficar molinho… e a minha ansiedade se dissipou. A ansiedade não era porque eu tinha algum compromisso depois que me impedisse de ficar uma hora ali com ele. Mas é que à medida que o tempo ia passando, eu interpretava como “isso não está dando certo, isso não está dando certo”. Estava dando certo, sim. Deu certo. Só que no tempo dele. Hoje, percebo que estar mais calma nesse momento, sem ansiedade, ajuda muito!

Para os bebês que acordam à noite porque a chupeta caiu da boca, dei a dica no post 1, mas relembro aqui: espalhar várias chupetas pelo berço pode ajudar.

O BEBÊ NÃO VAI CHORAR?

Outra coisa que a Daniela me falou, que foi muito importante: é natural que os bebês protestem (=chorem) diante de mudanças. Os pais estarão lá para dar suporte, não para desistir da mudança. A abordagem acolhedora – tanto na educação como ao ensinar o bebê a dormir – não tem como objetivo evitar o choro, mas estar presente, ao lado do filho, ouvindo o seu protesto, apoiando como possível, enquanto se mantém firma em relação às regras estipuladas. Digo isso, porque muitas vezes o choro nos desestabiliza e faz com que cedamos, com que voltemos atrás, com que sejamos inconsistentes no processo.

E embora a recomendação geral seja de intervenção mínima quando o bebê chora e de, preferencialmente, não pegar no colo nessas horas, não diria que as minhas intervenções tenham sido tão mínimas assim. Sempre espero um pouco antes de qualquer coisa, porque, muitas vezes, o Luis Felipe faz barulhinhos e até dá um chorinho dormindo, de olhos fechados. Mas quando achei necessário, coloquei a mão no peitinho dele e peguei no colo também. Às vezes, colocava-o de volta no berço logo que pára de chorar, às vezes esperava mais um pouquinho… Não tem muita regra, acho que devemos seguir também o nosso instinto nesse ponto…

POR ONDE COMEÇAR?

Você chegou até aqui e pode estar se perguntando “Ok, mas por onde começar?“. Não sei se existe uma resposta padrão… Vou sugerir o que li de recomendação e funcionou para mim:

Comece com o desenho de uma rotina. Depois de alguns dias observando os hábitos e sinais de sono do seu bebê, você vai desenhar a rotina dele e vai tentar colocá-la em prática. Ao mesmo tempo, vai estabelecer o ritual de sono dele. Já vi muitos casos em que só essas mudanças já deram um resultado enorme! Nesse primeiro momento, mantenha as associações negativas (post 3) na hora de dormir.

Quando você achar que a rotina está funcionando direitinho, que as coisas entraram num ritmo bom, é a hora de ensinar o bebê a dormir sozinho à noite. O que significa tentar tirar as associações negativas. Se você vai tentar fazer isso paulatinamente ou de uma vez, é uma escolha sua. E as sonecas? Bom, não sou a melhor pessoa para falar delas. Mas tem gente que diz para fazer “correções” nas sonecas só depois que o sono noturno estiver OK, tem gente que diz que pode fazer as mudanças concomitantemente.

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Se você tem uma história de sono de sucesso em casa, por favor, divida conosco nos comentários!

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OS POSTS ANTERIORES DESSA SÉRIE:

Post 1: Dicas de seguidoras-mães de como fazer o bebê dormir

Post 2: O que você precisa saber sobre sono para o bebê dormir a noite inteira

Post 3: 15 motivos comuns pelos quais os bebês não dormem a noite inteira

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Mais uma vez, lembro que não sou especialista em sono, se alguém quiser fazer alguma correção ou adendo, por favor, sinta-se à vontade para deixar nos comentários!

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Acho importante deixar aqui as fontes do meu aprendizado: curso online da Stephanie Sapin (voltado para recém-nascidos), livros “A Encantador de Bebês” (abordagem acolhedora) e “12 Horas de Sono com 12 Semanas de Vida” (método do choro controlado), consultoria da Madu Drummond (abordagem acolhedora), curso online da Little Z’s (método do choro controlado), aconselhamento da Daniela Nogueira do @pais.em.acao (abordagem acolhedora). Das várias contas especializadas em sono que sigo no Instagram, destaco a @takingcarababies(método do choro controlado), @bebedorminhoco (abordagem acolhedora), @dra_angelicarabelo (abordagem acolhedora) e o @queirozodilo (abordagem acolhedora). Dos tantos posts que achei internet via Google não vou me lembrar…

Babies & KidsSono do bebê

6 Comentários

  1. Larissa Ribeiro 26 de junho de 2021

    Muito obrigada por compartilhar tanto conhecimento e dicas a respeito do assunto. É uma luz no fim do túnel pra gente tentar melhorar o sono dos nossos bebês (e o nosso também, por consequência). Vou tentar todas as dicas por aqui. Um beijo enorme.

    • Constance Zahn 19 de agosto de 2021

      Olá, Larissa!

      Imagina, não tem pelo que agradecer! Espero que o post tenha te ajudado de alguma forma! Te desejo sorte, pois todo mundo merece dormir melhor!!

      Beijos,

      Constance.

  2. RAMON FERNANDES LOURENCO 14 de agosto de 2021

    Caramba, seu bebê tem quase as mesmas características da minha. A nossa tem hoje 11meses e só dorme ninando e no colo, em todos os sonos. As sonecas são curtas durante o dia e é sempre um brigueiro para fazer dormir. A noite ela dorme às 19h e acorda de 1 em 1 hora até às 23h, aí embarca até às 03h30 acordando para mamar e depois às 06h30 acordando. Obrigado pelos seus posts pois estamos em crise com a aplicação de rotinas de manual que não estão dando certo.

  3. Ramon Lourenço 16 de agosto de 2021

    Oi, obrigado por compartilhar sua experiência. Nossa pequena Serena é muito parecida com o seu bebê, ativa e muito ligada ao redor. Hoje ela está completando 11 meses e estamos na luta para fazê-la dormir, tanto de dia quanto de noite. Já identificamos as associações negativas delas, mas diferente do seu caso, acho que o nosso já esta mais grave. Ela só dorme ninando no colo e acorda repetidamente de madrugada. Vou buscar pelas profissionais que você indicou. Obrigado!

    • Rosangela 21 de agosto de 2021

      Muito obrigada por compartilhar sua experiência e conhecimento , estar me ajudando muito !

  4. Joana 22 de agosto de 2021

    Oi, Constance.

    Obrigada por compartilhar a sua experiência. Tenho lido muito sobre treinamento do sono e é um buraco sem fim. São tantas vertentes diferentes que a gente fica perdida.
    Quando comecei a estudar mais sobre o assunto lembro que só de ler a palavra “choro” eu já ficava desesperada. Era algo
    Inaceitável. Aí acabei sendo diagnosticada com depressão pós parto (um dos gatilhos é a privação do sono já que meu bebê só dorme no colo e eu não tenho rede de apoio) e por isso, tenho feito tratamento com uma psicóloga materno-infantil. Ela me falou a mesma coisa que você escreveu: O choro é algo natural para os bebês. É a única forma de comunicação que eles possuem e é claro que quando expostos a algo novo eles vão chorar. O problema não é o choro, mas sim o choro sem acolhimento e amor. Isso mudou minha percepção sobre o meu relacionamento com o meu filho.

    Vi que você fez o custo do Little Z’s e há um tempo eu encontrei o canal deles no YouTube e gostei do conteúdo. Em um dos vídeos a Becca comenta que o método deles é algo entre Feber (choro controlado) e Chair method. Você diria que isso descreve bem o método deles? O choro controlado sempre pareceu extremo demais para mim, mas o chair method parece algo mais acolhedor (como você fez). Você acha que vale a pena investir no curso Little Z’s?

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