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Pais em Ação: disciplina não é castigo

Na coluna do Pais em Ação dessa semana, Dani Nogueira traz um debate muito importante: o que é disciplina? Como educar sem punir ou castigar? Qual o efeito do medo no comportamento das crianças? Confira a opinião da nossa colunista sobre o tema:

Foto: Keira Burton

Medo não educa

Através do tempo e da cultura fomos ensinados e acostumados a usar o medo como ferramenta de disciplina: “deixa só seu pai chegar em casa”, “vou te dar uma razão pra chorar”, “vou largar você estatelado aqui no chão do supermercado”, “vou contar até 3” e por aí vai. Um problema com este tipo de educação é que o medo nos leva a agir com a área de luta ou fuga do cérebro, a parte mais primitiva e de sobrevivência. Este lugar nos deixa inconscientes de nossas ações.

Para ter autocontrole a criança depende do desenvolvimento e do funcionamento sadio do córtex pré-frontal frontal. E passar medo não ajuda em nada nesta equação. Sim, você pode até achar bobinho dizer que vai largar o filho no chão do shopping, mas a criança não sabe se isso é pra valer ou não!

Alguns pais podem se perguntar o que a “birra” do filho no supermercado tem a ver com palavras como córtex, cérebro, sobrevivência, luta ou fuga? Tudo. Por favor se acostumem com estes termos, leiam (de boas fontes) saibam que período do desenvolvimento o filho está e entrem em contato com este assunto pois assim vocês estarão mais bem equipados para fazer um bom trabalho educando.

Afinal, educar é um TRABALHO. Algo que exige tempo e dedicação. Ter a cooperação da criança é sempre melhor do que coagi-la. O foco dos pais é um fator decisivo no desenvolvimento dos filhos e no resultado diário na relação com eles: ao invés de como eu FAÇO o meu filho me obedecer, se perguntar como eu AJUDO meu filho a fazer boas escolhas e ser bem sucedido? Afinal, mais do que só nos obedecer, queremos desenvolver habilidades nos nossos filhos!

Disciplina é o que a gente faz enquanto espera que a criança amadureça

Quando falamos de disciplina e criança é importante lembrar que disciplinar é DIFERENTE de punir e que limite é diferente de castigo. Disciplinar quer dizer ensinar – e quem recebe essa disciplina é um pequeno aprendiz e não um danadinho.

Esse é um dos grandes passos para uma disciplina consistente e eficaz: lembrar que a criança ainda está aprendendo como deve se comportar. Pais e educadores têm o privilégio e a responsabilidade de ensinar as crianças a fazerem boas escolhas que os ajudarão a tornarem-se seres humanos mais amáveis e respeitosos – e como o mundo de hoje precisa disso!

Momentos que exigem de nós o maior esforço para disciplinar são também os momentos de maior oportunidade de aprendizado profundo. A disciplina é tão essencial quanto dar carinho e todos os cuidados que uma criança precisa. Isto inclui limites claros e constantes. Sim, iremos repetir mil vezes as mesmas coisas, essa é uma das razões pela qual educar cansa!

Um filho obediente depende de uma relação respeitosa e amorosa entre o adulto e a criança, pois não é possível liderar por muito tempo uma criança cujo coração você não ganhou. Isso se chama apego/attachment e inclusive previne a criança de obedecer a qualquer um.

Disciplinar (ensinar) NUNCA deve incluir ameaças, humilhação, causar dor física, medo ou fazer com que os pequenos sintam que estamos contra eles, isso só nos prejudica a longo e curto prazo. Disciplina (ensinar) deve fazer com que todos os envolvidos neste processo se sintam amados e seguros, mesmo diante de seus erros.

Aliás, queremos ensiná-los através dos erros e não castigá-los por terem errado de novo e de novo. Castigar a criança é aplicar uma punição por ela ter errado/se comportado mal. Disciplinar é o ato de tornar a criança responsável pelos seus próprios erros sem ter de adicionar sofrimento pelo que ocorreu. Sem distraí-la só pensando em seu castigo.

Pesquisas mostram que a curto prazo usar castigo ou punição podem funcionar, mas a longo prazo trazem resultados negativos. Já a disciplina funciona de maneira igual ou melhor e não apresenta nenhum resultado negativo a longo prazo, pelo contrário, os resultados se tornam cada vez mais positivos.

É possível disciplinar (ensinar) sem violência e punição. Dá para ser feito com respeito e a maturidade dos pais é a resposta para o comportamento imaturo dos filhos. Somos nós que temos que impor a ordem na casa, mantê-los seguros e orientar quando a impulsividade, o egocentrismo e a falta de consideração se apoderou dos nossos pequenos via imaturidade.

Não saia acreditando que sua criança não tem jeito ou que talvez não vá ser grandes coisas quando for adulto. Apenas se lembre de que amadurecer leva tempo – e, até lá, vocês dois precisam de vínculo, orientação e disciplina com respeito.

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.
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Quais são os primeiros exames do bebê?

Os primeiros exames do bebê começam assim que ele nasce. São tantos nos primeiros dias que os pais podem ficar confusos – ou com medo de deixar algum passar. Por isso, a nossa colunista, Dra Gabriela Ochoa (CRM 162.456), explica aqui quais são os procedimentos necessários nos primeiros dias, onde esses exames são feitos e mais. Confira:

Foto: Büşranur Aydın no Pexels

Quais são os primeiros exames do bebê?

Os primeiros exames do bebê são realizados ainda na maternidade para garantir que o bebê está saudável e apto para ir para casa. Eles são obrigatórios e feitos gratuitamente! Veja quais são esses exames:

Teste do pézinho

Existem três tipos de teste do pézinho:

  • Básico: avalia 6 doenças;
  • Ampliado: avalia 10 doenças;
  • Expandido: avalia 54 doenças.

Os dois primeiros são oferecidos sem custos nas maternidades, mas o expandido deve ser pago à parte caso os pais o queiram.

Teste da orelhinha

O teste é feito para checar a saúde auditiva. Se for localizada alguma alteração, o bebê já pode começar a tratar o problema, que pode ser curado ou amenizado.

Teste da linguinha

Esse é o teste que checa se a criança tem qualquer problema do freio lingual (ou seja, se ela tem “língua presa”). Alterações no freio prejudicam a amamentação, alimentação e fala dos pequenos, por isso deve ser feito e repetido caso o bebê apresente dificuldades para mamar. De preferência, caso seja necessário, repita o exame com outro profissional qualificado.

Na nossa coluna sobre freio lingual e amamentação você pode entender mais sobre o tema e quais são os caminhos para manter o aleitamento materno.

Teste do coraçãozinho

Com um oxímetro, o profissional checa a oxigenação do sangue e os batimentos do bebê. Caso tenha qualquer alteração, o bebê é encaminhado para outros exames mais detalhados e, se necessário, já inicia tratamento.

Teste do olhinho

O exame do olhinho é feito para garantir a saúde ocular dos pequenos. Em caso de alterações, os bebês precisam fazer mais exames específicos para fechar o diagnóstico.

Teste sanguíneo

Ele é feito para checar o tipo sanguíneo do bebê. Esse teste é importante porque, caso haja incompatibilidade com o sangue da mãe, o risco dele desenvolver icterícia é maior.

Teste do quadril

O exame checa a saúde óssea dos pequenos.

Existe exames eletivos para bebês?

Todos os exames citados acima são obrigatórios. Depois, existem alguns testes eletivos que podem ser feitos caso os pais queiram – mas eles são pagos à parte! São eles:

  • Teste da bochechinha (ou DNA Bebê);
  • SCID e AGAMA.

O teste DNA Bebê não é recomendado atualmente como um exame de rotina para os pequenos. Já o SCID e AGAMA pode ser feito junto com o teste do pézinho e é focado em detectar imunodeficiência primária.

Esses exames podem ser repetidos?

Caso tenha alguma alteração nos testes obrigatórios ou a criança apresente algum sintoma posterior, o recomendado é que sejam feitos outros exames mais específicos para cada caso. No entanto, o teste da linguinha pode ser repetido, já que nem sempre o problema no freio é detectado no primeiro exame – e não existe outro exame que possa ser feito para diagnosticar a língua presa.

Até a próxima coluna,

Dra. Gabi Ochoa

Pós-graduada em Emergências Pediátricas pelo Hospital Albert Einsten; Nutrologia Pediátrica pela Boston University School of Medicine e Nutrição Materno Infantil pela FAPES; e consultora de amamentação e sono; a médica pediatra Gabriela Ochoa tira todas as dúvidas das mães sobre o bem estar dos bebês e das crianças na coluna “Saúde dos Pequenos”.

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Leia mais: A importância do vérnix par a recém-nascido

Veja também: Como evitar que o bebê fique com a cabecinha amassada?

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ColunasSaúde dos pequenos

Coluna Pais em Ação: creche, escola ou babá?

Uma das decisões que as famílias precisam tomar logo nos primeiros anos da criança é quem será responsável pelo cuidado dela enquanto os os pais trabalham. Há quem opte por deixar o filho com parentes, outros com babá e também há quem escolha a creche ou escolinha. Essa decisão não é simples e causa muitas dúvidas e desconfortos nos pais. Por isso, a Daniela Nogueira traz sua reflexão sobre o tema. Confira:

criança brincando com caminhão

Foto: Yan Krukov

Lembre-se: seu bebê não precisa de currículo

Em qualquer lugar do mundo pais e mães têm de trabalhar, precisam de tempo para si e necessitam de um local de acolhimento para seus bebês. Não podemos fugir da realidade: creches, pré-escolas e locais que acolhem os 3 primeiros anos são extremamente necessários na nossa sociedade. No entanto, não podemos esquecer que o cuidado das crianças é e sempre foi um business e, por isso, devemos nos atentar a alguns pontos.

Do que o bebê realmente precisa?

É preciso sensibilidade e conhecimento sobre o que um bebê realmente precisa para que, como sociedade, possamos começar a oferecer espaços mais respeitosos para os pequenos. A neurociência hoje comprova o que a pediatra Emmi Pikler já falava desde o período pós 2ª guerra: os três primeiros anos de vida são fundamentais na formação do indivíduo, seu cérebro, psiquismo e construção corporal.

De fato, o melhor lugar para um bebê estar durante o período de 0 a 3 é ao lado de sua família, mas isso nem sempre é possível. E se é preciso mandá-lo para a creche para conviver dentro de um grupo, o único “currículo” que ele vai precisar são os cuidados de sua professora. Ou seja: o currículo é o cuidado dela com o seu filho. Ao bebê deve ser oferecido a continuidade da segurança de sua casa através da relação construída aos poucos com sua educadora.

Estes cuidados – que muitos consideram um trabalho “subalterno”, como: a troca de fralda, banho, refeições, etc – literalmente ajudam a construir o cérebro do seu filho. Isso porque eles abrem e reforçam caminhos neurais. O olho no olho e as conversas durante os cuidados criam intimidade, por isso a importância de manter a mesma cuidadora do começo ao fim e o mesmo padrão de cuidado. Isso é ciência e não opinião.

Quando a educadora ocupou-se de tudo isso com o bebê, ela pode deixá-lo tranquilo (já que o ambiente foi pensado para ser seguro) para explorar o que ele quiser, principalmente o próprio corpo através da motricidade livre.

E do que o bebê não precisa?

Mas e o inglês? E o violão tocando alto junto das vozes dos adultos sentados em roda? E as “atividades”? Elas não são necessárias agora. Pense comigo: o bebê ainda não se conhece como um “EU” à parte de sua mãe, ele ainda não tem uma representação completa de si. Já repararam como bebês ficam juntos, mas não “brincam juntos”? É difícil viver o “nós” quando ele ainda não integrou o “eu” e isso é um processo longo que pode ultrapassar os 3 aninhos de vida.

Que vantagem há então em fazer um grupão de bebês cantar juntos? Ou “ensiná-los” a identificar objetos e símbolos como letras e números? A maturação precede a aprendizagem. Ignorar isso é colocar o carro na frente do boi. Não se enganem com repetições, o cérebro humano é uma máquina e algumas crianças darão conta dos currículos escolares, mas em hipótese alguma isto significa que o emocional dela caminha lado a lado com o conhecimento, muitas vezes vazio, desses conteúdos.

As crianças que estão em seu ritmo normal e parecem não dar conta do tal conteúdo correm o risco de serem rotuladas e terem sua autoestima prejudicada numa fase tão importante de autonomia versus vergonha e dúvida. Já notaram como aumentou a demanda por terapia, por psicomotricidade, entre outras especialidades quando a criança está mais velha? Lá vai ela para o consultório fazer atividades que deveria ter feito quando era pequena, mas estava ocupada com as tarefinhas precoces.

O começo da mudança está nas mãos dos pais ao entenderem que bebê e criança pequena precisam de liberdade para brincar, cuidados excelentes e ZERO currículo. Se insistem em oferecer cada vez mais maluquices para crianças cada vez menores é porque existe mercado pra isso: os próprios pais que de bom coração acreditam que estão oferecendo o melhor para os bebês. Porém, segundo a neurociência e os índices cada vez mais altos de ansiedade infantil vemos que isso não é verdade. Como disse Albert Einstein: insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.

Então, o que é melhor: deixar em casa com a babá ou por cedo na escolinha?

Logo de cara já quero dizer que eu não tenho as respostas! Cada família tem uma necessidade, uma prioridade e, por quê não, uma angústia. Meu trabalho é ajudar nas reflexões e nas informações, seria muita pretensão dizer o que cada pai deve fazer. Vou citar exemplos do que tenho ouvido ao longo dos anos:

  • “Prefiro deixar na escola do que casa com babá sem fazer nada”;
  • “Sabe como é, pelo menos na escola está aprendendo alguma coisa e interagindo com outros”;
  • “Mas o bebê não vai enjoar de brincar com as mesmas coisas em casa e ir na mesma pracinha/play todos dias?”;
  • “Socializar é muito importante não dá para fazer isso fora da creche pois ele não tem primos”;
  • “Não sei mais o que inventar para entreter meu bebê, pelo menos na escola tem novidades o tempo todo”;
  • “Melhor na creche do que com babá vendo TV”, dentre outras.

Quero responder cada uma dessas preocupações, mas para isso é preciso conhecer e entender uma pessoa: O BEBÊ! O bebê não é uma versão minúscula de um adulto, portanto a lógica e a agenda adulta não se encaixam em nada aqui. Um nenê e um toddler estão descobrindo (do verbo: isso é um processo que levará anos) o mundo e não há NADA de entediante nisso!

Seu filho está descobrindo o mundo: aos poucos!

Como disse Alison Gopnik, em um TEDtalk, ser um bebê é como estar apaixonado, em Paris pela primeira vez, logo após ter tomado três expressos duplos! Pensem nisso e jamais se preocuparão se a criança pequena está entediada! Cada despertar de manhã é uma nova chance de continuar a entender a vida, a casa, os objetos, as pessoas, etc. Cada dia ela elabora e adiciona um punhado de informações e conhecimento que vai adquirindo.

Alison completa dizendo que é por isso que, às vezes, fica-se acordado e chorando às 3 da manhã – é muita informação, muita novidade! Então se acalmem, até os 3 anos o mundo pode ser apresentado em pequenas doses.

Daí, podemos ampliar nossa reflexão falando sobre a importância da rotina. Se um nenê já é fascinado com tudo o que aparece, imaginem se a cada dia aparecem mais e mais coisas? Mais novidades, mais brinquedos, mais cores primárias, mais massinha, mais giz de cera, mais músicas… Que cansativo! Não vou nem mencionar neste texto o mal que faz a TV e todos os outros tipos de tela nessa fase. Como o seu bebê vai processar tanta informação se seu cérebro ainda não está nem perto de estar todo formado e este órgão já tem o seu trabalho natural a fazer?

É através da rotina e do ambiente tranquilo e emocionalmente acolhedor que um bebê vai dar seus primeiros passos rumo à criatividade. Só vivendo a “mesmice” ele verdadeiramente dará conta da novidade. O novo só vem a partir do que já é conhecido e para um bebê isso leva TEMPO. São os adultos que se enjoam de fazer sempre a mesma coisa!

Quem ai nunca ouviu o filho repetir mil vezes a mesma história? E quanto aos brinquedos, eles não estão aqui para estimular (mais ainda? lembrem dos 3 expressos duplos hein!) seu filho, mas sim para matar a curiosidade dele. O nenê já nasce curioso e minha sugestão é: observe o interesse do seu bebê, pois não será o mesmo de um adulto.

Mas ele não aprende mais na escolinha?

Sobre a estar “aprendendo” ou “fazendo” algo, coisa que tanto escuto…nós vivemos em tempos que estar ocupado é sinal de status e estamos enfiando isso goela abaixo dos nenês e toddlers. Um bebê olhando fixamente para sua própria mão está “fazendo” um trabalho enorme! Um toddler enchendo e esvaziando uma bacia de legos está trabalhando! A motricidade livre é que permite ao bebê um desenvolvimento intelectual normal.

Agnes Szanto explicitou isso muito bem no simpósio internacional sobre a 1ª infância em SP. Um pequeno que fala ‘oi’ para o porteiro, para a cozinheira, para os conhecidos da roda íntima de seus pais já está socializando, outra grande preocupação dos pais. Quem já observou um grupo de vários bebês juntos sabe que eles podem até se ver e se tocar ou rir um para o outro, mas socializar como os pais imaginam ainda não acontece.

Primeiro, seu filho precisa descobrir a si mesmo para depois descobrir os outros – o bebê nasce na maior simbiose com a mãe e é com tempo e vivência que ele descobre que os dois não são um só. Imagina então lidar com mais 10 outros indivíduos? Há tempo para tudo!

O que realmente importa na hora de tomar essa decisão?

Seja em casa ou na creche o que importa é:

  • Quem vai cuidar do seu bebê;
  • Se ele terá tempo livre;
  • Se ele poderá ter sua motricidade livre (alô inteligência);
  • Se o ambiente é tranquilo e não cheio de tranqueiras, excesso de brinquedos ou cores.

Quem prefere tudo colorido são os adultos – ou só alguns deles, pois não acredito que iriam gostar de trabalhar num escritório lotado de cores primárias. Não é para ser sem cor, mas não precisar estar em todos os lugares, móveis e objetos – afinal, cor é estímulo visual. O ruim são os extremos. O que importa é se o bebê será respeitado como indivíduo, com suas singularidades e gostos, se as refeições serão dadas de forma calma (sem forçar e sem dizer “parabéns comeu tudo” ou “só mais uma colher vai”), se a troca de roupa e fralda será respeitosa.

Se ele não vai ser obrigado a “fazer” coisas, como: pinturas, sentar na roda, etc. De novo, queridos pais, não caiam nos extremos: não há nada errado com estas atividades, mas tudo tem seu tempo. Há coisas mais importantes para um bebê “fazer” e o segredo está no interesse dele, na brincadeira livre, no currículo ZERO e nos cuidados primordiais, sejam eles na creche, na escolinha ou em casa. Procurem por este lugar, demandem este nível de child care, com cuidadores treinados para olhar o bebê como ele é e então, deixem que ele faça seu próprio trabalho!

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.
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Conheça os diferentes tipos de parto normal

Como já comentamos por aqui, uma boa assistência pré-natal é fundamental para uma gestação mais tranquila, e também para tirar todas as dúvidas do casal antes do nascimento do bebê. Entre tantos questionamentos, um dos mais importantes é entender quais são as possíveis vias de parto. Hoje, na coluna Gestar, vamos falar sobre os diferentes tipos de parto normal.

Parto normal

Decidir a maneira que o bebê virá ao mundo é uma escolha importante, e nem sempre vai depender apenas do desejo da mãe. Uma frase comum entre a maioria dos obstetras é: “quando tudo caminha bem, o parto ideal ou mais adequado é o que a mulher/casal escolher, por se sentir mais confortável”. Porém, em caso de complicações ou imprevistos, a opção correta é a que for mais segura para mãe e bebê. Conheça todos os tipos de parto normal, e os prós e contras de cada um deles:

PARTO NORMAL/VAGINAL 

O parto normal é aquele em que o bebê nasce via vaginal e que não necessita de intervenção cirúrgica. Este parto traz inúmeros benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a mãe, podemos destacar as seguintes vantagens:

  • Melhor recuperação em menor tempo;
  • Menor sangramento;
  • Menor risco de infeções e histerectomia (retirada do útero);
  • Facilita o contato pele a pele com o bebê e a amamentação.

Pensando no bebê, inúmeras são as vantagens, mas podemos destacar:

  • Melhor adaptação ao meio externo;
  • Os pulmões sofrem uma compressão no canal do parto que elimina líquido de dentro dos pulmões;
  • Adaptação do sistema imunológico pelo contato com germes/bactérias no canal vaginal.

No entanto, complicações também podem acontecer, como: lacerações (cortes) na vagina e na vulva; maior risco de traumatismo do bebê (tocotraumatismos); risco aumentado de incontinência urinária no futuro e dores locais.

Apesar da via do parto normal ser sempre a vagina, existem diversos tipos de assistência que podem ser oferecidas. É importante escolher com atenção o método que mais combina com as necessidades e desejos de cada família. Veja mais sobre cada um deles:

PARTO NORMAL NATURAL

É o parto normal que transcorre espontaneamente e sem intervenções médicas. Ou seja, não se faz a episiotomia (corte no períneo para facilitar o desprendimento ou a saída do bebê), não se utiliza o fórceps e não há utilização de medicações, como anestésicos e ocitocina (hormônio sintético para coordenar e estimular as contrações). São usados apenas métodos não farmacológicos para alívio da dor, como: massagens, compressas mornas, respiração adequada e muita atenção e carinho ao ficar do lado da paciente.

PARTO NORMAL HUMANIZADO 

A principio, todo parto deveria ser humanizado, seja vaginal ou cesárea. No entanto, ele ainda não é regra. No parto humanizado, o desejo da mãe juntamente com seu plano de parto são seguidos com muito respeito e profissionalismo. Aqui, tudo tudo é feito para deixar a parturiente bem e confortável.

Ações que podem ser feitas em um parto humanizado: anestesia, foto e cromoterapia, playlist escolhida pelo casal, manter luzes confortáveis, banhos terapêuticos, andar e se movimentar livremente, alimentação à vontade e até medidas cirúrgicas, desde que com a ciência da mãe/casal. Outro ponto é que no parto humanizado a missão é dar a melhor recepção possível ao bebê. Por isso, algumas dinâmicas são seguidas: o cordão umbilical só é cortado após parar de pulsar, o bebê vai direto para os braços da mãe e passa (no mínimo) uma hora em contato direto com a pele dela, a amamentação é incentivada, dentre outras.

Importante lembrar que é fundamental uma equipe que siga os princípios da humanização. Falamos mais sobre este tema no post sobre plano de parto, neste link!

PARTO NORMAL INSTRUMENTALIZADO 

Parto que acontece com a ajuda de instrumentos cirúrgicos, como fórcipes.  O intuito é de abreviar o período de expulsão (quando o bebê está, de fato, saindo), ajudando o bebê a passar pelo canal vaginal através de uma tração. O uso de instrumentos não é a primeira opção da equipe médica – vale lembrar aqui a obrigatoriedade da realização prévia de anestesia e episiotomia (corte no períneo que pode ajudar na saída do bebê).

POSIÇÕES

Diferente do que é retratado em filmes e novelas, a mulher pode ter um parto normal em diversas posições. O ideal é que ela escolha a posição mais confortável e que se sinta mais segura. Algumas posições possíveis são:

  • Decúbito lateral direito ou esquerdo: de lado com as pernas flexionadas;
  • Posição de litotomia: deitada com a barriga pra cima e as pernas apoiadas nas perneiras. É a menos favorável ao nascimento, apesar de ser a mais comum no dia a dia, por um costume hospitalar. Essa posição não é obrigatória!
  • Cócoras: agachada, facilitando a abertura da bacia, pélvis e a descida do bebê pela própria gravidade. Porém é uma posição que pode cansar a mãe se o expulsivo (momento da saída do bebê) for mais longo;
  • Sentada nas banquetas: as banquetas de parto possuem uma abertura central por onde o bebê irá passar;
  • De quatro apoios: com os joelhos e as mãos apoiadas na cama ou chão;
  • De pé: facilitado também pela gravidade e com mais liberdade para a parturiente, no entanto bem menos comum.

TIPOS DE AMBIENTE PARA REALIZAR O PARTO 

Existem várias opções de locais para parto normal. Temos os partos hospitalares, domiciliares, casas de parto e na água (banheiras em geral), que traz mais conforto para mãe, além de propiciar uma transição mais natural e parecida com o meio intrauterino para o bebê, entre outros.

No entanto, vale lembrar que essas opções deverão ser discutidas e individualizadas junto a equipe assistencial da paciente. O melhor tipo de parto depende de múltiplos fatores e existem, como posições que facilitam o nascimento e podem inclusive definir o sucesso da via de parto.

Até a próxima coluna,

Dr. Jorge Farah Neto

Ginecologista e obstetra, o Dr. Jorge Elias Farah (CRM 126.525 | RQE 59579 | TEGO 184/2011), da Clínica Ginevra, aborda na coluna GESTAR os mitos e verdades da gestação e do parto, e responde as principais dúvidas das mães.
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Pais em Ação | Meu filho não sabe compartilhar, e agora?

O conflito entre crianças é inevitável, principalmente quando envolve a disputa de brinquedos e outros itens. Nesses momentos, muitos pais não sabem como reagir quando o filho não sabe compartilhar ou não aceita que o outro não vai compartilhar. Para ajudar a entender esses conflitos e o papel dos pais nesse processo, Daniela Nogueira trouxe sua visão sobre essas situações. Confira:

Foto: Cotonbro

Compartilhar não é fácil, para adultos e crianças

O tópico de hoje é sobre dividir, mas poderia ser sobre exigir da criança maturidade que ela ainda não atingiu ou mesmo, pedir à criança uma coisa que nem você faz com todo mundo, que dirá com estranhos na pracinha. No dicionário, emprestar significa confiar ou ceder temporariamente algo a alguém, esperando respectiva restituição. Porém, para a criança pequena emprestar quer dizer dar. E dar não apenas o brinquedo, mas também sua vontade de brincar com ele.

Ao educar temos que lembrar que o foco do nosso trabalho não é ser juiz de brinquedos e brincadeiras, mas ajudar a desenvolver pessoas autênticas, autônomas e confiantes. Para que o emprestar aconteça de forma autêntica a criança precisa ter desenvolvido empatia, que é a habilidade de se identificar emocionalmente com outra pessoa. Seu filho precisa assimilar a vontade da outra criança de brincar com o que é dele. Viver esta experiência ele mesmo e reconhecer-se nesta mesma posição, a ponto de querer ceder o brinquedo, é um aprendizado interno. É difícil até para adultos serem empáticos, imaginem os pequenos!

Empatia se desenvolve no relacionamento entre pessoas, a começar com os cuidadores: pais, babás, professores, até estender-se aos colegas e estranhos da pracinha. Por isso a importância de deixar que estes conflitos aconteçam e se desenrolem na presença de um adulto “mediador” atento e paciente.

Para aprender a dividir o que é seu, primeiro a criança precisa ter vivido momentos de possuir um objeto, de ser o dono dele e de ter permanecido com ele em seu poder até que estivesse pronto para liberá-lo. É um processo um tanto complexo, que não acontece com três idas ao parque e um adulto interferindo a cada brinquedo que foi disputado.

A maioria das crianças não está pronta para dividir seus pertences antes dos 3 anos e ainda assim pode ser bem difícil depois dessa idade. Confie que que filho irá aprender e que a cada interação no tanque de areia ou na sua casa serve como suporte dessa aprendizagem. Como degraus que precisam ser escalados rumo ao alvo que está mais acima; não tire do seu filho essa escalada com medo de que ele vire um ‘egoísta’. Isto não é egoísmo, é desenvolvimento!

Foto: Cottonbro

Então, qual o papel dos pais?

Em primeiro lugar observe e espere! Muitas vezes as crianças resolverão o conflito sozinhas. Vão disputar até que um permaneça com o objeto ou até que o outro desista, por exemplo. Essa disputa é normal e sem ela não haverá aprendizado.

Pode ser que uma das partes se interesse por outra coisa ou pode acontecer da situação escalonar e você precisará chegar perto. Evite comentários que julguem. Evite mais ainda arrancar o brinquedo da mão de um e colocar na do outro! Afinal, estamos querendo que eles aprendam a não fazer o mesmo.

Para isto você pode se utilizar da técnica de narrar a situação: “Vocês 2 querem o mesmo balde vermelho”; “Pedro está puxando e você não quer soltar.”; “Os 2 estão chateados.”; “vou ficar aqui perto caso precisem de mim”. E se a situação ficar bem tensa a ponto de um bater ou empurrar, coloque sua mão (com firmeza, mas de forma pacífica) bem no meio das crianças para que sua mão impeça uma mordida ou empurrão. Narre esta parte também: “Vou colocar minha mão aqui no meio. Não vou deixar você bater no Pedro.”

Narrar de forma objetiva e sem julgamentos oferece maior esclarecimento da situação, ensina linguagem e inteligência emocional sem que a gente tome partido entre as crianças. Alguns casos merecem atenção e cuidados especiais. Como em casos recorrentes de um querer sempre o brinquedo do outro: “João está com o balde agora. Vou por minha mão aqui e não vou deixar você puxar. Quando ele terminar de usar o balde você poderá pegar. Eu te ajudo a esperar.”.

Ou quando uma criança está no meio de um projeto e seu trabalho ou brincadeira precisa ser protegido. “Vou colocar minha mão aqui perto. Não vou deixar você derrubar a torre que o Lucas está montando”. Reparem nas frases curtas e objetivas! Apenas narre e impeça com sua mão.

Uma dica de ouro é sempre começar com o mínimo de ajuda necessária, às vezes, só a sua presença já transmite confiança para que as crianças se sintam seguras para se resolverem a disputa sozinhas. Não é de primeira que a gente acerta este tipo de intervenção, então, mantenha o bom ânimo e mesmo que você erre e interrompa antes da hora, ou use sua mão com rispidez para impedir alguém de morder ou empurrar, tente de novo!

Cada interação destas você se torna mais sábia e as crianças também. Se interrompemos o tempo todo para resolver o conflito, tiramos essa oportunidade das crianças. Muitos adultos ficam extremamente ansiosos diante uma disputa de brinquedo, mas é importante dar espaço, ajuda e respeito. Quando se trata de dividir e emprestar, estamos numa corrida longa como uma maratona e não nos 50 metros rasos. Acredite que cada passo é importante na construção da empatia e da socialização.

Foto: Cottonbro

E quando meu filho só quer o brinquedo do outro?

Já pararam para pensar no motivo de um brinquedo na mão de um bebê ser mais interessante do que o que está na estante? É porque o brinquedo se mexe! Está “vivo” na mão do outro e, portanto, mais atrativo! Por essa razão algumas crianças parecem fascinadas pelo que está na mão do outro, não porque são implicantes…

O que fazer nesses casos então? O mesmo das situações anteriores: aguarde e observe! Se as crianças estiverem disputando sem se machucar, deixe que vivam esta experiência de conflito, é com a prática que irão aprender como lidar com outro ser humano. Fique junto, pois não se intrometer em tudo na vida dos pequenos não significa deixá-los sozinhos na situação. Sua presença é essencial. Narre objetivamente o que você vê (como citei anteriormente), isso os tranquiliza de que você entende o que elas estão passando.

E se o conflito continuar?

Se depois destes dois primeiros passos (aguardar/observar e narrar) ainda estiverem disputando e a situação ficar mais difícil, você pode olhar em volta e perguntar se um outro objeto interessa a um dos envolvidos. Pode, inclusive, brincar com o objeto – já que isso o torna mais atrativo.

Eu encorajo vocês a só partirem para esse passo depois de permitirem aos filhos a vivência do conflito, pois não se pode fugir dele durante a vida e aprender ao lado de um adulto paciente e atento é muito melhor. Segundo a abordagem de respeito e autonomia que sigo, o adulto deve sempre começar com o mínimo de ajuda possível, justamente para dar espaço à criança. Se toda vez a gente for lá e resolver a “briga” por eles, ou aprenderão a depender de nós/de outro para resolução de problemas ou uma das partes se sentirá injustiçada.

Nossa meta é dar oportunidades para eles aprenderem sem que se machuquem, lembrem do recurso de colocar a mão (suave) na frente de alguma agressão! Caso uma resolução não seja possível e a situação está insustentável, você pode decidir facilitar a paz gentilmente guardando o brinquedo, lembrando que elas terão a chance de brincar com o objeto mais tarde. E lembre-se: é impossível manter o filho feliz o tempo todo e não é esse nosso papel.

Até a próxima coluna,

Daniela Nogueira.

Daniela Nogueira é psicóloga de formação e educadora de coração. Aprofundou seus estudos sobre a primeira infância na abordagem Pikler pela Associação Pikler-Lóczy França (APL) em Paris e nos fundamentos do RIE, em Los Angeles, EUA. Idealizadora do Pais em Ação, projeto que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado, domiciliar ou online, com um olhar de profundo respeito pela criança e sua infância. Daniela está envolvida no universo infantil há mais de 18 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições para crianças desabrigadas de suas famílias e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aconselhamento parental, ministra palestras e workshops ao vivo e online para escolas, empresas e grupos maternos. É mãe orgulhosa de casal de gêmeos de 5 anos.
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