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Adeus papinha? Como o método BLW (Baby-led weaning) pode ajudar na introdução de alimentos na dieta do bebê

No nosso último No Ninho, a mamãe Emanuelle nos contou que aderiu ao BLW (baby-led weaning). Como a técnica vem ganhando cada vez mais adeptos, pedimos para a nossa nutricionista-colunista, Heloísa Tavares, nos contar tudo sobre o assunto!

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Uma das principais angústias que ouço em minhas consultas é de mães, principalmente as de primeira viagem, que não sabem como fazer a introdução correta de alimentos sólidos na dieta dos seus bebês. Esse tipo de preocupação é bastante pertinente, pois é nessa fase que os hábitos alimentares do bebê se formam, com grande influência na vida adulta do mesmo.

Depois de muito pesquisar o método BLW (baby-led weaning), receber testemunhos de mães que já aplicavam o método e por tido uma resposta positiva com meus pacientes e com as minhas sobrinhas, virei a maior fã e entusiasta. Você sabe no que consiste esse método?

Entendendo a técnica BLW

A expressão em inglês baby-led weaning (BLW) pode parecer bem complicada e causar estranheza quando ouvimos pela primeira vez. Mas de complicada a técnica não tem nada! O método BLW teve o nome criado pela agente de sáude e mãe britânica Gill Repley, e em tradução livre para o português significa DESMAME GUIADO PELO BEBÊ.

A ideia fundamental dessa metodologia consiste em oferecer a comida em pedaços para o bebê e permitir que ele se sirva sozinho.

Sendo assim, os pais e cuidadores não devem oferecer um prato diferente do que a família habitualmente se serve, tipo papinha para o bebê. Mas, sim, deixar que eles se sentem à mesa, participem das refeições familiares já a partir dos 6 meses de vida e escolham qual dos alimentos cortados ao alcance deles que eles querem levar à boca.

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Seria o fim das papinhas?

A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que os pais comecem a oferecer alimentos para completar a nutrição com leite materno (na impossibilidade desse, fórmulas infantis), assim que os filhos completarem 6 meses de idade.

Os pediatras comumente orientam que a introdução de alimentos seja feita com as tradicionais papinhas. De acordo com os manuais tradicionais de pediatria, a alimentação complementar deve ser espessa desde o início e ser oferecida com colher. Deve-se começar de forma pastosa (papas ou purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família. Já Gill Rapley acredita que a indicação de recorrer às papinhas é uma prática ultrapassada herdada do tempo em que se acreditava que os bebês precisavam de outros alimentos, além do leite materno, já aos 3 ou 4 meses.

Aos 6 meses de idade, os bebês estão prontos para começar a introdução dos alimentos. Nessa idade, o bebê consegue sentar sozinho e segurar objetos com as mãos. Já não tem o reflexo de protrusão da língua (o que evita engasgos), e o intestino está preparado para receber novos alimentos.

Importante salientar que a afirmativa só não vale caso o bebê tenha necessidades de saúde específicas, se nasceu prematuro ou se tem algum atraso no desenvolvimento.

Colocando a metodologia em prática

Coloque o bebê (já com 6 meses de idade) sentado ou apoiado na cadeirinha na posição vertical (isso assegura que algum alimento que ele não seja capaz ou não queira engolir seja expelido), junto à família, na hora das refeições.

Em seguida, disponibilize alimentos apropriados. Ofereça sempre alimentos saudáveis em porções e formatos que o bebê consiga pegar sozinho com as mãozinhas e leve à boca. Os melhores são os palitos de fruta ou legumes macios e grossos, mais ou menos do tamanho do seu dedo indicador. Palitos de maçã, pêra, cenoura ou pepino, buquês pequenos de brócolis são boas alternativas. Lembre-se que os bebês não conseguem abrir a mão voluntariamente para pegar o que tem dentro do punho fechado, então não espere que ele coma pedaços inteiros. Tenha sempre palitinhos extras.

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OS 10 MANDAMENTOS DO BLW:

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Essa é uma das maiores preocupações de pais que aderem ao BLW. Gill Repley garante que, contanto que o bebê esteja sentado ereto e mantenha controle sobre o que entra na sua boca, não existe risco aumentado de engasgar com o método. O engasgo mais frequente é o chamado gag reflex. Um reflexo frequente quando o bebê ainda não está habituado com os alimentos sólidos. A diferença é que, nesse caso, o bebê não fica com a passagem de ar obstruída. Ele apenas se atrapalha – podendo até encher os olhinhos de lágrimas – mas ele mesmo consegue manejar o alimento e desengasgar rapidamente.

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Escolha sempre uma hora calma e que o bebê não esteja irritado e nem com muita fome. Deixe que seu filho leve o tempo necessário para terminar de comer. Uma das grandes vantagens do BLW é que ele oferece aos bebês a oportunidade de conhecer o mundo fantástico das texturas e sabores. A cada refeição, eles vivem novas experiências e desenvolvem a capacidade de diferenciar o que gostam do que não gostam. Isso se torna impossível quando se trata das papinhas, nas quais os ingredientes se apresentam misturados, dificultando a identificação dos sabores.

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Um dos princípios do BLW é que os pais devem confiar em seus filhos. De acordo com Gill Repley, o apetite dos bebês é confiável e que o corpo deles diz o que precisam desde que seja oferecido os nutrientes certos e variados.

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Não limite a experiência do bebê com a comida. É importante não exagerar em cada refeição. Apresentando sabores e texturas diferentes ao longo da semana lhe proporcionará uma variedade de nutrientes, além de ajudar a desenvolver as habilidades necessárias para comer. Garanta que todos os grupos de alimentos – construtores (carnes e outras proteínas), energéticos (mandioca, batata, batata doce) e reguladores (legumes e verduras) estejam presente. Na medida do possível e sempre que seja adequado, ofereça o mesmo que o restante da família come, para que ele possa participar de toda a experiência social.

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Deixar que o bebê tenha a iniciativa é uma característica fundamental de segurança no método BLW. Fique atento com irmãozinhos que querem ajudar o bebê e acabam colocando a comida na boquinha deles.

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As refeições não precisam coincidir exatamente com o horário em que as mamadas aconteciam anteriormente. O aleitamento materno (ou com fórmula infantil) pode ser mantido e os alimentos são introduzidos conjuntamente. Isso permite que essa abordagem seja mais descontraída e agradável para todos. Além disso, importante ressaltar que o padrão das mamadas não irá variar até ele começar a comer mais sólidos, o que irá acontecer de forma muito gradual. Não esqueça também de oferecer água.

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Esse tipo de preocupação não pode existir, já que com certeza o bebê, além de ser sujar, sujará todo o ambiente que o cerca. Se, por um lado, os pais dispostos a aderir ao BLW terão uma parte da rotina aliviada, já que não precisarão preparar pratos separados para o bebê, nem dar a comida na boca. Por outro, terão mais trabalho para limpar o cadeirão e o ambiente onde eles fizerem a refeição. Uma dica muito legal é forrar o chão com um plástico, assim fica mais fácil de recolher a sujeira.

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Pelo menos no início, não use pratos nem tigelinhas. Quando um objeto desperta no bebê tanto interesse quanto os alimentos em si – um dos primeiros impulsos do bebê é virá-lo para olhar o fundo. E aí pronto! Lá se vai toda a comida. O mais indicado é limpar e higienizar bem a mesinha do cadeirão antes e depois das refeições, e dispor o alimento direto sobre ela.

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Fale com o pediatra ou profissional da saúde que acompanha o desenvolvimento do seu bebê sobre a introdução de sólidos, discuta sobre história familiar de intolerância aos alimentos, alergias, problemas digestivos ou qualquer outra dúvida sobre a saúde ou desenvolvimento global do bebê.

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Explique o métido principalmente para avós, babás e professoras, para que todos conhecem e entendam o BLW.

Como deu para perceber o assunto é bastante longo e requer muito mais linhas. Tentei de uma maneira simplificada trazer à vocês a minha mais nova bandeira. Espero ter contribuído para que a introdução de alimentos sólidos não seja tão traumática e que possa ser o mais natural possível! Se você tem boas experiências com esse método, conte para nós! Estou bastante ansiosa por boas histórias! Até a próxima!

Referência:
Rapley, G. Guia para implementação de uma abordagem de introdução de alimentos sólidos guiada pelo bebê. 2008. Disponível em: www.rapleyweaning.com

Heloísa Tavares é nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em pediatria clínica pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP, graduada em pedagogia na Faculdade de Educação da USP e atua há mais de 10 anos em consultório junto à Clínica Len de Pediatria. Contato: helotavares@terra.com.br.
AlimentaçãoNutrição em família

1 comentário

  1. Gabi Mateus 28 de agosto de 2015

    Estou grávida e já li sobre o método e conversamos em casa sobre essa possibilidade, mas temos dúvidas sobre os nutrientes que poderemos dar e, em caso de rejeição de determinados alimentos, se realmente podemos deixá-lo sem.

    Conversaremos com o pediatra se poderemos misturar as técnicas, deixando essa para momentos de lanche e não nas principais refeições.

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