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Mitos e verdades sobre gravidez de gêmeos

Será que toda mulher com histórico de gêmeos na família terá uma gravidez de gêmeos? E que todo descendente de oriental não pode gerar filhos aos pares? O risco na gestação é maior ou menor? Estas são alguns dos mitos e verdades que o médico e mestre em obstetrícia e ginecologia pela USP Dr. Wagner Hernandez tirou em entrevista ao blog. Vem ver as explicações:

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COMO ACONTECE A CONCEPÇÃO GEMELAR? 

Existem duas maneiras para que ocorra uma gestação gemelar. Uma dá origem à gravidez conhecida como monozigótica, na qual um óvulo é fecundado por um espermatozoide: após a formação do ovo, este sofre uma divisão e dá origem a dois fetos geneticamente iguais. E a outra, conhecida como dizigótica, na qual dois ou mais óvulos são fecundados pelo mesmo número de espermatozoides, dando origem a dois ou mais fetos geneticamente diferentes. As monozigóticas tem frequência constante na população, enquanto as dizigóticas variam de acordo com alguns fatores de risco, como as gestações oriundas de reprodução assistida e a idade da mulher.

COMO FUNCIONA A QUESTÃO GENÉTICA? SEMPRE PULA UMA GERAÇÃO? 

A questão genética é sim um fator que pode aumentar a chance de uma gestação gemelar espontânea. Este fator é predominantemente da família da mulher. Não pula geração e quanto mais próximo o familiar com gêmeos, maior é a chance. Ou seja, a mulher que tem um irmão/irmã gêmeo, acaba tendo as maiores chances.

É VERDADE QUE QUANDO O TESTE DE GRAVIDEZ ESTÁ MUITO ESCURO É UM SINAL DE GÊMEOS? 

Não exatamente. O que acontece é que numa gestação gemelar a quantidade do beta hCG (hormônio específico da gravidez) é maior quando comparado a uma gestação única na mesma idade gestacional. Desta maneira, se uma mulher grávida de um único bebê realizar o exame com 8 semanas, o valor do hormônio pode ser correspondente ao de uma gravidez gemelar com 6 semanas, por exemplo. Em relação à fita, a cor pode variar de acordo com o valor, mas isso não deve ser utilizado como preditor de gêmeos ou mesmo de idade gestacional.

É VERDADE QUE ORIENTAIS NÃO PODEM TER GÊMEOS?

Na verdade os orientais tem um risco bem menor de ter gêmeos espontaneamente, mas não é verdade que não possa acontecer. Quando se fala de gêmeos vindos de reprodução assistida, não existe diferença.

TODA INSEMINAÇÃO GERA UMA GRAVIDEZ GEMELAR? 

Não! Hoje as técnicas de reprodução assistida avançaram e existem uma preocupação muito grande de quem faz reprodução em diminuir a chance de gestações múltiplas, por conhecermos seus riscos. Nas inseminações, pode-se evitar o procedimento no ciclo, se houver presença de dois ou mais óvulos no controle de ultrassom. Para as fertilizações in vitro, desde 2010 existe uma recomendação do Conselho Federal de Medicina, de se transferir o menor número possível de embriões de acordo com a faixa etária da paciente, o que até reduziu as taxas de gestações gemelares.

QUAIS DIFERENÇAS E CUIDADOS QUE SE DEVE TOMAR DURANTE O PRÉ-NATAL GEMELAR? 

Devemos lembrar sempre que o útero e organismo femininos foram criados para uma gestação única. Por este motivo, com a presença de dois ou mais fetos, os riscos durantes a gestação são sempre maiores. Assim, toda gestação múltipla é considerada de alto risco. As grávidas de gêmeos tem maior chance de desenvolver pressão alta, diabetes gestacional, anemia, depressão pós parto, parto prematuro, fetos com baixo peso, entre outros. Além disso, dentro da gemelaridade ainda temos alterações e preocupações específicas de acordo com o número de placentas. Nos gêmeos que compartilham placenta e/ou bolsas, os risco são maiores. Por estes motivos, existe um seguimento diferenciado de ultrassonografias, número de consultas, quantidade de exames, suplementação nutricional, estratégias de prevenção de prematuridade, entre outros. Ou seja, por ser uma gestação de muitos riscos, o pré-natal destas mulheres deveria sempre ser seguido por obstetras especialistas em gestação de alto risco.

EM CASO DE MORTE DE UM DOS BEBÊS DURANTE A GESTAÇÃO, O QUE SE FAZ?

Nestes casos, nossa conduta irá depender basicamente de dois fatores: a idade gestacional do óbito e o fato de os gêmeos dividirem ou não a mesma placenta. Quando acontece numa gestação com uma placenta só, existem riscos para o gemelar sobrevivente, que variam desde sequelas neurológicas até o óbito, o que não acontece quando cada um tem a sua placenta. Nestes casos, existe uma tendência de antecipar o parto caso seja possível. Na presença de uma placenta para cada feto, e a causa do óbito não sendo uma possível ameaça para o outro (pressão alta, descolamento da placenta, etc), podemos levar mais adiante, buscando uma idade gestacional mais segura para o parto.

O TRABALHO DE PARTO É DIFERENTE? 

Devido ao peso dos fetos e as contrações mais frequentes, as grávidas de gêmeos podem apresentar dilatação do colo do útero antes mesmo do trabalho de parto, o que favorece o parto normal. Por outro lado, como o útero está sobredistendido, as contrações podem não ser tão eficazes durante o trabalho de parto, o que pode tornar o período de dilatação mais lento do que nas únicas. Agora, a grande diferença acontece após o nascimento do primeiro, pois o útero entende que o trabalho dele acabou, mas ainda há um novo parto para acontecer. Neste momento, teremos que ver como vem o segundo gemelar, se de cabeça para baixo (cefálico), deitado (transverso) ou sentado (pélvico). Se estiver com a cabeça para baixo, começa um novo período de contrações e de forças. Se estiver deitado ou sentado, terminamos o parto extraindo o feto pelas pernas.

É POSSÍVEL TER PARTO NORMAL?

Sim! O parto normal é sempre possível desde que tenhamos as seguintes condições: a paciente desejar, o médico ter capacitação e experiência, o primeiro gêmeo estar com a cabeça para baixo e ter peso entre 1500g e 4000g e o segundo gemelar não ser muito maior que o primeiro. Os partos normais de gêmeos devem sempre ocorrer em ambiente hospitalar, com equipe completa para tal. Podem ser necessárias manobras para a retirada do segundo gêmeo, para isso, a analgesia de parto é fundamental.

COM QUANTAS SEMANAS DE GESTAÇÃO OS GÊMEOS COSTUMAM NASCER?

A média de nascimento do gêmeos é de 36 semanas, trigêmeos, 32 semanas e quadrigêmeos, 28 semanas. Para aqueles que conseguem passar dessa média, fixamos um limite de 38 semanas para aqueles com duas placentas e 36 semanas para aqueles que compartilham placenta. Esses valores são compatíveis com 40 a 41 semanas de uma gestação única, podendo variar de acordo com o caso.

TODO BEBÊ GÊMEO PRECISA PASSAR PELA UTI NEONATAL?

Não! Só irão para UTI os gêmeos que apresentarem alguma justificativa para tal. Geralmente os prematuros, tanto por peso como por dificuldade respiratória, acabam indo para a UTI. Entre os que conseguem ultrapassar as 37 semanas (termo), esta chance é bem menor, e geralmente podem ficar no quarto com a mãe.

(Foto: Reprodução)

Veja também: As principais diferenças entre parto normal e parto humanizado

E mais: Quero ser mãe, mas não consigo. E agora?

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