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Nutrição em família

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O que você NÃO deve falar para as crianças à mesa

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Seja como nutricionista, mãe e agora como tia: posso dizer com a maior certeza no mundo que não existe hora mais estressante do que a hora de sentar à mesa com as crianças e fazê-las comerem.

Com certeza, essa situação te parece bem familiar. Você tenta, insisti, faz aviãozinho, canta, dança, só falta virar de cabeça para baixo; e seu filho vira a cara para qualquer tipo de alimento. E é ai, nesses momentos mais desgastantes que, no desespero, recorremos às frases de efeito ou até atitudes um pouco mais ameaçadoras que acabam complicando ainda mais a situação.

Saiba que o que você diz, muitas vezes de maneira imperativa, para os seus filhos durante as refeições pode influenciar – e muito! – o modo como eles veem e interagem com os alimentos.

Para ajudar você nessa batalha e fugir dessas armadilhas que podem comprometer o paladar dos pequenos, selecionei algumas das frases mais faladas erroneamente pelos pais na hora da refeição e tracei estratégias para lidar com a situação da melhor forma. Vamos aos fatos e à ação!

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Frase 1 : Você não sairá da mesa enquanto não comer tudo que está no seu prato!

Existe coisa mais prazerosa para uma mãe ver que seu filho comeu tudo? Será que a quantidade de comida que foi colocada no prato é compatível com as necessidades reais da criança? Geralmente, os pais costumam fazer o prato de acordo com que eles acreditam ser uma quantidade boa, só que essa estratégia pode prejudicar o controle da fome e saciedade e, a longo prazo, pode desencadear um quadro de obesidade. Quando um adulto diz “coma tudo”, ele está dizendo que tudo que a criança está sentindo não é relevante.

Estratégia 1:

Lembre-se que as necessidades calóricas das crianças são menores do que a de um adulto. Divida a refeição em porções menores e parabenize a criança a cada conquista, a cada porção consumida. Diga: “parabéns, muito bem, agora vamos lá!” E em seguida, faça outro montinho de comida. A criança não precisa limpar o prato. Além disso, é muito importante confiar na criança quando a mesma disser que já está satisfeita, sem forçar ou empurrar mais comida.

Frase 2 : Olha o aviãozinho!

Essa frase se tornou um verdadeiro clichê na hora da alimentação. No entanto, ela carrega um grave problema já que transforma a hora da refeição em uma brincadeira. Ao se distrair com a brincadeira a criança deixa de prestar atenção no alimento para focar na gracinha.

Estratégia 2:

Seu filho precisa aprender que o momento da alimentação é importante e pode ser muito prazeroso por si só, desde que eles prestem atenção ao gosto, aroma, textura e ao formato dos alimentos no prato. Se você perceber que a criança está fazendo birra, “enrolando” ou não querendo comer apenas para chamar a sua atenção, saia de perto, mas supervisione-a de longe. Deixe-a comer sozinha, pois não tendo plateia ela irá comer por conta própria.

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Frase 3 : Se você não comer toda a salada, não ganhará sobremesa!

Não existe nada pior do que você ser chantageado. Esse tipo de frase não é adequada pelo simples fato de que a alimentação não pode ser vista como recompensa ou punição. A criança não pode pensar que precisa passar pelo fardo de comer salada para ganhar uma guloseima gostosa no final. Essa estratégia pode até surtir um efeito imediato, mas traz grandes malefícios para o desenvolvimento do paladar e pode ainda criar traumas que se estendem para a vida adulta.

Estratégia 3:

Se a criança não quer comer hortaliças, tende convencê-la da importância de tal alimentos para ser saudável. Fale com propriedade, com conhecimento com uma linguagem adequada para a idade para que a mesma entenda. Frases como: coma cenoura porque faz bem para os olhos e por isso que o coelhinho enxerga bem ou coma espinafre para ser forte como o marinheiro Popeye não funcionam. O melhor é explicar que as verduras são importantes fontes de vitaminas e minerais, que elas o ajudarão a crescer de forma mais saudável etc.

Frase 4 : o que você quer comer para eu cozinhar para você?

Essa frase é erroneamente empregada, principalmente quando a criança já fez cara feia para a comida que está sendo servida no prato. Isso porque ela vai achar que tem o domínio da situação e pode ser que ela use isso para testar sua autoridade, bem como fazer escolhas alimentares erradas.

Estratégia 4:

A dica aqui é simples. Você precisa manter a calma e ter pulso firme para dizer à criança que naquele determinado momento a refeição é aquela e pronto. Caso ela se recuse a comer, retire o prato e só ofereça outro alimento na próxima refeição.

Frase 5 : seu irmãozinho (ou amiguinho) está comendo tudo e direitinho.

Pesquisas já revelaram que as crianças regulam certas atitudes com base no comportamento de semelhantes. Se o irmão ou amigo comem muita verdura, a criança está vendo e pode ser até que faça algo parecido, desde que você não pontue essas diferenças.

Estratégia 5:

Nunca coloque a criança num contexto de inferioridade. Seja esperto, siga em direção contrária. Ao invés de supervalorizar a atitude do irmãozinho ou do amigo, reforce para a criança que ela também é capaz de experimentar novos sabores.

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VOCÊ É O EXEMPLO

Espero que você, após ter lidos essas dicas, se sinta mais preparado para a “guerrilha”. Porém, mais importante que todas elas é você dar um bom exemplo. Afinal, apenas o discurso não irá convencer seu filho a comer melhor! Se você, pai ou mãe, não se alimenta de maneira correta, de nada adianta! Lembre-se: você é o espelho para seu filho!

Heloísa Tavares é nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em pediatria clínica pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP, graduada em pedagogia na Faculdade de Educação da USP e atua há mais de 10 anos em consultório junto à Clínica Len de Pediatria. Contato: helotavares@terra.com.br.
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Açúcar em excesso pode causar hiperatividade em crianças?

 

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Atualmente, pais e professores compartilham uma suposição comum de que as crianças ficam hiperativas após ingerir doces. Mas será que é verdade?

Seja decorando deliciosas mesas em festas de aniversário, seja recheando as merendas ou se espalhando pelas prateleiras do supermercado ou padarias, o açúcar está por todos os lados e fica difícil para os pais controlarem o consumo do mesmo pelos seus filhos.

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De acordo com os últimos estudos a área, a hipótese que diz que açúcar em grande quantidade pode tomar as crianças hiperativas parece não ser tão confiável. Ela tem muito mais uma base psicológica do que científica, já que é provável que as crianças se tornem hiperativas quando participam de eventos e festas, sabendo que doces e guloseimas serão consumidos sem nenhum tipo de restrição. Isso pode dar aos pais a falsa impressão que a hiperatividade é causada pelos doces.

Em excesso, o açúcar realmente faz mal à saúde e pode favorecer a obesidade e o aparecimento de cáries. No entanto, do ponto de vista científico, não há nenhuma relação entre sua ingestão e o comportamento hiperativo nas crianças.

Se mesmo assim você ainda ficou na dúvida, o melhor método para solucionar essa dúvida é observação. Se você já notou que depois de cada festinha de aniversário ou comemoração regada a muitos doces seu filho fica incontrolável e subindo pelas paredes, por que não maneirar, então, na quantidade de bolo, chocolate, doces ou sucos industrializados?

Essa diminuição no consumo de doces e guloseimas faz bem a saúde de qualquer forma, já que esses alimentos não são fonte significativa de nutrientes, além de aumentarem os riscos de cárie, obesidade, diabetes e doenças cardíacas no futuro.

Outra dica bem importante é dissociar os doces das situações prazerosas da vida. A comemoração pode ser em torno de um churrasco com apenas um bolo ou sorvete de sobremesa e não de muitos tipos de doces.

Heloísa Tavares é nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em pediatria clínica pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP, graduada em pedagogia na Faculdade de Educação da USP e atua há mais de 10 anos em consultório junto à Clínica Len de Pediatria. Contato: helotavares@terra.com.br.
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5 alimentos que parecem saudáveis, mas não são

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Na hora de preparar o lanche dos pequenos, optamos sempre por oferecer alimentos que parecem ser saudáveis, tais como barrinha de cereais, pão integral e biscoitos integrais, em vez de refrigerantes, bolachas recheadas e salgadinhos. Se você é um desses, seu mundo está a prestes a desmoronar. Muitos alimentos são bem menos saudáveis do que imaginamos! Confira cinco exemplos na lista a seguir e fuja de armadilhas!

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 1. Barrinha de cereal

Muito utilizadas pelos pais na hora de compor o lanche, as barrinhas de cereal, além de serem práticas, são sempre uma boa solução na substituição de bolachas recheadas, doces e chocolates.

Atualmente, existem muitas ofertas de barras de cereais no mercado. Existem aquelas que são consideradas adequadas, como as opções sem glúten e sem lactose, que contêm mais oleaginosas e cereais como chia, quinua, amaranto, e ainda aquelas com alto teor proteíco. Mas, muitas barrinhas possuem alto teor de açúcar, gordura saturada, corantes e pouco teor de fibras.

Na hora de comprar, preste atenção nas informações nutricionais e na lista de ingredientes que estão na embalagem. Prefira sempre as barrinhas com maior teor de fibras, menos gordura e mais frutas e grãos integrais. Além disso, outra dica é variar, substituindo a barra de cereal por alimentos como frutas frescas, frutas desidratadas (banana, maçã, manga, abacaxi, damasco, uva passa etc) e oleaginosas (castanha-do-Pará, nozes, amêndoas, pistache).

2. Peito de peru

O peito de peru, por ser um embutido com baixo teor de gordura, acaba sendo muito escolhido na hora de compor os lanches. O que muitos não sabem é que ele, além de conter muito sódio, possui nitritos e nitratos – conservantes prejudiciais à saúde. Melhor opção seria substituir tal embutido por patês caseiros feitos com frango desfiado ou atum, ou ainda fatias de lagarto cozido e fatiado bem fininho.

3. Pão integral

Hoje existem muitas opções de pães nos mercados, uns com linhaça, outros com frutas secas etc. Mas importante que escolher o sabor do pão é ter cuidado ao olhar a lista de ingredientes que foram usados na fabricação dos pães. Muitos têm em sua composição mais farinha refinada do que farinha integral, baixa quantidade de fibras e grande quantidade de açúcar refinado. É importante ressaltar que a lista de ingredientes é em ordem decrescente. O primeiro ingrediente é aquele que está em maior quantidade no produto e o último, em menor quantidade, por isso a farinha integral deve ser o primeiro alimento listado. É importante optarmos por pães feitos com 100% farinha integral e sem açúcar refinado.

4. Requeijão

Sempre optamos por requeijão no lugar de manteiga e margarina. O alimento costuma ser um dos mais escolhidos quando o assunto é reeducação alimentar e vida saudável. Mas deve-se ter cautela no uso, pois a grande maioria das marcas disponíveis no mercado possuem grande quantidade de gordura saturada e amido na sua formulação. Ideal seria substituir o requeijão por creme de ricota e creme de queijo branco.

5. Sucos de caixinha

Como já falamos em outra oportunidade (clique aqui para ler), sucos de frutas industrializadas não são boas opções para o lanche das crianças por conterem muito teor de açúcar. Além disso, as versões lights, apesar de não terem em sua formulação a adição de açúcar, acabam não sendo boas opções pois contêm grande quantidade de edulcorantes, tais como ciclamato e sacarina, que têm altos níveis de sódio. O ideal é sempre pensar em sucos feitos com frutas frescas e sem adição de açúcar ou substituir pela própria fruta.

Heloísa Tavares é nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em pediatria clínica pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP, graduada em pedagogia na Faculdade de Educação da USP e atua há mais de 10 anos em consultório junto à Clínica Len de Pediatria. Contato: helotavares@terra.com.br.
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A verdade sobre o glúten. Seu filho é intolerante?

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Atualmente, o vilão da vez em toda roda de conversa é o glúten. Muitos especialistas culpam a proteína do trigo, da aveia, centeio e da cevada por uma lista de problemas relacionados à saúde, entre eles a obesidade. A promessa do emagrecimento rápido e de uma barriga chapada fez com que muitas pessoas optassem por uma dieta glúten free. Mas será que o glúten uma das principais proteínas vegetais consumidas há mais de 10 mil anos pelo homem é tão maléfica para a saúde? Foi pensando em tudo isso que quis diferenciar a doença celíaca de possíveis modismos. Vamos aos fatos.

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Mas, afinal, o que é o glúten?

O glúten é uma proteína composta pela mistura das proteínas gliadina e glutenina, que se encontram naturalmente na semente de muitos cereais, como trigo, cevada, centeio e aveia . É graças a ela que massas de pães crescem e, após a digestão, vira energia para nossas células. Na hora de preparar a receita, o cozinheiro mistura a farinha com água e sova bem. Isso faz com que a glutenina e a gliadina se unam, formando o glúten. O novo composto forma redes que aprisionam o gás carbônico liberado pelo fermento. É dessa maneira que o pãozinho ou outra massa qualquer conseguem crescer e ficarem macios.

Doença celíaca ou intolerância permanente ao glúten:

Ainda pouco conhecida, a intolerância ao glúten vem desafiando o conhecimento científico há muito tempo devido a sua apresentação clínica variada, que abrange desde sintomas leves e poucos específicos – como uma criança que não ganha peso – até uma síndrome clássica de má absorção intestinal em pacientes desnutridos.

A doença celíaca é uma reação autoimune do organismo provocada pela ingestão de alimentos que contém glúten. Nossas células de defesa atacam o glúten mas ao mesmo tempo atacam também as paredes do intestino, provocando uma atrofia na mucosa intestinal que impede a absorção dos nutrientes. Como consequência, os nutrientes não absorvidos são eliminados com as fezes, e o organismo fica privado de nutrientes básicos, tornando-se desnutrido com o passar do tempo. É uma doença crônica que exige a eliminação total do glúten na dieta por toda a vida.

Importante salientar que a doença celíaca geralmente manifesta-se na infância, nos primeiros três anos de vida, quando acontece a introdução de cereais na dieta da criança, embora também possa surgir na idade adulta.

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Principais Sintomas:

Os sintomas relacionados são especialmente no trato gastrointestinal, como irregularidade intestinal (alguns pacientes apresentam constipação e outros diarreia ou alternância dos dois), aumento de gases, estufamento e, até mesmo, dor abdominal. Outros sintomas também estão associados, como baixa imunidade, doenças de pele como dermatite, eczema, enxaquecas, cansaço excessivo, confusão mental, distúrbios de humor como hiperatividade em crianças, por exemplo.

Tratamento

O tratamento da doença celíaca é basicamente dietético, devendo ser o glúten excluído completamente e permanentemente da dieta.

Essa não é uma missão muito fácil, pois o portador de doença celíaca não pode ingerir o trigo, o centeio, a cevada, o malte (subproduto da cevada), a aveia e seus derivados, como pães, massas, bolachas, cerveja, uísque e em uma infinidade de produtos industrializados durante toda a vida.

A exclusão dos alimentos com glúten é fundamental para avaliar essa intolerância e deve ser feita com a orientação de um profissional. O mesmo irá planejar uma alimentação visando à exclusão dos alimentos e, posteriormente, a inclusão. A introdução dos alimentos deve ser feita de maneira orientada, de forma progressiva e sempre observando os sintomas.

Alimentos gluten free não significam que são de baixa caloria. Para a elaboração desses produtos, o glúten é substituído por ingredientes como arroz, quinua, mandioca e fécula de batata, e esses são tão calóricos quanto aqueles que levam ingredientes com glúten.

A dieta do indivíduo, principalmente das crianças com doença celíaca deverá atender às necessidades nutricionais de acordo com a idade. São considerados alimentos permitidos: grãos (feijão, lentilha, soja, ervilha, grão de bico), arroz, gorduras, legumes, hortaliças, frutas, ovos, carnes (de vaca, frango, porco, peixe) e leite. O glúten poderá ser substituído pelo milho (farinha de milho, amido de milho, fubá), arroz (farinha de arroz), batata (fécula de batata) e mandioca (farinha de mandioca, polvilho). A aderência à dieta isenta de glúten é variável e difícil, especialmente durante a adolescência.

Dica da nutricionista: devo evitar a ingestão de glúten mesmo não sendo intolerante à substância?

Essa é uma pergunta que divide os profissionais. Para alguns especialistas, o glúten é prejudicial mesmo para quem não tem a doença. O cardiologista americano Willian Davis argumenta que alterações genéticas nas espécies de trigo iniciadas pelo agrônomo Norman Borlaug, na década de 1960, modificaram profundamente o cereal. Tudo porque a maior carga de gliadina, uma das estruturas que compõem o glúten (como já falamos anteriormente) teria ação direta em nossa cabeça. Ela se liga a receptores no cérebro e acaba estimulando a pessoa a comer cada vez mais. Esse fenômeno, contudo, ainda não tem comprovação científica.

O que posso falar para você, meu caro leitor, é que até a presente data não existem evidências científicas fortes para dar suporte à teoria de que evitar glúten faz bem à saúde para pessoas que não têm a doença. O glúten é uma fração proteica de alguns cereais que oferecem muitos outros nutrientes, tais como fibras e vitaminas – principalmente do complexo B -, portanto, não deve ser retirado da alimentação sem que haja uma necessidade real.

Atenção! Nada de tirar alimentos com glúten da alimentação das crianças sem orientação médica! Os pediatras só indicam a retirada desses alimentos dos pequenos quando está comprovada uma alergia ou a doença celíaca.

Heloísa Tavares é nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em pediatria clínica pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP, graduada em pedagogia na Faculdade de Educação da USP e atua há mais de 10 anos em consultório junto à Clínica Len de Pediatria. Contato: helotavares@terra.com.br.
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Intolerância à lactose

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Seu filho após consumir leite e seus derivados apresenta dores abdominais, náuseas, desconforto, diarreia e gases?

Em geral, tais sintomas são notados como um simples mal-estar. Mas, atenção! Se o incômodo aparecer num período entre meia hora e duas horas após o consumo de laticínios, deve-se procurar o auxílio médico, pois a criança pode estar apresentando um quadro de intolerância à lactose.

Entende-se por intolerância à lactose a incapacidade parcial ou completa de digerir o açúcar existente no leite e seus derivados. Ela ocorre quando o organismo produz em quantidade insuficiente – ou não produz – uma enzima digestiva denominada lactase.

Como a lactose não é quebrada, ela chega no intestino grosso intacta. Ali, ela se acumula e é fermentada por bactérias que, por sua vez, fabricam ácido lático e gases e acabam promovendo uma maior retenção de água e o aparecimento de diarreias e cólicas.

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Tipos

Podemos destacar 3 tipo de intolerância à lactose:

1) Deficiência congênita – a criança, por um problema congênito, nasce sem condições de produzir lactase. Essa é forma mais rara, porém é crônica;

2) Deficiência primária – é o tipo mais comum na população. Surge com a diminuição natural e progressiva na produção de lactase. Essa diminuição na produção surge da adolescência e persiste até o fim da vida do indivíduo.

3) Deficiência secundária – a produção de lactase é afetada por outras doenças  intestinais, como diarreias, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, doença celíaca ou alergia à proteína do leite, por exemplo. Nesses casos, a intolerância pode ser temporária e desaparecer com o controle da doença de base.

Sintomas

Os sintomas da intolerância à lactose se concentram no sistema digestivo e costumam aparecer 30 minutos a 2 horas depois da ingestão de leite e seus derivados (queijos, manteiga, creme de leite, leite condensado, requeijão etc.) ou de alimentos que contêm leite em sua composição (sorvetes, cremes, mingaus, pudins, bolos etc.).

Os mais característicos são distensão abdominal, cólicas, diarreia, flatulência (excesso de gases), náuseas e assaduras (provocados pela presença de fezes mais ácidas).

Crianças pequenas e bebês portadores do distúrbio, em geral, perdem peso e crescem mais lentamente.

Diagnóstico

O diagnóstico da intolerância à lactose pode contar com três exames específicos: teste de intolerância à lactose, teste de hidrogênio na respiração e teste de acidez nas fezes, além do exame clínico.

Tratamento

Importante salientar que a intolerância à lactose não é uma doença. É uma carência do organismo para produzir a lactase e que pode ser controlada com dieta e medicamentos.

No início do tratamento suspende-se a ingestão de leite e derivados a fim de promover o alívio dos sintomas. Posteriormente, esses alimentos devem ser reintroduzidos aos poucos até identificar a quantidade máxima que o organismo suporta sem manifestar sintomas adversos. Esse tipo de conduta tem como objetivo manter a oferta de cálcio na alimentação, nutriente que, junto com a vitamina D, é indispensável para a formação de massa óssea saudável.

Dicas da nutricionista:

1) Não retire totalmente o leite e os derivados da dieta, salvo em casos muito graves.

2) Tenha cuidado ao consumir leite e produtos feitos a partir de leite, tais como iogurte, creme de leite, sorvete, maionese, bebidas de leite, queijo, creme de queijo.

3) Iogurte e leite fermentados podem ser uma boa opção para ingestão de cálcio, uma vez que culturas intestinais ativas metabolizam a lactose, facilitando a digestão.

4) Tome cuidado ao ler não só rótulos de alimentos, mas também bula de remédios. Vários medicamentos incluem lactose em sua formulação.

5) Opte por bebida de soja, arroz e aveia que não contêm lactose na impossibilidade do uso do leite.

6) Atualmente, já está disponível no mercado queijos e leites sem lactose ou com baixo teor de lactose.

7) Hortaliças verdes escuras (como brócolis, couve, agrião, espinafre, rúcula, escarola, catalonha), feijão, ervilhas, salmão, sardinha, amêndoas, nozes, gergelim e ovos, também funcionam como fontes de cálcio.

8) Hortaliças não contêm lactose se não forem preparadas com produtos lácteos. Mas, atenção: legumes gratinados, legumes fatiados com creme e sopas cremes podem conter lactose nos ingredientes.

Heloísa Tavares é nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em pediatria clínica pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP, graduada em pedagogia na Faculdade de Educação da USP e atua há mais de 10 anos em consultório junto à Clínica Len de Pediatria. Contato: helotavares@terra.com.br.
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