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Como a dieta paleolítica pode ajudar na formação dos hábitos alimentares do bebê

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Um tema que está se tornando muito comum nas rodas de conversas do mundo fitness e nos meios de comunicação é a Dieta Paleolítica. Quando ouvimos pela primeira vez a respeito de tal dieta, automaticamente pensamos nos homens primatas que moravam nas cavernas. Será que a dieta de nossos ancestrais é saudável e pode ser usada nos dias de hoje? Será que esse tipo de alimentação traz benefícios para a saúde meu bebê?

DIRETO DO TÚNEL DO TEMPO: entendendo a essência da polêmica Dieta Paleolítica

Apesar de ter conquistado popularidade recentemente e tendo como maior mentor o professor da Universidade Estadual do Colorado (EUA) Loren Cordain, tal teoria surgiu em um estudo publicado em 1985 no The New England Journal of Medicine. O artigo cientifico argumentava que o genoma humano não teve tempo de se adaptar a alimentos que não faziam parte da nossa dieta antes do advento da agricultura.

Segundo seus defensores, a dieta ideal para o homem é aquela praticada pelos nossos ancestrais pré-históricos. Ou seja: devemos comer apenas aquilo que poderíamos caçar, matar, colher ou tirar da terra, como um homem das cavernas.

O homem está na Terra há mais de 2 milhões de anos e a agricultura foi desenvolvida há menos de 10 mil anos, o que corresponde a apenas 0,5% do tempo da nossa existência. A agricultura, portanto, é muito recente do ponto de vista evolutivo, e é evidente que estamos geneticamente adaptados à alimentação do período paleolítico, e não à atual.

No período paleolítico, os fatores geográficos eram determinantes e diversas dietas eram seguidas pelos humanos. Os esquimós alimentavam-se basicamente de carne de baleia, peixe e poucas frutas. Os aborígenes australianos, de diversos tipos de caças. Os habitantes da floresta amazônica tinham uma farta oferta de frutas, raízes e folhas, mas poucas carnes. Dessa forma, alimentos “plantados”, como arroz, feijão, trigo e cevada, são excluídos.

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(Foto: Shutterstock)

COMIDA DE VERDADE: embarcando na dieta paleolítica atual

Apesar de considerarem a dieta de nossos ancestrais a mais apropriada para o organismo dos humanos modernos, os seguidores ferrenhos da paleo ressaltam que o modo de vida e o atual acesso aos alimentos tornam impossível comer hoje o que um homem das cavernas comia.

É absolutamente impossível seguir a dieta paleolítica com rigor, já que compramos nossos alimentos em supermercados e não precisamos mais caçar ou coletar. A saída estaria em apostar em comidas de verdade, em alimentos de procedência mais natural possível. Dar preferência a vegetais orgânicos, à carne de animais criados no pasto, a ovos de galinhas não confinadas e que não comam ração. E rejeitar tudo que for processado e industrializado.

A dieta paleolítica proposta para os dias atuais opta por encontrar pontos em comum a todas essas versões: a ausência de grãos, de óleos extraídos de sementes (soja, algodão, canola e milho) e de produtos processados e artificiais. A presença do leite é polêmica: alguns aceitam, outros rejeitam.

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OS CINCO PRINCIPAIS BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE

1. Baixa ingestão de carboidratos e baixo índice glicêmico: frutas frescas e vegetais representam a maior fonte de carboidrato nesse tipo de dieta. A maior parte desses alimentos tem baixo índice glicêmico, melhorando a velocidade de digestão e absorção dos nutrientes e evitando o pico de açúcar no sangue.

2. Alta ingestão de fibras: alimentação rica em fibras é essencial para o controle do açúcar no sangue, para a regulação intestinal e equilíbrio do organismo de uma forma geral. É importante lembrar que na dieta paleo os grãos não entram. Então, a fonte de fibras será através do consumo dos vegetais.

3. Moderado consumo de gorduras monoinsaturadas, poliinsaturadas, Omega 3 e 6: o consumo moderado de gordura melhora os níveis de colesterol bom (HDL) no sangue, diminui o risco de doença cardiovascular, além de ser importante para o transporte e absorção de algumas vitaminas (A, D, E,K) e minerais no organismo. Dê preferência para o consumo das castanhas, abacate e azeite de oliva.

4. Alto consumo de potássio e baixo de sódio: alimentos frescos contêm de 5 a 10 vezes mais potássio do que sódio. O potássio é necessário para o trabalho em harmonia do coração, rins e outros órgãos. Baixa concentração de potássio está associado com pressão arterial alta, problemas no cardíacos e infarto. Os mesmos problemas são encontrados em uma dieta com excesso de sódio. Importante evitar o consumo de produtos industrializados, pois estes contêm um teor alto de sal. Além disso, é válido optarmos por um bom sal, como o do himalaia.

5. Alta ingestão de vitaminas, minerais, antioxidantes e fitoquímicos: a ingestão de frutas, verduras, legumes e gorduras saudáveis melhora o aporte de vitaminas A, C e B12 (precursores de muitas reações no organismo).

PALEO BABY

A maior parte dos adultos que seguem a dieta aderiram a esse novo conceito depois de muitas tentativas frustradas em busca de um corpo saudável. Para evitar tal desgate, o ideal é introduzir o quanto antes o bebê. Quando inserimos nossos filhos na dieta paleo, estamos dando uma chance deles terem contato com alimentos saudáveis e nada industrializados. Ao contrário de doces e salgadinhos altamente processados, oferecemos alimentos ricos em fibras, proteínas e sais minerais necessários para a formação deu corpo saudável e em crescimento.

Para os primeiros meses de vida do bebê, os benefícios da dieta paleo devem vir através do leite materno. Os bebês crescem tão rapidamente que a obtenção de uma nutrição adequada é crucial: amamentação proporciona a um bebê todos os nutrientes de que necessita para se desenvolver.

Quando o bebê tem idade suficiente (a partir dos 6 meses) para começar a comer alimentos sólidos, alimentos como banana, palitos de cenoura cozidos e abacate são uma opção muito melhor do que farináceos muito utilizados para fazer papinhas ou engrossar o leite.

(Foto: Shutterstock)

(Foto: Shutterstock)

COMO ENVOLVER UMA CRIANÇA MAIORZINHA NA DIETA PALEO

O ideal é incentiva-los a ajudar na cozinha, lavando, descascando e cortando vegetais e frutas. Adolescentes podem ajudar na elaboração de um menu paleo para família, nas compras e nos processos de cocção. Além disso, uma maneira de fazer quase qualquer alimento se tornar mais atraente é criar uma versão mini: mini omeletes, mini hambúrguer, mini saladinhas, etc.

CUIDADO!!! CRIANÇAS PRECISAM DE CARBOIDRATOS!

A única e real diferença entre uma dieta paleo para adultos para de uma criança são os níveis mais elevados de glicose para os pequenos, afinal, as crianças estão em fase de crescimento. Isso não significa que eles necessitam de uma tigela repleta de cereais açucarados, bolachas, bolos e pães. Substitua tais fontes de carboidratos por tubérculos (batata doce, mandioca, cará, inhame e beterraba).

ALÉM DA ALIMENTAÇÃO: PALEO É UMA FILOSOFIA DE VIDA

O conceito Paleolítico é novo para a maioria das pessoas e essa novidade pode despertar muitas questões e críticas favoráveis e desfavoráveis. Paleo é mais do que comida, é uma maneira diferente de interagir com os alimentos e com o ambiente de uma maneira mais respeitosa e saudável. Eu, particularmente, aprecio muito essa filosofia. “Comida de verdade” é para todos – crianças ou adultos. Ajudar seu filho a optar por alimentos naturais e integrais à alimentos industrializados é um dos maiores presentes que você pode dar a ele.

Agora, não precisamos ser radicais e 100% paleo. As proteínas não precisam ser consumidas na sua forma crua, por exemplo. As gorduras anti-inflamatórias como oleaginosas, abacate, óleo de coco e azeite são utilizadas com fonte de energia inteligente pelo nosso organismo, se consumidos sem excessos. E grãos e carboidratos na forma de tubérculos não precisam ser retirados da dieta. O legal sempre é termos parcimônia e adotarmos um estilo de vida saudável para nossa família. O equilíbrio está acima de tudo!!! Pensem nisso, antes de seguir alguma dieta alimentar.

Espero que tenham gostado.

Até a próxima!!

Heloísa Tavares é nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em pediatria clínica pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP, graduada em pedagogia na Faculdade de Educação da USP e atua há mais de 10 anos em consultório junto à Clínica Len de Pediatria. Contato: helotavares@terra.com.br.
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